segunda-feira, 24 de julho de 2017

ANTON LAVEY: O HOMEM QUE TRANSFORMOU O SATANISMO EM UM SHOW

ANTON LAVEY: O HOMEM QUE TRANSFORMOU O SATANISMO EM UM SHOW
“Noite em São Francisco, Califórnia, em 1966. No cômodo de uma mansão iluminado por velas, um homem de túnica vermelha e olhos cerrados recitava versos em latim. Ao redor, discípulos formavam um semicírculo. O homem, Anton Szandor LaVey, ficou teso, gargalhou e se pôs a raspar a própria cabeça. Foi o seu batismo satânico, o rito que deu início à Igreja de Satã”.


Pode-se dizer que o mesmo fascínio que o bruxo inglês Aleister Crowley (1875-1947) causou em artistas e ricos membros da burguesia inglesa no começo do século XX, o norte-americano Anton LaVey causou na classe artística americana e em ricaços americanos durante a década de 1970; e também à semelhança de Crowley, soma-se a isso sua grande influência sobre músicos roqueiros e fãs destes, com a diferença de que, ao contrário de Aleister Crowley, sua influência sobre roqueiros se deu enquanto LaVey ainda estava vivo.


Anton LaVey Chamou Atenção de Várias Artista, Acima Vemos ele com Mary Monroe
Tal semelhança não é à toa, Anton LaVey não apenas se inspirou nas obras do velho bruxo inglês, mas vendo o quanto ricos e entediados membros da burguesia inglesa e americana se sentiram atraídos pelas ideias de Crowley, LaVey quis repetir o mesmo, investindo também na atração que então temas esotéricos exóticos e satânicos começava a exercer sobre a juventude americana, composto em sua maioria de jovens  descontentes e rebelada contra as crenças religiosas tradicionais.


Anton LaVey nasceu em Chicago, em 1930. Largou a escola cedo e foi trabalhar no circo, onde se tornou domador de leões. Depois, foi organista em clubes de striptease e detetive particular. Sem dúvida alguma, o fato de ter trabalhado em um circo foi de fundamental importância para criar seu ambiente místico, chamar atenção para si com roupas espalhafatosas de mágico e com trejeitos também, elementos que ajudaram muito a impressionar sua nova plateia.

Zeena LaVey
Anos mais tarde, sua filha Zeena LaVey, que foi a primeira criança a ser batizada segundo a Igreja de Satã, e que mais tarde ocuparia a liderança de sua igreja para no futuro renunciar totalmente a ela, relembra como tudo começou:
"Meu pai estava experimentando várias coisas: reservar a sexta-feira à noite para palestras chamadas de ‘o círculo mágico’, promover shows burlescos com strippers vestidas como bruxas e vampiras, mas nada que fosse necessariamente ‘satânico’. Ele até tinha um leão de estimação e costumava andar com ele pelas ruas de São Francisco. Foi somente quando um publicitário local escreveu uma matéria na qual se referia a ele como o ‘primeiro sacerdote de satanás’ que teve a ideia de criar a própria religião. […] E ele tinha seguidores que levaram as coisas muito a sério e realmente acreditavam nesta entidade Satanás e não tanto na ideia de Anton LaVey do satanismo".



Acima, Fotos do Batismo Satânico de Zeena LaVey
Durante os anos trabalhando em circo, como domador de leões, Anton LaVey tinha adquirido uma boa experiência em como entreter e chamar a atenção do público para si; sabia quais os elementos necessários para se fazer um bom show, e enfeitiçar a atenção do público; percebeu também, graças a sua experiência circense, que o momento, final da década de 1960, esta bastante favorável a suas ideias, pois havia uma grande quantidade de jovens sedentos por ideias novas, loucos por fugirem das crenças tradicionais, enveredando cada vez mais para o misticismo indiano que havia sido bastante estimulado pelos Beatles. Foi o momento que teve a ideia de fundar uma nova igreja, a Igreja de Satã.
“Quando criou a Igreja de Satã, escolheu como insígnia o selo do Bafomet, um pentagrama que circunscreve a imagem do Chifrudo. Sua motivação explícita era instaurar o reino do Anticristo sobre a Terra. Os rituais incluíam desde a repetição de hinos a sessões de vodu ou sexo grupal".




