sexta-feira, 27 de junho de 2014

DOIS OVOS E UMA SALSICHA (de Bosco Silva)



— Tem um cabelo na minha sopa, querida!
— É mesmo!... E é meu, amor. Só um minutinho, já vou tirá-lo.
— Não, não precisa, não quero mais tomá-la.
— Por quê?
— Ora, por causa do cabelo.
— Mas não é você quem diz que meus cabelos são tão belos e sedosos; que fica toda hora elogiando-os e beijando-os, e agora está com nojo deles?!
— Sim, seus cabelos são belos e sedosos, querida, mas quando estão em sua cabeça não em meu prato de sopa, meu amor. Quero agora dois ovos fritos, por favor.
— Que tal com uma salsicha no meio?
— Isso não é motivo para pôr minha masculinidade em dúvida, querida.
— Sim, mas você sabe de onde vem os ovos, não sabe?
— Sim, claro, e qual é o problema?
— Então Valdomiro você sente mais nojo dos meus cabelos do que de dois ovos que saem daquele lugar tão imundo da galinha!
— Amor, as coisas são diferentes: do ovo eu como somente o conteúdo não a casca, e é ela que entra em contato com aquela parte tão imunda da galinha, não é mesmo?
Neste momento a mulher chora. O marido se levanta da mesa e diz a mulher:
— Gislene não acredito que estás com ciúmes de uma galinha!
Acariciando os cabelos da mulher, o marido lhe explica:
— Não é nada de mais amor, acontece que quando encontramos algo que não pertence a comida estranhamos, seja um inseto ou um fio de cabelo.
— Sim, mas não tente comparar um inseto com o fio de cabelo de alguém que lhe é tão conhecido, como o cabelo de sua esposa, tá?
— Sei disso meu amor, mas até mesmo com quem amamos acontece isso. É como se estivéssemos na intimidade com alguém e sem esperar alguém soltasse um pum, isso nos desconcerta.
— Não é o que acontece quando fazemos sexo oral, querido. Você sempre me pede para me depilar, mas você...
— Tome os dois ovos que você pediu, é apenas o que você terá de mim por meses. Vou agora para a casa de minha mãe.
— Tá bom, tá bom, mas dá para botar pelo menos aquela salsicha que você prometeu antes.   

terça-feira, 24 de junho de 2014

TONI BENTLEY: “ENTRE PELA SAÍDA. O PARAÍSO ESTÁ ESPERANDO” (por Bosco Silva)



HÁ QUEM DIGA QUE UM BOM CAMINHO para se chegar a deus é contemplar a grande harmonia do mundo; já para outros a profunda beleza que se vê em algo aparentemente tão singelo quanto as asas de uma borboleta nos conduz a conceber um criador; mas para Toni Bentley o caminho para deus é literalmente mais embaixo. Toni é uma ex-bailarina atéia que descobriu deus por meio do mais vigoroso sexo anal. Isso mesmo que você leu: SEXO ANAL. E para quem não acredita em minhas palavras, crendo-me um mal interprete, exagerado e grosseiro, que tal as palavras da própria autora? Então prepare-se:
“Dar o cu me enche de esperança. O desespero não tem nenhuma chance quando o pau dele está no meu cu, abrindo espaço para Deus. Ele abriu minha bunda e com aquela primeira estocada partiu minha negação a Deus”.

Toni Bentley

Sei que para muitos a mensagem é chocante, inconcebível, e para quem acha que Bentley não está falando sério, ela tem uma boa resposta — mais chocante ainda que a anterior:
“Sou ateísta por herança. Conheci a experiência divina dando o cu — muitas e muitas e muitas vezes. Sou uma aprendiz lenta — e hedonista gulosa. Estou falando sério. Muito sério. E fiquei ainda mais surpresa do que você agora com esse despertar tão curiosamente grosseiro para um estado místico. Ali estava: a grande surpresa de Deus, Seu humor  e Sua presença potente manifestados no meu cu”.

Edição em inglês de A Entrega - Memórias Eróticas

Há anos (sem trocadilhos) que tenho o desejo de escrever sobre Toni Bentley, afinal sempre gostei de pessoas e personagens que por serem tão livres chegam a incomodar. E Toni incomodou bastante os mais recatados com o lançamento de seu livro A entrega - Memórias eróticas — lançado em 2004 —, em que descreve, de forma minuciosa, como encontrou sua verdadeira sexualidade, o amor e deus, por meio do sexo anal. Para tanto, Toni Bentley começa descrevendo sua profunda busca, desde a infância, por deus, passando pela descoberta de seu talento para o balé, a descoberta da sexualidade, as aventuras e desventuras no amor e, por fim, sua polêmica descoberta espiritual, em que Bentley recorre a uma espécie de diário sexual em que todas suas 298 relações anais, praticadas com o Homem-A, seu amante, foram anotadas em detalhes. 
Toni Bentley quando bailarina

