ANTON
LAVEY E A IGREJA DE SATÃ
“Noite
em São Francisco, Califórnia, em 1966. No cômodo de uma mansão iluminado por
velas, um homem de túnica vermelha e olhos cerrados recitava versos em latim.
Ao redor, discípulos formavam um semicírculo. O homem, Anton Szandor LaVey,
ficou teso, gargalhou e se pôs a raspar a própria cabeça. Foi o seu batismo
satânico, o rito que deu início à Igreja de Satã”.
Pode-se
dizer que o mesmo fascínio que o bruxo inglês Aleister Crowley (1875-1947) causou
em artistas e ricos membros da burguesia inglesa no começo do século XX, o
norte-americano Anton LaVey causou na classe artística americana e em ricaços
americanos durante a década de 1970; e também à semelhança de Crowley, soma-se
a isso sua grande influência sobre músicos roqueiros e fãs destes, com a
diferença de que, ao contrário de Aleister Crowley, sua influência sobre
roqueiros se deu enquanto LaVey ainda estava vivo.
Anton LaVey Chamou Atenção de Várias Artista, Acima Vemos ele com Mary Monroe |
Tal semelhança não é à toa,
Anton LaVey não apenas se inspirou nas obras do velho bruxo inglês, mas vendo o
quanto ricos e entediados membros da burguesia inglesa e americana se sentiram
atraídos pelas ideias de Crowley, LaVey quis repetir o mesmo, investindo também
na atração que então temas esotéricos exóticos e satânicos começava a exercer
sobre a juventude americana, composto em sua maioria de jovens descontentes e rebelada contra as crenças
religiosas tradicionais.
Anton
LaVey nasceu em Chicago, em 1930. Largou a escola cedo e foi trabalhar no
circo, onde se tornou domador de leões. Depois, foi organista em clubes de
striptease e detetive particular. Sem dúvida alguma, o fato de ter trabalhado
em um circo foi de fundamental importância para criar seu ambiente místico,
chamar atenção para si com roupas espalhafatosas de mágico e com trejeitos
também, elementos que ajudaram muito a impressionar sua nova plateia.
Zeena LaVey |
Anos
mais tarde, sua filha Zeena LaVey, que foi a primeira criança a ser batizada
segundo a Igreja de Satã, e que mais tarde ocuparia a liderança de sua igreja
para no futuro renunciar totalmente a ela, relembra como tudo começou:
"Meu
pai estava experimentando várias coisas: reservar a sexta-feira à noite para
palestras chamadas de ‘o círculo mágico’, promover shows burlescos com
strippers vestidas como bruxas e vampiras, mas nada que fosse necessariamente
‘satânico’. Ele até tinha um leão de estimação e costumava andar com ele pelas
ruas de São Francisco. Foi somente quando um publicitário local escreveu uma
matéria na qual se referia a ele como o ‘primeiro sacerdote de satanás’ que
teve a ideia de criar a própria religião. […] E ele tinha seguidores que
levaram as coisas muito a sério e realmente acreditavam nesta entidade Satanás
e não tanto na ideia de Anton LaVey do satanismo".
Durante
os anos trabalhando em circo, como domador de leões, Anton LaVey tinha
adquirido uma boa experiência em como entreter e chamar a atenção do público
para si; sabia quais os elementos necessários para se fazer um bom show, e
enfeitiçar a atenção do público; percebeu também, graças a sua experiência
circense, que o momento, final da década de 1960, esta bastante favorável a
suas ideias, pois havia uma grande quantidade de jovens sedentos por ideias
novas, loucos por fugirem das crenças tradicionais, enveredando cada vez mais
para o misticismo indiano que havia sido bastante estimulado pelos Beatles. Foi
o momento que teve a ideia de fundar uma nova igreja, a Igreja de Satã.
“Quando
criou a Igreja de Satã, escolheu como insígnia o selo do Bafomet, um pentagrama
que circunscreve a imagem do Chifrudo. Sua motivação explícita era instaurar o
reino do Anticristo sobre a Terra. Os rituais incluíam desde a repetição de
hinos a sessões de vodu ou sexo grupal".
Os membros se vestiam de preto – com exceção
das “sessões de luxúria”, quando as mulheres vestiam roupas mais eróticas, como
babydolls. Em 1967, uma socialite nova-iorquina, Judith Case, celebrou seu
casamento na igreja de LaVey. No dia seguinte, com o rosto estampado em vários
jornais, Anton ficou famoso”.