Os membros se vestiam de preto – com exceção das “sessões de luxúria”, quando as mulheres vestiam roupas mais eróticas, como babydolls. Em 1967, uma socialite nova-iorquina, Judith Case, celebrou seu casamento na igreja de LaVey. No dia seguinte, com o rosto estampado em vários jornais, Anton ficou famoso”.
Porém, se você pensa que o Satã cultuado por Anton LaVey é o mesmo ser com chifres e cheirando a enxofre, que, como ensina a igreja cristã, todo cristão deve ter o dever de se borrar de medo, você está redondamente enganado. Na Igreja de Satã, de Anton LaVey não havia nem sacrifícios sangrentos a Satã, nem o velho Satã era cultuado, mas um novo. Na Igreja de Satã, de Anton LaVey, o Satã não tinha nada haver com essa figura antiga cheirando a enxofre, para ela Satã seria uma força nem boa nem má, que se manifesta em todos os seres, e que, como dizia LaVey, precisa ser exercitada nunca exorcizada.

King Diamond

E em 1969, misturando várias filosofias, mitos, rituais, Anton LaVey escreveria a bíblia de sua nova religião, a Bíblia de Satã, sobre a qual um de seus famosos admiradores, King Diamond, comenta:
“Há tantas visões sobre o Satanismo quanto diferentes tipos de Cristianismo (risos). No meu caso, eu estava vivendo a minha vida dessa forma antes de ler aquele livro, você sabe, ‘The Satanic Bible’, escrito por Anton LaVey em 1969. Acho que o título desse livro está errado, porque quando as pessoas vêem a palavra ‘Bíblia’ elas automaticamente pensam em religião e esse não é o caso – é mais uma filosofia, na verdade. Você não idolatra nada quando é um Satanista. Bem, há outros tipos de Satanistas que realmente veneram algum tipo de criatura com chifres, que é um Deus Cristão se você analisar bem, porque Satã é um Deus dentro do Cristianismo e apenas um que eles (os Cristãos) não querem que você venere. Bem, eu não gostaria de venerar esse cara também. Sabe, eu também não vejo nada de positivo no Satã Cristão”.


Sim, como bem viu KIng Diamond, a Bíblia de Satã, de Anton LaVey, ao conceber Satã, ao contrário da visão cristã, não como um ser com personalidade puramente malévola, mas como uma força nem boa nem má, uma força que rege todos os seres, não traz nada de novo, isso já fazia parte de filosofias que concebem uma espécie de força vital na natureza; para o filósofo francês Henry Bergson, por exemplo, ele chamava isso de Elan Vital. Talvez a grande novidade trazida por Anton LaVey tenha disso misturar a palavra Satã, que tanto pode repelir como atrair pessoas pela atmosfera de mistério e de proibido a experiência circense que lhe deu um estilo espalhafatoso, que condizia muito e por isso se tornava muito mais atrente, dos filmes de terror da época, como O Bebê de Rosemere, que Anton LaVey que participou da dando consultoria, e que mais tarde foi comprovado ter sido uma mentira sua.


Porém, “Em 1973, a barra começou a sujar para ele: Michael Aquino, um ex-agente da CIA e ex-discípulo de LaVey, denunciou o comércio de ordenações sacerdotais dentro da seita. O dinheiro ia para o bolso de LaVey – uma transação que não era proibida, mas que pegou mal a ponto de causar um racha entre seus seguidores. Nos anos 80, foi acusado de espancar a esposa (sua terceira) e de forçar discípulas a manter relações sexuais com ele e a se prostituir. Anton LaVey morreu em 1997. Talvez tivesse um encontro inadiável com o seu mestre”.


Zeena LaVey
Acrescenta-se a isso o abando de suas ideias e religião por sua filha Zeena LaVey, preparada por ele para substitui-lo na liderança de sua igreja, e que chegou a substitui-lo mas que abandonou por completo os planos de seu pai.
Zeena ficou famosa por ter sido a primeira criança a ser batizada na Igreja de Satã; ela também engravidou aos 13 anos de idade. Não faltaram comentários afirmando que o pai de seu filho seria o próprio Anton LaVey. Seja como for, Zeena nunca disse quem seria o pai de seu filho. Ela também fundou uma ong para proteger pessoas vítimas de abusos de preconceitos e religiosos, como os seus???
Anton Szandor LaVey faleceu em 29 de outubro de 1997, na cidade de São Francisco, Califórnia. Suas cinzas foram divididas entre as autoridades de sua Igreja para que pudesse participar de cultos satânicos.

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