INÊS
DE CASTRO, A RAINHA-CADÁVER DE PORTUGAL
Um dos mais conhecidos ditados
da língua portuguesa, “Agora Inês é Morta”, usado para descrever uma situação
em que já não se pode mais voltar atrás, nasceu de uma história de amor verdadeira,
trágica e com pitadas macabras. Convido todos a conhecer esta trágica história
portuguesa.
Nossa
história começa em um Portugal destruído por terríveis guerras. É meados do
séc. XIV. O reino de Portugal é comandado pelo rei Dom Afonso IV.
Inês
de Castro, bela dama, de cabelos loiros e olhos verdes, nascida no reino de
Castela, que foi prometida, quando tinha 14 anos, a se tornar esposa do
príncipe herdeiro de Portugal, Dom Pedro, é dispensada de seus serviços, e em
seu lugar Dom Afonso IV elege Constança, princesa da Espanha, como futura
esposa de seu filho.
Porém,
D. Pedro, já casado, quando viu Inês, também casada, pela primeira vez,
apaixonou-se por ela. Logo deu-se inicio a um caso de amor pecaminoso aos olhos
da igreja. D. Pedro convida Inês para ser madrinha de seu primeiro filho, como uma
forma de a manter por perto.
Dom
Afonso ao descobrir tão obscuro romance, ordena que Inês de Castro retorne a
sua terra de origem. Contudo, quando a esposa de D. Pedro falece, Inês volta a
ser amante de D. Pedro.
Os
anos passam, e advertido por seus conselheiros de que o reino de Portugal está
em perigo devido os filhos ilegítimos que D. Pedro tivera com Inês de Castro,
Dom Afonso IV ordena que Inês de Castro seja morta.
E
aproveitando um dia que D. Pedro se ausentara, os executores do Rei encontram
Inês e a matam, decapitando-a, em 7 de janeiro de 1355 - ela então tinha 30
anos.
Ao
retornar, D. Pedro descobre que Inês fora morta por seu pai Dom Afonso IV, e
então resolve se aliar aos irmãos de sua amada morta e tomar o reino de
Portugal de seu pai.
Quando,
finalmente, D. Pedro toma o reino de Portugal, ordena que os executores de sua
amada sejam mortos, e que Inês de Castro seja rainha de Portugal. E com seu
corpo em adiantado estado de putrefação, ela é coroada perante o público, com
todos as formalidades exigidas, inclusive, com o tradicional beijo na mão em
sua majestade, dado por toda realeza de Portugal ao seu corpo fétido.
Cumprida
sua vingança, o Rei D. Pedro I transfere os restos mortais de sua amada, do
modesto cemitério do Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, para o suntuoso
Mosteiro de Alcobaça, onde D. Pedro I mandou construir dois espetaculares
túmulos para eles.
Seus
túmulos são maravilhosas obras de arte. E não estão dispostos tradicionalmente
lado a lado, mas um de frente pro outro formando uma linha horizontal,
dispostos de forma que fiquem pé com pé, para que no dia que eles se
encontrassem para juntos subirem ao paraíso, pudessem se olhar nos olhos. Porém,
os detalhes impressionantes não param por aí, o túmulo de D. Pedro I é
sustentado por 6 leões, enquanto o túmulo de Inês, lembrando seus algozes,
também é sustentado por 6 leões, mas com uma importante diferença: os leões tem
face humana: os rostos dos seus assassinos. Ao fazer isso, D.Pedro I simbolicamente
condenou os assassinos a sustentar o peso de seu impiedoso ato; e as suas
famílias a lembrar, com vergonha, por várias gerações, de seus ancestrais.
E
desde então, para afirmar que uma situação é irremediável, ou quase, fala-se
“Agora Inês é morta”.
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