terça-feira, 11 de junho de 2013

OPINIÕES DE UM ESTRANGEIRO BRASILEIRO SOBRE O BRASIL (de Bosco Silva)



Sempre é interessante ler opiniões de estrangeiros sobre nosso país: é ao mesmo tempo divertido e esclarecedor sobre nós mesmos, sobre costumes nosso que nos passariam despercebidos sem as opiniões deles.
E quem já não se sentiu um pouco estrangeiro em nosso próprio país? Pois não gostar de certos gostos populares no Brasil, como futebol, samba, telenovelas, sertanejo, é sentir-se de certa forma um pouco estrangeiro em sua própria terra.
Um de nossos hábitos que mais me desagrada, por exemplo, e que me faz sentir-me como um estrangeiro, além do hábito bastante popular de jogar lixo nas ruas, é certamente o de dar mais atenção a coisas fúteis, como os comentários sobre futebol, do que a coisas relevantes, como os problemas de educação e de saúde pública. Quem dera se toda atenção desferida ao futebol fosse direcionada para estes problemas fundamentais!
Abaixo, os comentários* pitorescos de Olivier Teboul, um francês residente no Brasil sobre nosso país:
 “Aqui no Brasil, o ano começa ‘depois do Carnaval’”.
“Aqui no Brasil todo é gay (ou ‘viado’). Beber chá: e gay. Pedir um coca zero: é gay. Jogar vólei: é gay. Beber vinho: é gay. Não gostar de futebol: é gay. Ser francês: é gay, ser gaúcho: gay, ser mineiro: gay. Prestar atenção em como se vestir: é gay. Não falar que algo e gay : também é gay”.
“Aqui no Brasil, os casais sentam um do lado do outro nos bares e restaurantes como se eles estivessem dentro de um carro”.
“Aqui no Brasil, e comum de conhecer alguem, bater um papo, falar “a gente se vê, vamos combinar, ta?”, e nem trocar telefone”.
“Aqui no Brasil, a palavra ‘aparecer’ em geral significa, ‘não aparecer’. Exemplo: ‘Vou aparecer mais tarde’ significa na pratica ‘não vou não’”.
“Aqui no Brasil, futebol é quase religião e cada time uma capela”.
“Aqui no Brasil, não se assuste se estiver convidado para uma festa de aniversário de dois anos de uma criança. Vai ter mais adultos do que crianças, e mais cerveja do que suco de laranja. Também não se assuste se parece mais com a coroação de um imperador romano do que como o aniversário de dois anos. E ‘normal’”.
“Aqui no Brasil, cada vez que ouço a palavra ‘Blitz’, tenho a impressão que a Alemanha vai invadir de novo. Reminiscência da consciência coletiva francesa...”.
“Aqui no Brasil, se acha tudo tipo de nomes, e muitos nomes americanos abrasileirados: Gilson, Rickson, Denilson, Maicon, etc.”.
“Aqui no Brasil, relacionamentos são codificados e cada etapa tem um rótulo: peguete, ficante, namorada, noiva, esposa, (ex-mulher...). Amor com rótulos”.
“Aqui no Brasil, a comida é: arroz, feijão e mais alguma coisa”.
“Aqui no Brasil, parece que a profissão onde as pessoas são mais felizes é coletor de lixo. Eles estão sempre empolgados, correndo atrás do caminhão como se fosse um trilho do carnaval. Eles também são atletas. Tens a energia de correr, jogar as sacolas, gritar, e ainda falar com as mulheres passando na rua”.
“Aqui no Brasil, quando encontrar com uma pessoa, se fala: ‘Beleza?’ e a resposta pode ser ‘Jóia’. Traduzindo numa outra língua, parece que faz pouco sentido, ou parece um dialogo entre o Dalai-Lama e um discípulo dele. Por exemplo em inglês: ‘The beauty? - The joy’. Como se fosse um duelo filosófico de conceitos abstratos”.

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