terça-feira, 27 de setembro de 2016

RELATO DO LEITOR: O Céu Pode Esperar (por Jani Brito)

RELATO DO LEITOR: o Céu PODE ESPERAR (por Jani Brito)
A morte de um ente querido é uma perda sempre dolorosa, mas para a família Damasceno foi um pouquinho diferente; digamos, com um leve toque fantasmagórico...
Depois de uma longa batalha contra o câncer, Roberto Damasceno filho, caçula do seu Jairo e da dona Lúcia Damasceno, viera a óbito. Foram quase dois anos de luta; e a última esperança morrera quando a cirurgia não dera resultado, mesmo indo para São Paulo, onde havia tratamentos melhores, ele não resistiu.



No dia do enterro, familiares e amigos do jovem estavam consternados, e, carinhosamente, lembravam do rapaz que era muito brincalhão e querido por todos.
No fim da tarde, as pessoas começaram a ir embora do cemitério, e os pais de Roberto ficaram um pouco mais.
Dona Lúcia lembra-se bem quando coisas estranhas começaram a acontecer. A primeira vez foi quando estava criando coragem para entrar no quarto do filho, agora vazio. Ela girara a maçaneta e quase caiu de joelhos, pois a cortina estava meia aberta. (O filho tinha o costume de sempre abrir só um pouco pela manhã, e assim que ele saia, ela sempre fechava). Ela olhou para seu relógio, e notou que o horário estava certinho com o horário do filho.
Assustada, dona Lúcia conta ao esposo o ocorrido, ele diz a esta que deve ser o cansaço, mas no fundo ele sabia...
Na segunda vez, foi o pai quem quase desmaia. Preparava-se para sair de casa e quando foi pegar as chaves, encontrara as chaves do filho no mesmo lugar que ele sempre esquecia, na janela da sala, motivo que a mãe sempre lhe dava sermões por isso.
Quando Roberto adoeceu, seus pertences estavam todos guardados em seu quarto, e a janela permanecera fechada, depois que viajaram para São Paulo; havia ficado tanto tempo fechada, que não podia ser aberta sem esforço, recorda seu sobrinho Júlio.
Várias coisas aconteciam pela casa: pequenos objetos mudavam de lugar constantemente, como se seguissem a rotina de Roberto quando vivo. Alguns familiares ficaram sabendo e diziam para o casal tomar providencias que se fosse o filho deles, significaria para eles que este não estava em paz e que algo havia de ser feito. Mas a mãe de Roberto sabia que não era nada daquilo, pois se o espirito do filho estava ali era porque queria estar perto da família.
Isso durou por dias. Porém, no dia seguinte à missa de sétimo dia, tudo voltara ao normal. Foi então que após uns dois meses, o primo de Roberto, Júlio, chegou à casa dos tios, ansioso e tremendo — lembra-se Júlio —, o rapaz então desvendara o mistério. Em seu celular gravara a visita que fizera ao primo no hospital e nele podia-se ver e ouvir Roberto dizer:
— Quando eu morrer vou ficar mais uma semana na terra, lá em casa, antes de ir para o paraíso.
Em seguida se ouve a voz de Júlio, o primo que indaga:
— Não diz isso.
A gravação termina, e os pais de Roberto choram — relata Júlio. O filho agora estava no paraíso — Pensavam eles.
* Relato contado por Júlio, sobrinho de Dona Lúcia e Jairo Damasceno, que vive em Belém, enquanto seus tios moram hoje em Santarém (PA); e colhido e escrito por Jani Silva.
Jani Silva
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