quinta-feira, 6 de agosto de 2015

JESUS CRISTO E O VINHO: MAIS UMA EVIDÊNCIA DE QUE CRISTO É UM DEUS PAGÃO?



Fico impressionado de como se tem interpretado de forma errônea os atos de Cristo, mesmo os seguidores das duas correntes mais poderosas do cristianismo: tanto católicos quanto pentecostais têm interpretado seus gestos de formas discrepantes com os verdadeiros atos de Cristo - como a ideia da pobreza INTENCIONAL de Cristo não combinar de modo algum com a poderosa riqueza da igreja católica, que até banco possui, e a TEOLOGIA DA PROSPERIDADE defendida por pastores de hoje, que veem na riqueza um sinal da graça divina -, e se isso acontece com seus gestos imagine com suas palavras, já que estas são muito mais fáceis de serem mal interpretadas. E um desses atos mal interpretados é a relação entre CRISTO E O VINHO, que nem se fala.
Em uma passagem do Evangelho de João é contado que o PRIMEIRO MILAGRE de Cristo foi transformar água em vinho:



 "E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. 2 E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas. 3 E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. [...]. 5 Sua mãe disse aos empregados: Fazei tudo quanto ele vos disser.   6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus e em cada uma cabiam duas ou três metretas. 7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. 8 E disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram. 9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. 10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. 11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele." João 2:1-11.
Nessa passagem há um comportamento de Jesus que sempre me chamou atenção por não condizer com as atitudes de seus devotos hoje em dia: o conteúdo de seu primeiro milagre.


Em um sermão o famoso Bispo Macedo - o pastor mais rico do Brasil e, segundo ele próprio, do mundo -, questionou a falta de importância do primeiro milagre de Cristo. Dizendo que Cristo ao transformar água em vinho fez um milagre sem importância ao cristianismo, e também sem nenhuma importância verdadeira na vida de uma pessoa.
Tal milagre tornou-se um ponto de polêmica na vida de muitos pentecostais, já que contradiz com a postura de intolerância às bebidas alcoólicas, compartilhado por tais devotos.
A polêmica é tão grande que os devotos chegam a afirmar que não se tratou de vinho, mas sim de simples suco de uva.
Ora, o texto fala por si próprio, e é claro que se tratava de vinho. Para esta conclusão basta apenas darmos atenção ao fato de que o mestre-sala, que é o homem responsável pelas bebidas nas festas naqueles tempos, diz ao esposo “Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho”. Ora, isso só poderia acontecer se o conteúdo fosse vinho, já que, como podemos ver nesta passagem, era comum que após os convidados terem si entorpecidos com o bom vinho, lhes dessem o vinho inferior, já que estariam tão entorpecidos que não sentiriam a mudança de qualidade. E o entorpecimento só poderia acontecer com bebidas alcoólicas, neste caso, vinho, não com suco de uva.
Se Jesus transformou água em vinho em um casamento significa que ele não era contrário ao seu uso mesmo em situações de divertimento, o que não apenas torna-se contraditório com a proibição dos evangélicos ao uso de bebidas alcoólicas, como a proibição destes ao uso do vinho torna-se uma recriminação aos atos de Cristo: O quê? Discípulos repreendendo o mestre!
Contudo, ouso dizer que, ao contrário do Bispo Macedo, há sim uma grande importância do primeiro milagre de Cristo para sua religião, que, aliás, poucos veem. Para tanto temos que conceber Jesus de uma forma pagã. E antes de concebê-lo dessa forma, temos que atentar para a importância que o vinho possui para o cristianismo e também para outras religiões mais antigas.


MITRA, Com sua Cabeleira que Lembra o Sol
Junto com o pão, que simboliza o corpo de Cristo, o vinho é instituído por Cristo como representando seu sangue, seu sofrimento. E sendo estes alimentos fundamentais para cristãos romanos da época, isto faria com que Cristo sempre estivesse à memória daqueles ao se alimentarem, mantendo o ideal cristão sempre vivo. Contudo, o vinho era também sagrado a outras religiões, como a religião do deus Mitra, que antes do cristianismo, já tinha instituído o pão e o vinho como, respectivamente, o corpo e o sangue desse deus pagão, que também havia transformado água em vinho. Outro deus, muito antes de Cristo, que também havia transformado água em vinho foi o deus grego Dionísio, que em seus cultos o vinho representava sua presença; era considerado o deus do vinho, em que por meio desta bebida fazia seus discípulos entrarem em contato com os princípios importantes da vida, como a alegria, os instintos sexuais etc.

