sábado, 11 de janeiro de 2014

UMA NOITE NO MOTEL DA EDITE



Naquela noite o tempo estava chuvoso e abafado. No motel da Edite só batia vento quando alguém soltava um pum!; e pra piorar, as cervejas estavam todas quentes e, ao contrário, as putas estavam todas geladas! Nenhuma alma parecia se animar naquele antro sujo e mal cheiroso que chamavam de bar; nem mesmo os bêbados que já dormiam sobre as mesas me pediam qualquer dose de bebida; porque pobre é assim: se une o bar com um puxadinho que comporte alguns quartos, eis mais um motel saindo; porque pobre fode que nem coelho!
Os casais que chegavam se dirigiam logo, para ter suas intimidades, além do balcão e da cortina florida de pano barato, que separava o bar da sala de espera; isso mesmo, sala de espera; porque motel de pobre é igual hospital, tem até sala de espera, que já comportava alguns casais que esperavam, pacientemente, sua vez de entrar nos pequenos quartos enquanto outros terminavam de fazer suas saliências; mas para aqueles mais apressadinhos sobrava o banheiro e as paredes de fora do estabelecimento; porém os que eram pego no ato eram advertidos e multados, afinal para isso havia os quartinhos. É que para mim é assim: até em suruba tem que ter ordem, viu! Por isso naquela noite todos estavam entulhados na sala de espera. Foi quando uma senhora adentrou o bar e me veio até o balcão, apressada, disse-me, meio envergonhada, se eu tinha pasta de dente.
Olha que já haviam me pedido de tudo naquele recinto, de camisinha a margarina, e não é difícil de adivinhar seu uso naquele pardieiro, pra pão é que não seria, viu, mas pasta de dente, vichi! E a curiosidade só aumentou quando vi que a puta não possuía nenhum dente; disse-lhe então:
- Ora, ora, minha senhora para quê pasta de dente?
A mulher olhou-me um pouco, e após hesitar, disse-me ao pé do ouvido, assim, na bucha:
- É que gosto de dar o cu com ele ardendo - disse-me mostrando aquela boca sem dentes.



Ora, ora, ora, pobre tem cada uma...


Abaixo uma das batidas policiais no motel da Edite.



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