terça-feira, 26 de junho de 2018

TOM ARAYA E AS INCOERÊNCIAS POLÍTICAS E ARTÍSTICAS DO ROCK



TOM ARAYA E AS INCOERÊNCIAS POLÍTICAS E ARTÍSTICAS DO ROCK

É curioso e, em muitos casos, lamentável notar como nos tempos atuais muitos fãs e músicos de Rock têm se tornado o oposto, em comportamento e em pensamento, da geração que deu vida a este gênero musical tão ligado a rebeldia juvenil. Pois se o Rock se originou da cultura negra americana, influenciando músicos e a juventude branca americana, numa clara demonstração de valorização da cultura negra e se opondo ao racismo, hoje, bandas neonazistas usam estilos de música derivados do Rock para defender suposta superioridade da raça branca, criando seu próprio subgênero, chamado de NAZI BLACK METAL.

Acima, dois Músicos Negros que Ajudaram a Moldar
a Forma Atual de Tocar Guitarra: Chuck Berry e Jimmy Hendrix
Também se no seu passado o Rock foi usado como forma de reivindicar menos repreensão militar, simbolizado pelos cabelos longos dos roqueiros em festivais como o de Woodstock, numa atitude claramente em oposição ao corte militar e ao militarismo da guerra entre Estados Unidos e Vietnã, hoje, vemos roqueiros cabeludos defenderem, numa clara atitude incoerente e contraditória, a volta do militarismo.

Acima, o Guitarrista Set Teitan, da Banda de
Black Metal WAITAN Durante Saudação Nazista para Foto
É claro que ser roqueiro não impede ninguém de ser de direita ou de esquerda, conservador ou não conservador. Mas é curioso notar como tais incoerências tornaram-se o inverso dos ideais que fizeram do Rock um estilo de música que se contrapunha a todas as formas de opressão.

Phil Anselmo Durante sua Saudação Nazista em Evento Beneficiente
E nessa época de incoerências e contradições em relação as origens do Rock, não cabe apenas aos novatos tais atitudes. Alguns anos atrás, o vocalista, Phil Anselmo, da banda PANTERA, ao final de uma música, gritou “White Power”, e fez a tradicional saudação nazista para o público, demonstrando sua simpatia pelo nazismo, durante a edição de 2016 do Dimebash – evento beneficiente em celebração à memória do guitarrista Dimebag Darrel, seu ex-parceiro de banda, cuja renda do evento seria revertidos para a fundação Ronnie James Dio Stand Up and Shout Cancer Fun, que luta contra o câncer. E por ter sido o evento uma reunião por uma causa nobre, reuniu várias estrelas do Metal, como  Dave Grohl (Foo Fighters), Robert Trujillo (Metallica), Dave Lombardo (ex-Slayer).   Ao ver as críticas que surgiram por seu ato, o fato o levou a se retratar perante seus fãs, dizendo:
 “Caramba, eu estava brincando, foi a nossa piada interna da noite – porque a gente estava bebendo vinho branco. Vocês precisam ter a casca mais grossa para algumas coisas. Sem desculpas vindas de mim”. 
O problema é que não é a primeira vez que o vocalista Phil Anselmo, manifestou sua simpatia pelo neonazismo. Em 1994, ele se exibia com uma camisa que continha o símbolo de uma organização neonazista, chamada Afrikaner Resistance Movement.

Reunião do Grupo Racista Afrikaner Resistance Movement
Um ano depois, Anselmo declarou em um palco em Montreal, que a banda PANTERA não era uma banda racista, mas que não lhe agradava os músicos do rap, por estes “mijarem na cultura branca”, e que “os brancos precisam ter mais orgulho de ser quem são”.

Slayer
Outro que tem se destacado também por suas incoerências gritantes, é Tom Araya, vocalista do SLAYER.


No início de 2017, Araya postou em seu Instagram uma montagem em que Donald Trump parecia reunido com a formação então atual do SLAYER. E quando questionado por seus fãs, Tom Araya, deu uma explicação a lá Phil Anselmo, afirmando:
“Eu pensei que seria engraçado… Fiquei impressionado com os comentários sobre a foto – alguns positivos, alguns negativos e o mais incrível foi que em duas horas, tinham 10 mil likes… Mas nunca imaginei que teriam tantas pessoas comentando sobre suas aversões ao presidente.”
E em mensagens posterior, além de dizer que não havia votado em Trump nem em sua adversário, Hillary Clinton, ainda afirmou em entrevista a uma rádio chilena, que os críticos de Donald Trump eram uns chorões:
“É nisso que os Estados Unidos se transformou. Por que eles não conseguiram as coisas do jeito deles, eles estão com raiva. Eu compartilhei uma foto que achei ser engraçada. Eles não conseguem nem encaram uma brincadeira. Não conseguem nem rir de si mesmos. Eles não conseguem nem se divertir. E é muito incrível ter chegado nesse ponto. Nós somos uma nação de bebês chorões.”
A incoerência de Tom Araya reside no fato de que Donald Trump foi eleito com base em sua política anti imigratória, principalmente de latino-americanos, fato que não abalou Tom Araya mesmo pertencendo ele a uma família chilena que imigrou para os Estados Unidos no final da década de 1960.

Kerry King
As críticas originadas pela foto postada por Tom Araya, da banda SLAYER junto a Trump, levou o guitarrista Kerry King a afirmar pelas redes sociais que a postagem de Tom Araya foi uma escolha pessoal dele que não corresponde aos outros membros da banda.


Mas parece ser a incoerência uma marca da personalidade de Tom Araya, já que ela também transparece em suas concepções religiosas e musicais. Pois em entrevistas, o vocalista da banda Slayer tem respondido sobre sua formação religiosa, se definido como católico, e defendendo a crença em um Deus, afirmando: “Eu acredito em um ser supremo, sim. Mas ele é um Deus todo amoroso”. E: "Cristo veio para ensinar o amor, para não prejudicar os outros como no seu discurso: ...Aceite os outros como eles são. Viva em paz e ame os demais." Frases que não parecem combinar com o líder de uma banda que tem como título de um de seus álbuns, o título “God Hate Us All” (Deus odeia todos nós). O que o levou, quando a pontada a incoerência, a responder: “Deus não odeia ninguém, mas é um grande título”.

Tom Araya também aproveitou para explicar que a principal razão para que a banda Slayer use uma imagem satânica é de “assustar as pessoas”.

Sabemos que desde que os membros da banda Black Sabbath passaram em frente a um cinema que comportava uma extensa fila de pessoas loucas para assistirem um bom filme de terror, e perceberam que há milhares de pessoas dispostas a pagar para sentirem medo, e resolveram unir o clima sombrio das histórias dos filmes de terror com a sonoridade do Rock’n’Roll, tornando tal mistura um grande sucesso, que as bandas de Rock tem investido cada vez mais nesse atrativo em grande parte teatral, mas, convenhamos, que há uma profunda diferença entre uma banda que interpreta uma história de possessão ou as palavras de um demônio, como faz um ator em um filme de terror, e um religioso que afirma acreditar profundamente em um “Deus todo amoroso”, e mesmo assim usar a frase “Deus odeia todos nós”.

E você o que acha?
   

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