DIONÍSIO, O Deus do Vinho
Mas por que o vinho era um símbolo tão importante para estes deuses, como para Jesus? Simples:
A videira, a árvore que produz as uvas, no inverno “adormece”, as folhas caem, e parece morta. E no verão, quando ela retorna à vida, fornece frutos, com os quais se faz uma bebida que torna alegre a quem dela se sirva. Esta mesma bebida, no inverno, faz aquecer o seu consumidor enquanto a videira dorme novamente. Este processo cíclico dá ideia de vida eterna, de um eterno renascer. Portanto, o vinho, por meio da videira, já tinha se transformado em um símbolo de renascimento muito antes do cristianismo, representando a imortalidade e a fertilidade.
Há, porém, outro simbolismo do vinho que o liga a esses deuses: O vinho, por meio da videira, está associado ao inverno e ao verão, como vimos, e isto o liga também ao sol. O que torna o vinho um símbolo de DEUSES SOLARES, que são deuses que nada mais são do que representações do sol, pois possuem características do sol em suas histórias.


Como o Deus Solar MITRA, Jesus Também Ilustrado
Com um Círculo Solar na Cabeça

O mais antigo deus solar conhecido é o deus HÓRUS do antigo Egito (3000 anos a.C.), cuja várias características de Hórus são atributos do sol, como: Hórus nasceu em 25 de dezembro (é o dia do Solstício de Primavera é a noite mais longa do ano, e que deste dia adiante haverá noites com tempo menores, dando início a primavera e, em seguida, ao verão) da Virgem Isis-Meri (hórus nascia de uma virgem porque virgem era o nome dado a uma constelação). Seu nascimento foi acompanhado por uma estrela do Leste (a estrela Sírius) que por sua vez foi seguida por 3 reis (3 Reis era o nome antigo dado a constelação chamada hoje de 3 Marias) em busca do Salvador recém-nascido. Aos 12 anos (relacionado aos 12 zodíacos, aos 12 horóscopos) era uma criança prodígio e professor, aos 30 anos foi batizado por uma figura conhecida por Anup, e assim começou seu reinado. Hórus tinha 12 discípulos (novamente alusão aos 12 zodíacos) e fazia viagens levando a cabo milagres, tal como, curar os doentes e andar sobre as águas. Hórus era conhecido como "A Verdade", "A Luz", "Filho Adorado de Deus", "Bom Pastor", "Cordeiro de Deus" entre muitos outros. Depois de traído por Tifão, Hórus foi crucificado (alusão ao período em que o sol se encontra próximo a constelação chamada Cruzeiro do Sul) e ressuscitou 3 dias depois (alusão em que o sol parece adormercer 3 dias antes do Solstício de Primavera). Note que a estória de Hórus tem muito em comum com a estória de Jesus Cristo. E o mesmo deus também influenciará as características de inúmeros deuses posteriores, todos DEUSES SOLARES:



Deuses ou heróis que nasceram no Solstício de Inverno (ou 25/12) incluem:
Attis, da Frigia (1200 AC, deus da fertilidade com características semelhantes às de Adonis),
Krishna (900 AC), nascido da virgem Devaki, acompanhado da estrela do Leste,
Budha (Índia), filho da Virgem Maya,
Odin (ou Wodan, deus principal do Panteão Nórdico),
Critias (o tio de Platão), Zoroastro (fundador e primeiro sacerdote do Zoroastrismo),
Indra (o deus das tempestades que derrota o dragão Asura Vrita, que representava o Inverno),
Wittoba (uma das formas de Krishna),
Thammuz (Deus solar da Síria, que mais tarde se transformaria em um demônio com a “ajuda” da Igreja Católica),
Xamoltis (Deus solar venerado na Trácia),
Adad (Síria),
Deva Tat (uma das formas de Buda),
Alcides (herói de Thebas, conhecido pelos gregos como Hércules e os doze trabalhos do Hércules estão cada um deles relacionado diretamente com um signo do zodíaco (um dia eu falo sobre eles, mas só para dar um gostinho, o Leão da Nemédia está relacionado com o signo de Leão… ),
Cuchulainn (guerreiro celta, nascido na Irlanda e muito famoso nas lendas, nascido “na noite mais fria do inverno”),
Thor (filho de Odin, nascido na noite mais fria do Inverno),
Cadmus (herói da Grécia),
Quetzacoatl (Asteca),
Tien ou Tien-mu (deus da prosperidade na China),
Adonis (deus grego, filho da virgem Mirra),
Ixion (Roma),
Prometeu (Aquele que traz a luz, também das lendas gregas), entre outros.
Portanto, ao contrário do que pensa o Bispo Macedo, o PRIMEIRO MILAGRE de Cristo, transformando água em vinho, possui um simbolismo importantíssimo, e o que o faz ser seu primeiro milagre, o coloca como parte importante desse grande grupo de DEUSES SOLARES, continuando com uma profunda tradição PAGÃ. E por ter sido realizado em uma festa de casamento o aproxima bastante da tradição de alegria (por ter sido feito em uma festa) e fertilidade (por ser em um casamento) do deus grego DIONÍSIO.

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