Relato
do leitor: Um Toque de MOrte
A
morte manda aviso? Ela pode estar na figura de uma sinistra senhora? Ou tudo é
apenas coincidência nessa vida? Tire suas conclusões lendo este relato assustador:
Cinco
da manhã de uma quinta feira fria, era janeiro de 1965, meu marido nos leva ao
Ver-o-Peso (Belém) para pegar o barco (Naquele tempo não havia alça viária,
pegávamos o barco e quando chegávamos em certo ponto, passávamos para uma balsa
que fazia a travessia do rio Moju) nos despedimos e embarcamos, a primeira
etapa da viagem havia levado cerca de 2 horas,
chegamos ao ponto das balsas, enquanto meu filho e eu aguardávamos, uma
velha andava como se procurasse algo, segurei na mão de Pedro e fiquei
observando, ela se abaixou e molhou a mão na margem do rio, e se aproximou do
meu filho e colocou a mão molhada em seu rosto, ele recuo, eu o tomei no colo
quando seu choro se fez ouvir. A velha foi embora, os mais velhos que ali
estavam, olhavam como se algo horrível tivesse se anunciado.
Passados
uns minutos a balsa transportou a todos para o outro lado do rio Moju, minha
irmã Helena já nos aguardava, assim fomos para a casa dos meus pais. Naquela
mesma tarde fui ver se Pedro estava brincando com os primos, para minha
surpresa ele estava cabisbaixo a beira do poço, eu o levei para dentro, minha
mãe o colocou na rede, e foi fazer um caribé bem forte, quando ela retornou
meia hora depois, ele já ardia em febre.
Aquelas
alturas meu pai mandara chamar o único enfermeiro que havia naquela localidade,
quando este chegou, fez tudo o que pode e passada tantas horas, não entendíamos
por que a febre não baixava.
Amanhece
e meu filho só piorava, chorava de dar dó, não sabia mas o que fazer... foi aí
que minha tia Heloisa apareceu e perguntou tudo o que aconteceu desde a saída
de Belém até chegar no Moju (município situado no nordeste do Pará.) Fui
contando, até que mencionei o episódio da tal velha... ela botou a mão no peito
e fez sinal para que continuasse falando, eu perguntei se ela estava bem, ela
disse que sim, daí fui falando, quando terminei ela disse para mim pegar minhas coisas, e voltar
correndo para Belém, eu aflita perguntei o porquê, então ela apontando para
Pedro disse que ele estava chamando pelo pai (de fato estava mesmo) eu devia
levá-lo para que os médicos em Belém pudessem tratar dele... enquanto eu
arrumava tudo, percebi que tia Heloisa acalentava Pedro, dizendo que logo ele
ia ver o pai...
Voltei
o mais rápido que pude a Belém, entrei em casa Francisco sentado na cozinha,
apenas me olhou enquanto colocava Pedro em seus braços, foi só o tempo de dizer
“papai” e nosso filho morrera em seus braços.
Nunca
nos recuperamos da tragédia, e anos depois eu fui analisando passo a passo o
ocorrido, e cheguei à conclusão que tia Heloisa, parecia saber que meu filho
precisava ver o pai... pois iria morrer... na época eu achei que ela estava
apenas sendo gentil, mas fui lembrando de sua reação naquele dia. Quando voltamos
ao Moju, eu a procurei mas ela nunca confirmou nada, e parecia relutante ao
tocar no assunto que parecera ser mais doloroso para ela do que para mim...
apenas alguns vizinhos muito antigos falaram que existia uma lenda em torno de
uma velha que rondava o ponto das balsas e que marcava crianças para morrer,
porém isso foi na década de 60, hoje em dia pouco se sabe sobre a “A velha da
balsa” e ainda bem que ela sumiu né...
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