Porém,
se você pensa que o Satã cultuado por Anton LaVey é o mesmo ser com chifres e
cheirando a enxofre, que, como ensina a igreja cristã, todo cristão deve ter o
dever de se borrar de medo, você está redondamente enganado. Na Igreja de Satã,
de Anton LaVey não havia nem sacrifícios sangrentos a Satã, nem o velho Satã
era cultuado, mas um novo. Na Igreja de Satã, de Anton LaVey, o Satã não tinha
nada haver com essa figura antiga cheirando a enxofre, para ela Satã seria uma
força nem boa nem má, que se manifesta em todos os seres, e que, como dizia
LaVey, precisa ser exercitada nunca exorcizada.
King Diamond |
E
em 1969, misturando várias filosofias, mitos, rituais, Anton LaVey escreveria a
bíblia de sua nova religião, a Bíblia de Satã, sobre a qual um de seus famosos admiradores,
King Diamond, comenta:
“Há
tantas visões sobre o Satanismo quanto diferentes tipos de Cristianismo
(risos). No meu caso, eu estava vivendo a minha vida dessa forma antes de ler
aquele livro, você sabe, ‘The Satanic Bible’, escrito por Anton LaVey em 1969.
Acho que o título desse livro está errado, porque quando as pessoas vêem a
palavra ‘Bíblia’ elas automaticamente pensam em religião e esse não é o caso –
é mais uma filosofia, na verdade. Você não idolatra nada quando é um Satanista.
Bem, há outros tipos de Satanistas que realmente veneram algum tipo de criatura
com chifres, que é um Deus Cristão se você analisar bem, porque Satã é um Deus
dentro do Cristianismo e apenas um que eles (os Cristãos) não querem que você
venere. Bem, eu não gostaria de venerar esse cara também. Sabe, eu também não
vejo nada de positivo no Satã Cristão”.
Sim,
como bem viu KIng Diamond, a Bíblia de Satã, de Anton LaVey, ao conceber Satã,
ao contrário da visão cristã, não como um ser com personalidade puramente
malévola, mas como uma força nem boa nem má, uma força que rege todos os seres,
não traz nada de novo, isso já fazia parte de filosofias que concebem uma
espécie de força vital na natureza; para o filósofo francês Henry Bergson, por
exemplo, ele chamava isso de Elan Vital. Talvez a grande novidade trazida por
Anton LaVey tenha disso misturar a palavra Satã, que tanto pode repelir como
atrair pessoas pela atmosfera de mistério e de proibido a experiência circense
que lhe deu um estilo espalhafatoso, que condizia muito e por isso se tornava
muito mais atrente, dos filmes de terror da época, como O Bebê de Rosemere, que
Anton LaVey que participou da dando consultoria, e que mais tarde foi
comprovado ter sido uma mentira sua.
Porém,
“Em 1973, a barra começou a sujar para ele: Michael Aquino, um ex-agente da CIA
e ex-discípulo de LaVey, denunciou o comércio de ordenações sacerdotais dentro
da seita. O dinheiro ia para o bolso de LaVey – uma transação que não era
proibida, mas que pegou mal a ponto de causar um racha entre seus seguidores.
Nos anos 80, foi acusado de espancar a esposa (sua terceira) e de forçar
discípulas a manter relações sexuais com ele e a se prostituir. Anton LaVey
morreu em 1997. Talvez tivesse um encontro inadiável com o seu mestre”.
Zeena LaVey |
Acrescenta-se
a isso o abando de suas ideias e religião por sua filha Zeena LaVey, preparada
por ele para substitui-lo na liderança de sua igreja, e que chegou a
substitui-lo mas que abandonou por completo os planos de seu pai.
Zeena
ficou famosa por ter sido a primeira criança a ser batizada na Igreja de Satã;
ela também engravidou aos 13 anos de idade. Não faltaram comentários afirmando
que o pai de seu filho seria o próprio Anton LaVey. Seja como for, Zeena nunca
disse quem seria o pai de seu filho. Ela também fundou uma ong para proteger
pessoas vítimas de abusos de preconceitos e religiosos, como os seus???
Anton
Szandor LaVey faleceu em 29 de outubro de 1997, na cidade de São Francisco,
Califórnia. Suas cinzas foram divididas entre as autoridades de sua Igreja para
que pudesse participar de cultos satânicos.
FONTES: Super Interessante: O marqueteiro do Diabo / A ex-Satanista Zeena LaVey é Muito mais que a Cópia da Taylor Swift.
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