quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

SADISMO E MMA





A impressionante foto acima não é fotoshop, trata-se do momento exato em que o lutador Anderson Silva fratura os ossos da perna ao desferir um chute em seu oponente Chris Weidman. A cena foi vista por centenas de milhares de telespectadores ao redor do mundo. E mais uma vez, motivados por ela, muitas pessoas questionam se isto é esporte ou apenas violência gratuita.

O deputado José Mentor é autor de um projeto que proíbe 
a exibição delutas não olímpicas na TV aberta e paga. 
Sua postura nega o poder de escolha do público.  
Bem, deixo esta questão para que outros decidam, embora continuo chamando-o de esporte; o que pretendo aqui é explorar outro aspecto das lutas de vale-tudo, como eram denominadas antes:
AS LUTAS DE MMA DEVEM SER PROIBIDAS?
Antes: quanto a terrível cena de uma perna quebrada, sei que muitos irão dizer que tal alarme é um exagero já que fraturas são relativamente comuns em outros esportes, como o futebol, e que as lutas de MMA são sempre feitas por pessoas preparadas para isso.
MAS CABE TAL COMPARAÇÃO?
Mirandinha com a perna quebrada
Pode-se dizer que uma das grandes diferenças entre o futebol e o MMA está no modo como o público destes esportes reagem ao grau de violência praticado em cada esporte: enquanto no futebol o público espera, de preferência, a vitória de seu time com uma grande goleada, e se um jogador desleal quebra a perna de outro atleta com um “carrinho”, é exigido que este seja castigado com a expulsão; já no MMA tal fato tem como consequência a vitória e o elogio do público por um golpe bem dado; há também a exigência que, de preferência, a contenda termine não apenas com a derrota do oponente, mas que esta seja por meio do desmaio fulminante do oponente por meio de socos, chutes, estrangulamento ou mesmo de uma perna quebrada. Em suma, ao contrário do futebol, a violência faz parte do próprio espetáculo do MMA.

A BELA RONDA ROUSEY
Uma boa definição de MMA foi dada pela lutadora Ronda Rousey, que derrotou sua oponente Meisha Tate no mesmo evento em que Anderson se deu mal: “Você está sempre lutando por sua vida a cada vez que entra no octógono. É uma situação estressante. Você não está num cubículo de uma firma. A pior coisa que pode lhe acontecer não é alguém trazer o café latte errado ou ser demitido. É que você pode realmente se machucar. E não apenas isso: seu orgulho pode ser irremediavelmente ferido”.


Ronda causando um pouco de dor em Meisha Tate 
Não se pode negar que há um grande grau de sadismo em tais eventos, motivo que creio ser a chave do sucesso deste esporte, e que tem motivado eventos antigos como os espetáculos de sangue do coliseu romano, em que famílias iam para assistir gladiadores se enfrentarem, em que a derrota era a morte.



MAS DEVE-SE PROIBIR TAIS ESPORTES POR SUA VIOLÊNCIA?
Penso que não, e vou além, creio que são até necessários, explico o porquê:
As lutas de MMA, assim como eventos violentos da antiguidade, são como válvulas de escape do sadismo inerente ao ser humano. Sadismo esse que pode ser estimulado ou desestimulado como podemos ver nas histórias de certos assassinos que têm seu sadismo estimulado por pais opressores ou por terem sofrido violência na infância; podendo também ser desestimulado por pais amorosos ou por válvulas de escape como esportes ou artes. O que me leva a acreditar que as sociedades ganhariam muito se certos graus de sadismo e masoquismo fossem tolerados em algumas atividades; por isso as lutas esportivas de hoje, como no passado dos gladiadores, possuem uma função social bem maior que apenas entretenimento; ajudam a escoar da população o sadismo e o masoquismo retidos pelas regras da sociedade. O que talvez ajude a explicar porque, diferentemente dos torcedores de futebol, o público que acompanha lutas de MMA são menos propensos a se de gladiarem entre si do que o anterior, ou que casais que praticam sadomasoquismo recorram bem menos a lei Maria da Penha.
  

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