E para quem acha que se trata apenas de pornografia saiba que o livro possui surpreendentes análises psicológicas, escrito em linguagem que mescla frases poéticas com a linguagem mais vulgar possível, como quando ela chama suas práticas de sexo anal de ter a “janta socada”. Mas isto não deve obliterar suas análises psicológicas: Toni Bentley é uma mulher que se conhece profundamente. E a linguagem usada torna o livro delicioso, divertido e também hilário; um misto de biografia, autoajuda e de dicas sexuais, como nas passagens em que a autora analisa os tipos de roupas íntimas e  dá dicas sobre a compra de lubrificantes.
“Conselho para quem dá o cu: use óculos escuros para comprar KY e não se vire na fila do caixa: estão todos olhando para sua bunda, sem acreditar”.
A autora também discorre sobre leis de estados americanos que proibiam e que ainda proíbem a prática do sexo anal. O que faz de A Entrega uma apologia a liberdade sexual e ao sexo anal, descrito pela autora com tal intensidade e poesia que supera tudo que já foi escrito na literatura a respeito.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O HOMEM TARADO DE DEUS



Encontrei-o na Home Depot, uma loja de artigos de casa.
Vejam até que ponto vai o desespero de uma mulher: Eu estava num corredor nos fundos, com uma fita métrica e uma serra tentando cortar, pela metade um rolo de madeira para talhá-lo de modo conveniente a ser usado por uma mulher solitária, naquelas horas em que precisamos demais de um homem.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

BURZUM E AS ORIGENS DO NEONAZISMO NO BLACK METAL


A Cultura Underground é frequentemente associada apenas à música. E entre a música, em sua grande parte, ao Rock e aos seus subgêneros. Porém, a Cultura Underground é muito mais do que isso: é um conjunto de idéias, artes, comportamentos, atitudes políticas, etc., contrárias as idéias vigentes, e entre esta, a mídia, como se pode ver claramente em suas origens.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

DEAD E EURONYMOUS E A OBSESSÃO PELA MORTE



Um carro em alta velocidade invade a pista contrária. Sua lataria torna-se lâminas cortantes, ao chocar-se com outro carro que surge em direção oposta, decapitando os passageiros do carro da pista de direção contrária. O motorista e o passageiro do carro invasor, após capotar várias vezes, têm suas cabeças esmagadas e suas vísceras expostas, sob esguichos de sangue...

domingo, 15 de junho de 2014

ARTISTA EXPÕE SUA VAGINA EM MUSEU



O blog Bornal tem mostrado performances curiosas de artistas que misturam arte e sexualidade. Agora chegou a vez da artista Luxemburguesa Deborah de Robertis, que gerou bastante polêmica ao criar sua própria versão da obra do pintor francês Gustave Coubert, “L’origini du monde” (a origem do mundo), que retrata uma vagina. Para tanto a moça entrou na sala onde está o quadro, no museu d’Orsay, em Paris, se sentou diante da obra para em seguida abrir as pernas e mostrar em cores reais a sua versão do quadro pintado: sua vagina cabeluda, enquanto recitava o poema:

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A BELA DOS CEGOS



Teresa possuía um corpo magnífico e um belo rosto, porém o que lhe sobrava de beleza transbordava de timidez. Desgostava-lhe ser cobiçada por tantos homens, com seus olhares indiscretos e vulgares. Era tão envergonhada que somente se sentia à vontade quando estava só. E quando sozinha em seu quarto, em suas horas vagas, enfrente ao espelho, a fazer poses, imaginava-se como modelo de pintores famosos que, inspirados em sua beleza, pintariam os mais belos quadros. Quadros cuja vergonha impedia que existissem. E assim era Teresa um misto de beleza e horror a olhares vulgares. Por isso adorava seu trabalho em que sua beleza não possuía nenhum valor vulgar; e embora nunca estivesse sozinha a trabalhar, sempre lhe dava a impressão de estar só. Teresa trabalhava em meio a dezenas de cegos.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A CAVERNA



Há dias que estávamos perdidos em um território selvagem e úmido, de montanhas e vales extensos, com uma grande e profunda caverna contornada por uma densa floresta que, como areia movediça, suga você, e uma vez lá dentro, não se pode escapar mais. E há alguns dias havíamos perdido o contato com o primeiro grupo de nós que tinham ido à frente; não sabíamos o que havia acontecido com eles, se estavam ainda vivos e muito menos se tinham alcançado nosso objetivo.