Infelizmente,
o termo magia sexual está envolto em uma névoa lúgubre. Ele traz à mente
imagens fantasiosas de orgias e atitudes pornográficas de depravação dramática.
O estilo de vida excêntrico e escandaloso de Crowley alimentava a imaginação da
sociedade. Por conta disso, qualquer percepção pública ao seu respeito era
maculada por uma aura de maldade e blasfêmia. É verdade, Crowley chocava a
qualquer um digno de choque. No entanto, para o desapontamento de pretensos
magistas, magia sexual se trata de uma disciplina espiritual yogī da mais
elevada ordem. Sua execução demanda um treinamento físico intenso e uma mente
meditativa unidirecionada.
A teoria subjacente por trás das práticas é um
desafio à mente e à imaginação como os postulados da física quântica. No
entanto, a chave fundamental da magia sexual é impressionantemente simples,
podendo ser resumida na palavra êxtase – o estado de consciência divino que
experimentamos quando temporariamente obliteramos o sentido de separatividade
com o Absoluto no momento do orgasmo. Nesse momento curto, embora eterno, o Ser
se torna o Todo e quando nos tornamos o Todo, não existe nada que não possa ser
criado.
Os
estudantes de hoje são desafiados com a linguagem utilizada por Crowley em seus
escritos, que os produzia na intenção de camuflar uma discussão direta sobre o
tema. Essa linguagem crepuscular adotada por Crowley não se dava apenas por
suas obrigações para com a O.T.O., mas também por conta da legalidade. Em sua
época – e até os dias de hoje em algumas partes do globo – era ilegal publicar
qualquer tipo de informação com conteúdo sexual. Portanto, ele se via obrigado
– e ironicamente encantado – a utilizar um jogo de palavras que velava o
mistério aos olhos do profano.
Impossível dissuadi-lo, ele utilizava sua
genialidade para esboçar metáforas de magia chocantemente explícitas como ele
queria. Ao orgasmo e êxtase ele se referia como morte e sacrifício; os fluídos
sexuais – elementos sagrados usados como eucaristia há milênios pela tradição
tântrica vāmācāra – ele chamou sangue, água ou elixir; o pênis ele chamou de
lança, baqueta, crucifixo ou cruz; a vagina de cálice, rosa ou graal. Em Magia
em Teoria Prática (Capítulo XII), ele diz: Você terá problemas com esse
capítulo a menos que compreenda seu significado. A essa passagem ele faz uma
nota:
Existe
um ditado tradicional que diz que quando o Adepto faz declarações honestas e
compreensíveis, é quase certo que ele quis dizer algo completamente diferente.
A Verdade é, no entanto, claramente exposta em suas palavras. É sua
simplicidade que confunde os indignos. Eu escolhi determinadas expressões nesse
Capítulo de tal modo que sejam susceptíveis de induzir ao erro aqueles magistas
que permitem que interesses egoístas maculem sua inteligência, mas também para
prover lampejos úteis àqueles compelidos por seu juramento a devotar seus
poderes para causas legítimas.
FONTE: submundo
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