A impressionante foto acima não é fotoshop, trata-se do momento exato em que o lutador Anderson
Silva fratura os ossos da perna ao desferir um chute em seu oponente Chris
Weidman. A cena foi vista por centenas de milhares de telespectadores ao redor
do mundo. E mais uma vez, motivados por ela, muitas pessoas questionam se isto
é esporte ou apenas violência gratuita.
O deputado José Mentor é autor de um projeto que proíbe
a exibição delutas não olímpicas na TV aberta e paga.
Sua postura nega o poder de escolha do público.
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Bem, deixo esta questão
para que outros decidam, embora continuo chamando-o de esporte; o que pretendo
aqui é explorar outro aspecto das lutas de vale-tudo, como eram denominadas
antes:
AS LUTAS DE MMA DEVEM SER
PROIBIDAS?
Antes: quanto a terrível
cena de uma perna quebrada, sei que muitos irão dizer que tal alarme é um
exagero já que fraturas são relativamente comuns em outros esportes, como o
futebol, e que as lutas de MMA são sempre feitas por pessoas preparadas para
isso.
MAS CABE TAL COMPARAÇÃO?
Mirandinha com a perna quebrada |
Pode-se dizer que uma das
grandes diferenças entre o futebol e o MMA está no modo como o público destes
esportes reagem ao grau de violência praticado em cada esporte: enquanto no
futebol o público espera, de preferência, a vitória de seu time com uma grande
goleada, e se um jogador desleal quebra a perna de outro atleta com um
“carrinho”, é exigido que este seja castigado com a expulsão; já no MMA tal
fato tem como consequência a vitória e o elogio do público por um golpe bem
dado; há também a exigência que, de preferência, a contenda termine não apenas
com a derrota do oponente, mas que esta seja por meio do desmaio fulminante do
oponente por meio de socos, chutes, estrangulamento ou mesmo de uma perna
quebrada. Em suma, ao contrário do futebol, a violência faz parte do próprio
espetáculo do MMA.
A BELA RONDA ROUSEY |
Uma boa definição de MMA
foi dada pela lutadora Ronda Rousey, que derrotou sua oponente Meisha Tate no
mesmo evento em que Anderson se deu mal: “Você está sempre lutando por sua vida
a cada vez que entra no octógono. É uma situação estressante. Você não está num
cubículo de uma firma. A pior coisa que pode lhe acontecer não é alguém trazer
o café latte errado ou ser demitido. É que você pode realmente se machucar. E
não apenas isso: seu orgulho pode ser irremediavelmente ferido”.
Ronda causando um pouco de dor em Meisha Tate |
MAS DEVE-SE PROIBIR TAIS
ESPORTES POR SUA VIOLÊNCIA?
Penso que não, e vou
além, creio que são até necessários, explico o porquê:
As lutas de MMA, assim
como eventos violentos da antiguidade, são como válvulas de escape do sadismo
inerente ao ser humano. Sadismo esse que pode ser estimulado ou desestimulado
como podemos ver nas histórias de certos assassinos que têm seu sadismo estimulado
por pais opressores ou por terem sofrido violência na infância; podendo também
ser desestimulado por pais amorosos ou por válvulas de escape como esportes ou artes.
O que me leva a acreditar que as sociedades ganhariam muito se certos graus de
sadismo e masoquismo fossem tolerados em algumas atividades; por isso as lutas
esportivas de hoje, como no passado dos gladiadores, possuem uma função social
bem maior que apenas entretenimento; ajudam a escoar da população o sadismo e o
masoquismo retidos pelas regras da sociedade. O que talvez ajude a explicar
porque, diferentemente dos torcedores de futebol, o público que acompanha lutas
de MMA são menos propensos a se de gladiarem entre si do que o anterior, ou que
casais que praticam sadomasoquismo recorram bem menos a lei Maria da Penha.
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