A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CÍRIO QUE A IGREJA NÃO QUER QUE VOCÊ SAIBA
O
Círio de Nazareth é uma manifestação religiosa que acontece todo ano, no
segundo domingo de outubro, na cidade de Belém (PA). É considerada a maior manifestação
religiosa do cristianismo, e uma das maiores manifestações religiosas do mundo,
capaz de reunir, aproximadamente, 2 milhões de devotos, que se reúnem para
cultuar Maria e pagar promessas feitas em seu nome. Seu nome vem da palavra
latina “Cereus”, que significa vela grande, devido ter sido em suas origens, ao
contrário do atual, realizado à noite, justificando o uso de velas.
A
LENDA DO CÍRIO DE NAZARETH
Reza
a lenda que, em 1700, Plácido, um caboclo, descendente de portugueses e de
índios, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área correspondente, hoje,
aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena estátua de Nossa Senhora
da Nazaré. Essa imagem, réplica de outra que se encontra em Portugal, entalhada
em madeira com aproximadamente 28 cm de altura, encontrava-se entre pedras
lodosas e bastante deteriorada pelo tempo e pelos elementos.
Plácido
levou a imagem consigo para casa, onde, tendo-a limpado, improvisou um altar.
De acordo com a tradição local, a imagem retornou inexplicavelmente ao lugar do
achado por diversas ocasiões até que, interpretando o fato como um sinal
divino, o caboclo decidiu erguer às próprias custas uma pequena capela no
local, como sinal de devoção.
A divulgação do milagre da imagem santa atraiu a
atenção dos habitantes da região, que passaram a acorrer à capela, para
render-lhe homenagem. A atenção do então governador da Capitania, Francisco da
Silva Coutinho, também foi atraída à época, tendo este determinado a remoção da
imagem para a Capela do Palácio da Cidade, em Belém. Não obstante ser mantida
sob a guarda do Palácio, a imagem novamente desapareceu, para ressurgir na
pequena capela. Desse modo, a devoção adquiriu caráter oficial, erguendo-se
atualmente, no lugar da primitiva capela, a suntuosa Basílica de Nossa Senhora
de Nazaré.
Fato
que, supostamente, teria dado origem a procissão do Círio de Nazareth.
Mas,
se a explicação acima, tão cheia de mistérios e possibilidades de falseamento,
não lhe convenceu, temos uma explicação mais simples e histórica para lhe dar.
O CRISTIANISMO DE CONTANTINO E
O CULTO A MARIA
O
Círio de Nazareth faz parte das festividades de culto a Maria, celebrado em
todos os países católicos. Festividade que foi criada pela igreja católica com
a finalidade de prestar homenagem àquela que é considerada mãe de Jesus. Foi
oficializado pela igreja a partir do séc. V, no Concílio de Éfeso, em 431. “O
próprio conselho foi realizado em uma igreja que havia sido dedicada a Maria
cerca de cem anos antes”.
O
que chama atenção ao culto à Maria é: como pode um personagem que lhe foi dado
tão pouco espaço nos textos bíblicos (nos evangélicos Maria profere apenas sete
frases - limitação, em parte, totalmente explicável devido ao extremo machismo
da religião cristã, bastante claro nas palavras de Paulo de Tarso: "Como
em todas as comunidades de fiéis, que as mulheres se calem nas assembléias,
pois não lhes é permitido falar; que estejam submissas, como diz a lei."
(Primeira Epístola aos Coríntios, 14:34-35) possuir tanto destaque em seus
cultos, tornando-se tão importante, no cristianismo católico, quanto o culto a
Cristo, que é o centro de toda doutrina cristã?
E
mais: Quando Maria conversa com Jesus nos textos bíblicos, nenhum tratamento
especial é dado a ela por este, que pudesse justificar o seu grande culto, nem
mesmo de mãe, Jesus a chama, se limitando a chamá-la apenas de “mulher”,
demonstrando sua natureza comum a outras mulheres; como nesta passagem:
A mãe de Jesus disse-lhe: Eles
não têm mais vinho.
Respondeu-lhe Jesus: Que tenho
eu contigo, mulher? ainda não é chegada a minha hora. (João
2:4).
Uma
explicação histórica pode desvendar a grande importância conferida a Maria no
catolicismo.
