sábado, 28 de maio de 2016

O IMPERADOR CONSTANTINO E A CRIAÇÃO DA BÍBLIA - Parte II


CONSTANTINO INVENTOU O CRISTIANISMO?
Leia Antes: O Imperador Constantino e a Criação da Bíblia - Parte I
É preciso dizer que antes de existir o Cristianismo como conhecemos hoje, havia várias seitas cristãs, com concepções bem diferentes entre si e centenas de evangelhos com concepções também diferentes dos aceitos hoje. Havia, por exemplo, os Ebionitas, um grupo de cristãos que não acreditavam na divindade de Cristo; os cristãos gnósticos, que acreditavam que a salvação da alma estaria na prática de certos conhecimentos secretos só ensinados aos que fizessem parte da seita; os cristãos judeus, que mesmo cultuando Cristo mantinham-se fiéis a tradição do Judaísmo; e tantas outras concepções.
Uma boa demonstração da existência de concepções diferentes de cristianismo, podemos encontrar na própria Bíblia, na Carta aos Gálatas, de autoria do apóstolo Paulo de Tarso, em 2:11, quando Paulo nos conta que repreendeu o apóstolo Pedro: “Quando, porém, Pedro veio a Antióquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível”. Isso deveu-se ao fato de que “na época cristãos judeus continuavam a viver a sua maneira e Paulo, teimosamente, não lhes levou em conta o desejo de permanecer sob o pálio do Judaísmo”, ou seja, Paulo e Pedro tinham concepções diferentes de cristianismo. Para o primeiro, o Cristianismo representava uma ruptura radical com o Judaísmo, enquanto o segundo mantinha o Cristianismo ligado a tradição Judaica. Se essa desavença aconteceu nos primórdios do Cristianismo imagine dois séculos depois, como no tempo de Constantino. No tempo dele as desavenças entre cristãos chegou a tanto que havia brigas e mortes entre grupos com concepções cristãs rivais, que fez com que, afim de não haver separações mais radicais no Cristianismo, e botar a unidade de seu império a perder, levou Constantino a organizar uma reunião com todas as autoridades cristãs mais importantes da época para discutirem pontos centrais da doutrina cristã, e chegar a um consenso. Essa famosa reunião, que foi patrocinada pelo próprio imperador, e que contou com mais de 300 autoridades cristãs, realizou-se em 325 da era cristã, e chamou-se CONCÍLIO DE NICÉIA.


