RELATO
DO LEITOR: o Céu PODE ESPERAR (por Jani Brito)
A
morte de um ente querido é uma perda sempre dolorosa, mas para a família Damasceno
foi um pouquinho diferente; digamos, com um leve toque fantasmagórico...
Depois
de uma longa batalha contra o câncer, Roberto Damasceno filho, caçula do seu
Jairo e da dona Lúcia Damasceno, viera a óbito. Foram quase dois anos de luta;
e a última esperança morrera quando a cirurgia não dera resultado, mesmo indo
para São Paulo, onde havia tratamentos melhores, ele não resistiu.
No
dia do enterro, familiares e amigos do jovem estavam consternados, e,
carinhosamente, lembravam do rapaz que era muito brincalhão e querido por
todos.
No
fim da tarde, as pessoas começaram a ir embora do cemitério, e os pais de
Roberto ficaram um pouco mais.
Dona
Lúcia lembra-se bem quando coisas estranhas começaram a acontecer. A primeira
vez foi quando estava criando coragem para entrar no quarto do filho, agora
vazio. Ela girara a maçaneta e quase caiu de joelhos, pois a cortina estava meia
aberta. (O filho tinha o costume de sempre abrir só um pouco pela manhã, e
assim que ele saia, ela sempre fechava). Ela olhou para seu relógio, e notou
que o horário estava certinho com o horário do filho.
Assustada,
dona Lúcia conta ao esposo o ocorrido, ele diz a esta que deve ser o cansaço,
mas no fundo ele sabia...
Na
segunda vez, foi o pai quem quase desmaia. Preparava-se para sair de casa e
quando foi pegar as chaves, encontrara as chaves do filho no mesmo lugar que
ele sempre esquecia, na janela da sala, motivo que a mãe sempre lhe dava
sermões por isso.
Quando
Roberto adoeceu, seus pertences estavam todos guardados em seu quarto, e a
janela permanecera fechada, depois que viajaram para São Paulo; havia ficado
tanto tempo fechada, que não podia ser aberta sem esforço, recorda seu sobrinho
Júlio.
Várias
coisas aconteciam pela casa: pequenos objetos mudavam de lugar constantemente, como
se seguissem a rotina de Roberto quando vivo. Alguns familiares ficaram sabendo
e diziam para o casal tomar providencias que se fosse o filho deles, significaria
para eles que este não estava em paz e que algo havia de ser feito. Mas a mãe
de Roberto sabia que não era nada daquilo, pois se o espirito do filho estava
ali era porque queria estar perto da família.
Isso
durou por dias. Porém, no dia seguinte à missa de sétimo dia, tudo voltara ao
normal. Foi então que após uns dois meses, o primo de Roberto, Júlio, chegou à
casa dos tios, ansioso e tremendo — lembra-se Júlio —, o rapaz então desvendara
o mistério. Em seu celular gravara a visita que fizera ao primo no hospital e
nele podia-se ver e ouvir Roberto dizer:
—
Quando eu morrer vou ficar mais uma semana na terra, lá em casa, antes de ir
para o paraíso.
Em
seguida se ouve a voz de Júlio, o primo que indaga:
—
Não diz isso.
A
gravação termina, e os pais de Roberto choram — relata Júlio. O filho agora
estava no paraíso — Pensavam eles.
*
Relato contado por Júlio, sobrinho de Dona Lúcia e Jairo Damasceno, que vive em
Belém, enquanto seus tios moram hoje em Santarém (PA); e colhido e escrito por
Jani Silva.
Jani Silva
Contatos: Facebook
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