A
fim de evitar que disputas religiosas dividissem seu império, o imperador
Constantino oficializou o cristianismo como uma das religiões oficiais do
império romano; mas isto não foi o bastante, pois querendo manter a unidade do
império, ele criou uma forma de cristianismo que contivesse elementos de outras
religiões, a fim de torná-lo familiar a devotos não cristãos e facilitar
conversões a sua forma de cristianismo; de modo que se tornasse uma religião
universal, ou como é traduzido para o grego - sua língua original - CATÓLICO,
como também pretendia que fosse seu império. Sendo assim, muitos cultos, que
não possuem bases bíblicas, foram sendo introduzidos como parte dos cultos
cristãos, copiados de religiões não cristãs, como o culto aos santos, que são
espécies de semi-deuses humanos, capazes de feitos miraculosos, e que, como a
antiga tradição da religião romana, cada cidade católica teria um santo
protetor, como em Roma era atribuído a deuses romanos; e como não poderia ser
diferente, o culto a Maria, mãe de Jesus, também é uma cópia de cultos não cristãos. (Acesse: O Imperador Constantino e a Criação da Bíblia - Parte 2).
No
culto a Maria, é comum que seus devotos passam a vê-la não apenas como mãe de
Jesus, mas como mãe de toda a humanidade; Maria é chamada de rainha do céu;
virgem miraculosa; mãe misericordiosa, etc. Porém, no Império Romano havia um
culto semelhante, extremamente popular, dedicado a uma antiga deusa, em que
seus devotos se vestiam de branco, para demonstrar a pureza de sua virgindade,
em procissão pela cidade, em que uma imagem de sua deusa era carregada por seus
devotos, e em que promessas feitas em seu nome eram pagas: era o culto a deusa Ísis,
chamada também por seus devotos de Rainha do céu, Mãe de Deus etc.
À Esquerda, Ísis e Hórus ao Lado de Maria e Jesus |
O
culto a Ísis tem sua origem no antigo Egito, aproximadamente 30 séculos antes
de Cristo. Ísis, assim como Maria, tinha sido uma virgem que havia dado luz a
um deus, Hórus; e junto com seu filho e o pai deste, Osíris, formava, assim
como Maria, José e Jesus, a Sagrada Família da religião egípcia, 3 mil anos
antes da religião cristã.
Contudo,
a partir do séc. V, o culto a Ísis foi pouco a pouco sendo extinto pelos
cristãos; porém podemos dizer que foram pouco a pouco sendo substituído pelo
culto a Maria. E que a semelhança desta com Ísis foi, certamente, um grande
motivo de conversão ao cristianismo, como pretendia Constantino.
Acima, Inúmeras Deusas-Mães de Outras Religiões |
Na
verdade, a própria deusa Isis, por sua vez, já representava deusas mais
antigas, de uma longa linhagem que se perde na pré-história; chegando a mais antiga
que temos conhecimento, a Deusa-Mãe, que representava a fecundidade e o Sagrado-Feminino
presente na natureza. Possivelmente pertencente a uma era em que as religiões
eram dominadas não por figuras masculinas, mas maternais, femininas.
Deusa-Mãe Pertencente a Pré-História |
PROMESSAS
E SACRIFÍCIOS
Um
dos atrativos da romaria do Círio de Nazareth são as promessas pagas, feitas em
nome de Maria. Geralmente são promessas pagas com sacrifícios físicos, seja
puxando a corda que carrega a imagem da santa, em meio ao aperto da aglomeração
de pessoas, sob o intenso calor; seja caminhando todo o percurso de joelhos, ou
caminhando com objetos pesados sobre a cabeça, que correspondem a promessa,
etc.
Como regra geral, é associado o pagamento da promessa ao sacrifício físico
do devoto. Mesmo neste ponto podemos encontrar semelhanças entre o tipo de
sacrifício exigido no Círio com o sacrifício feito em religiões não cristãs,
como no judaísmo, em que é oferecido o sacrifício físico à deus, porém não
sacrifício humano mais de um animal, enquanto ao culto à Maria, lhe é oferecido
o próprio sacrifício do devoto.
CONCLUSÃO
Acreditar
que possa existir uma religião que seja independente de outra, que não tenha
herdado nem uma tradição anterior a esta, é impossível, como deixa claro a
própria religião cristã.
Para Saber Mais: Círio de Nossa Senhora de Nazaré - Wikipédia
O Imperador Constantino e a Criação da Bíblia - Parte 2
Para Saber Mais: Círio de Nossa Senhora de Nazaré - Wikipédia
O Imperador Constantino e a Criação da Bíblia - Parte 2
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