No Concílio de Nicéia foi discutido questões, como: a data de nascimento de Cristo; a data da páscoa cristã; a natureza de Jesus Cristo: se ele foi criado por deus, e por isso tinha uma natureza diferente de deus, ou, se, ao contrário, era idêntico a deus; e talvez a mais importante questão de todas: Quais os livros cristãos que seriam reconhecidos como verdadeiros pela igreja, e os falsos, chamados de apócrifos, que deveriam ser destruídos.
Após o Concílio de Nicéia deu-se início a destruição de todos os escritos que fosse contrário ao Cristianismo professado nesse concílio, e a perseguição a todos que defendessem ideias cristãs diferentes.
Aqui surge um fato extremamente curioso. No evangelho de Mateus (16:18), Jesus Cristo diz ao apóstolo Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. (Vale citar que o nome Pedro, se origina da palavra grega Pétros, significando pedra).  Ou seja, Cristo destaca em Pedro a autoridade maior dos doze discípulos, um líder destes; Pedro será aquele que representará Cristo, que por meio dele continuará seus ensinamentos. Porém, dos 27 livros que compõem o Novo Testamento, apenas uma carta é de autoria de Pedro, enquanto 13 livros são referidos como de autoria de outro apóstolo que, ao contrário de Pedro, não fez parte dos 12 discípulos de Cristo que conviveram com ele: Paulo de Tarso.
Paulo não apenas é o autor cristão com maior número de obras na bíblia, como é o autor que é dado maior destaque: ele, ao contrário das outras personalidades cristãs, tem sua vida e seu trabalho de disseminar o Cristianismo contado em detalhes nas páginas bíblicas: é o único autor cristão com biografia bíblica.
Não é estranho que a Bíblia não dê a Pedro a mesma importância que Jesus Cristo lhe concedeu? Talvez em Constantino esteja a solução para esse mistério.
Por que será que na escolha dos livros oficiais da igreja, que compõem a Bíblia, maior atenção foi dada a Paulo? Muitos dirão que o critério de tal escolha foi o fato das obras de Paulo ser os mais antigos documentos cristãos.
Sim, as obras de Paulo de Tarso são as obras mais antigas do Cristianismo, são anteriores até aos quatro evangelhos oficiais da igreja. Contudo mesmo que a Carta aos Tessalonicenses, de Paulo, seja considerada o documento cristão mais antigo, não significa, claro, que represente a mais antiga ou a mais primitiva das crenças cristãs — lembremos das diferentes concepções de Cristianismo entre Pedro e Paulo, citado anteriormente.
Aliás, a Carta aos Tessalonicenses, de Paulo, tido como seu mais antigo escrito que chegou até nós, se demonstrou contendo profecias que mais tarde se mostraram falsas. Nessa carta, endereçada a uma pequena comunidade cristã situada na Grécia, em Tessalônica, Paulo os adverti de não praticarem a prostituição, para mantê-los em estado de pureza para esperarem a vinda próxima de Jesus na crista de uma nuvem, que os levaria consigo. “Foram inverdades, e desde que Jesus não voltou nem pairou sobre as nuvens naquele porto grego, como é que o autor da profecia goza de tanta influência e respeito entre os povos cristãos?”1 E até mais que o próprio Pedro, apontado por Jesus como seu representante?
A Resposta é simples: Pelo fato da concepção de Cristianismo de Paulo de Tarso ser mais conveniente com o Império Romano, e, consequentemente, com seu imperador Constantino.
Paulo sempre pregou em seus escritos que os devotos cristãos reconhecessem a autoridade do Império Romano, e que contribuíssem com impostos a Roma. A concepção política de Paulo, resumida em "Todo poder vem de Deus" (Rom. XIII,1) também pareceria bastante conveniente a um imperador. Pois Paulo ao afirmar que todo poder emana de deus, acaba concebendo que o poder dos imperadores também vem de deus, dado por deus, tornando-os representantes do poder divino. E sendo um poder de origem divina, apenas deus poderia tirá-lo. Isto era tudo que Constantino procurava em sua vida: uma base firme para seu poder de imperador, que não poderia ser quebrado por mãos humanas.
Não podemos ser tão ingênuos ao ponto de acreditar que Constantino não teve nenhuma influência no Concílio de Nicéia. E é no sentido de que houve, sim, tal influência, que podemos dizer que o imperador Constantino foi um dos criadores do Cristianismo, como passou a ser conhecido a partir de então.
CRISTIANISMO, A RELIGIÃO DO IMPERADOR CONSTANTINO
Como foi visto anteriormente, rivalidades religiosas no gigante Império Romano ameaçava sua unidade, e consequentemente o poder dos imperadores romanos; e após tornar livre a religião Cristã, Constantino passou a privilegiá-la, dando a ela cada vez mais poder. Passando a ver nela a solução para evitar as disputas religiosas: criar uma religião que fosse universal — na língua grega CATÓLICO. E nada melhor para que uma religião seja universal do que conter em si fatos comuns a outras religiões. Por isso o Cristianismo pós Concílio de Nicéia, atribuiu a Jesus Cristo tantas características de outros deuses de outras religiões e nações:
Jesus nasce de uma virgem, como Dionísio, Hórus, Krishna, etc. Aliás nascer de uma virgem parecia ser moda naquela época para os deuses.
Jesus teve doze discípulos, como o deus Mitra; pronunciou um Sermão da Montanha, foi chamado de Bom Pastor, se sacrificou pela paz do mundo também como este deus pagão.
Jesus morreu crucificado pela salvação da humanidade, como o deus Átis, Mitra, Dionísio etc., e ressuscitou no terceiro dia, também como Átis, Mitra, Dionísio etc.


Deus Mitra, em Alto Relevo, e Jesus Cristo, em Mosaico
Jesus ensinou no templo aos 12 anos, curou enfermos, caminhou sobre a água, como Buda, e também como este deus hindu, fez o milagre da multiplicação de alimento para alimentar muitas pessoas.
Jesus foi filho de um carpinteiro, seu nascimento foi anunciado por uma estrela no oriente e esperado por pastores que lhe presentearam com especiarias, assim como o deus indiano Krishna.
E por aí vai...
Incríveis coincidências!!! Coincidências???
TEODÓSIO, O CONTINUADOR DE CONSTANTINO
O próximo imperador, logo após Constantino falecer, foi Teodósio (347 - 395), que radicalizou as ideias de seu antecessor.


Em 391 da era cristã, Teodósio torna o Cristianismo a única religião oficial do Império Romano, perseguindo todas as religiões não cristãs; forçando todos a se converterem ao Cristianismo de Constantino e destruindo templos pagãos e construindo em seus lugares templos cristãos.

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