UMA NOITE, LOGO APÓS APAGAR A LUZ do quarto e deitar-me na cama para dormir, senti o colchão atrás de mim
afundar, levemente, próximo aos meus pés, e o afundamento a se estender, aos
poucos, ao longo do colchão, como se alguém gatinhasse para deitar-se ao meu
lado, com muito cuidado para não acordar-me, tão pesado, que fazia meu corpo se
voltar para trás. Nesse momento, uma sensação de terror me possuiu a mente,
pois eu sabia que havia apenas eu no quarto e sabia também que havia trancado a
porta com a chave antes de dormir. Tomei coragem e olhei para trás através da
penumbra do quarto, esperando ser surpreendido pela imagem; e foi com grande alívio
que, ao me virar, vi que nada estava alí.
Outro dia, acordei no
meio da noite, com um grande peso sobre meus ombros, abri os olhos e tentei
mexer-me, porém nenhum movimento se seguiu ao meu desejo, nem mesmo minhas pálpebras
se movimentavam, tentei gritar, mas nenhum movimento se deu em meus lábios ou
som saiu de minha boca; em seguida senti como se alguém me segurasse pelos
tornozelos e me puxasse para fora da cama, deixando parte do meu corpo para
fora do colchão. Porém, finalmente, ao conseguir me movimentar, com grande
falta de ar, notei, espantado, que estava na mesma posição que fui dormir. Sai
do quarto e aos poucos fui conseguindo respirar...
Outras noites se seguiram
acompanhadas da estranha sensação de estar acordado sem poder me mexer...
Tempos depois, ao
pesquisar, notei que estas sensações não foram experimentadas apenas por mim.
Mas havia um grande número de descrições semelhantes em várias culturas, todas
bem mais macabras que a minha, já que incluíam figuras macabras e disformes
associadas a estas experiências, os chamados demônios do sono, que são
apresentados como as verdadeiras causas de tais fenômenos.
Obra do Pintor Suiço J. H. Füssli Retratando o Pesadelo - Note que Ele Retrata o Pesadelo como Influência de uma Criatura Sobrenatural |
Um destes demônios são os
Íncubos e Súcubos, demônios que nos visitariam em nossos momentos de sonos.
Provocando em nós sonhos eróticos afim de alimentar-se de nossa energia: os
súcubos visitariam os homens e os íncubos as mulheres .
“Na cultura Hmong, há o
registro da experiência chamada “dab tsog” ou “demônio
apertador”. O nome é composto de “dab” (demônio) e “tsog” (apertar, esmagar).
Frequentemente, a vítima afirma enxergar uma figura pequena, não maior que uma
criança, sentando em sua cabeça ou peito.
Já na cultura vietnamita,
esse tipo de encontro macabro leva o nome de “ma de”, que significa “segurado
por um fantasma”. Muitas pessoas nesta cultura acreditam que fantasmas entram
no corpo das pessoas causando uma paralisia e grande desconforto.
Outra Obra de J. H. Füssli, Tendo o Pesadelo como Tema |
Na cultura japonesa, o
encontro ganha o nome de kanashibari, que significa literalmente algo como
“amarrado com uma corda de aço”.
Na cultura popular
húngara é chamado de “lidércnyomás” (“lidérc pressionante”) e a sensação de
desespero paralisante pode ser atribuído a um número de entidades sobrenaturais
como “lidérc” (aparições), “boszorkány” (bruxas), “tündér” (fadas) ou
“ördögszeret?”
Na cultura brasileira, a
paralisia do sono pode ter originado a lenda da “Pisadeira”, segundo a qual,
durante o sono, uma mulher lendária pisa sobre o peito da pessoa que está
dormindo, enquanto esta vê tudo e não pode fazer nada.
Além de atacar seres humanos
indefesos, à noite essas criaturas eram mutantes, capaz de assumir várias
formas durante estes ataques (Keissling, 1977).
Há também certas classes
de anjos, de “observadores” e “anjos caídos, “referido nas tradições
judaico-cristãs, associados ao pesadelo. Alguns foram enviados para vigiar os
seres humanos, e às vezes se apaixonavam por mulheres humanas. A progênie de
tais encontros foram, no entanto, monstros e demônios que atacavam pessoas
indefesas.
O kokma é o espírito de
um bebê morto que assombra uma área, atacando as pessoas em suas camas. Em um
padrão familiar, eles pulam no peito da vítima e atracam-se na garganta. A
vítima tenta gritar, ou em alguma outra forma de obter a atenção de outro,
alguém que possa assustar o kokma” (Passagem Tirada do Site Mundo Gump)*.
Porém, embora existam os
mais variados demônios ou espíritos do sono em inúmeras culturas para explicar
as mais terríveis experiências quando nosso corpo e mente estão entregues a
terra dos sonhos, a verdade é que tudo isso não passa de mais uma peça que
nosso próprio cérebro provoca na gente: os efeitos da Paralisia do Sono.
Os efeitos da Paralisia
do Sono, um fenômeno provocado por nosso cérebro, que ocorre antes da pessoa
adormecer por completo ou bem antes de acordar, são: imobilidade, a pessoa
estando consciente que não pode se mexer, mesmo com toda sua vontade; sensação
de peso no peito; e, o mais importante de tudo, e o que faz esta experiência ser
terrível, visões de figuras macabras sentadas no peito provocando o peso.
Fenômeno que criou toda uma série de criaturas mágicas como forma de explicação
para o fenômeno.
E embora acredite nessa
explicação para a série de experiência que me ocorreram, que graças a ela sei
lidar melhor com isso, chegando até ao ponto de hoje me divertir com tais
fenômenos, mas é impossível não guardar um pouquinho de receio. E hoje deito na
cama de forma inclinada como forma de não dar espaço para que almas penadas
possam deitar ao meu lado.
Abaixo, um documentário sobre a Paralisia do Sono:
Abaixo, um documentário sobre a Paralisia do Sono:
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