sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

LIÇÕES DE UM PSICOPATA

LIÇÕES DE UM PSICOPATA
EM MEIO AO SOM ENERVANTE, que preenchia todo o ambiente, dois amigos discutem sobre um assunto instigante, ocorrido a alguns dias atrás: sobre o possível estupro de uma de suas amigas, feito por um deles.
— Então, você a comeu? — disse Francisco.
— Sim, levei-a para casa, bêbada. Ela ao mandar os braços sobre os meus ombros, quando a pus na cama, parecia que queria! Então tirei-lhe as roupas e a penetrei — respondeu Alexandre.

Na mesa, bem ao fundo da boate, podia-se ver a figura tímida de Alexandre, jovem estudante de passado irrepreensível, com uma personalidade e afinco aos estudos de fazer inveja a qualquer mãe, tendo à sua frente a figura pomposa, e com não menos afinco aos estudos, porém com um passado e personalidade não tão irrepreensível assim de Francisco. Dir-se-ia mesmo, os mais íntimos, que Francisco possuía uma personalidade estranha, que parecia saber, e antecipar, os pensamentos de todos aqueles que contornavam sua vida. Ele estava sempre a observar suas fraquezas, suas indecisões e falhas.

— E ela, ao acordar, percebeu?
— Sim, claro, pois percebeu que estava sem roupa ao meu lado.
— Ela então reclamou?
— Sim, chamou-me de estuprador, um dia, quando estava bêbada comigo na rua.
— Um dia quando estava bêbada na rua!? — repetiu Francisco, admirado.
— Sim.
— Tudo bem, tudo bem. Por que então não botaste as roupas de volta no lugar, no corpo dela?
— Não sei. Parece-me que no fundo eu queria que ela soubesse disso.
— Cara, que mancada! Você tinha pelo menos posto as roupas de volta, vestido-a. Ou tinha dito a ela que ela tinha se oferecido... Caramba, então você comeu a Cris! Ela sempre foi bastante desejada!
— É. E o estranho é que após a primeira vez, houve outras.
— Pera lá... Quer dizer que após tu comer ela pela primeira vez, sem ela permitir, houve outras vezes ainda?
— Sim, continuamos a sair juntos. E todas as vezes que ela ia pra casa, bêbada, eu a comia.
— E ela sempre sabia disso?
— Sim, pois sempre acordava nua.
— Que doidera, cara!
— E então, foi estupro?
— Não, isso não pode ser considerado estupro, Alexandre. Parece que havia entre vocês um acordo, já que ela estava sempre de volta, mesmo sabendo o que havia ocorrido antes, e podendo prever o que aconteceria depois. Ela trocava segurança e conforto com você, por sexo inconsciente no final da noite.
Nesse momento, Francisco se aproxima, e lhe diz:
— Todos nós temos um ponto fraco, Alexandre. E tudo aquilo em que demonstramos excessivo interesse, torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser dominados. Assim, basta apenas descobrir a grande vontade de alguém para dominá-lo; e a Cris sabia de seu ponto fraco: que você a desejava... Queres um exemplo? Tá vendo aquelas duas garotas alí, afrente?
— Sim.
— Que tal você chegar com elas, e convidá-las para dançar.
— Não, isso não dará certo — disse Alexandre timidamente —, elas me mandarão embora.
— Vá, pelo menos tente, vamos!
Alexandre se aproxima das moças; troca algumas palavras e volta imediatamente.
— Eu não disse? Sabia que não iria dar certo.
— Calma, você não tentou todos os trunfos ainda — disse Francisco; em seguida, indo em direção à elas.
Francisco fica a conversar por alguns minutos com elas; voltando, em seguida, para o lado do amigo.
— E aí? — perguntou Alexandre.
— Verás...
Minutos depois, as duas moças se aproximam de Alexandre, perguntando por seu nome:
— Você que é o Alexandre?
— Sim.
— Gostaríamos muito de lhe conhecer.
Após vários minutos de conversa e alguns beijos, Alexandre pergunta ao amigo:
— Cara, como conseguiste?!
— Lembre-se — disse Francisco —, todos nós temos um ponto fraco! E tudo aquilo em que demonstramos excessivo interesse, torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser dominados. Então, disse a elas apenas o que elas queriam ouvir: que são lindas e que você é um fotógrafo em busca de novas modelos.


FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA, o "Maníaco do Parque", torturou, estuprou, matou, várias mulheres.  “Após ser capturado pela polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como alguém feio, pobre, sem muita instrução, não portando revólver ou faca, conseguiu convencer nove mulheres, algumas até de classe média-alta e nível universitário, a subir na garupa de uma moto e ir para o meio do mato com um homem que tinham acabado de conhecer. O criminoso explicou: Bastava falar aquilo que elas queriam ouvir”.

“Francisco cobria todas de elogios, se identificava como um fotógrafo de moda de uma revista importante procurando novos talentos, oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade única, assim, as conquistava.” Após ser preso, Francisco recebeu inúmeros convites de casamento.

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