A
LENDA DA MOÇA DO TÁXI (por Walcyr Monteiro)
Cerca
de 22 horas. Raimundo dirigia pela Av. Independência em direção ao Largo de
Nazaré (praça Just Chermont). Quase chegando a travessa 14 de Março, uma jovem
fez o sinal para o táxi, Raimundo parou.
—
Por favor, deixe-me na Av. José Bonifácio de frente ao cemitério de Santa
Isabel.
O
motorista seguiu para o endereço dado. Ao chegar, a moça falou:
—
Estou sem dinheiro trocado, mas senhor faça favor de cobrar amanhã, nesse
endereço.
Entregou
um pedaço de papel a Raimundo, no qual estava escrito seu nome e seu endereço,
fale com meu pai. Meio contrariado, o motorista segurou o papel que lhe era
oferecido.
—
Mas logo hoje, que a renda esta fraca. Pensou!
O
taxista, meio aborrecido, pergunta:
—
Mas afinal, onde a senhora quer ficar?
—
Depois lhe direi. Não se aborreça comigo, por favor. O senhor cobrará depois o
quanto quiser. No momento não vou a lugar nenhum. Estou apenas passeando. Sabe?
Hoje é meu aniversário, e meu pai, todos os anos me dá de presente uma volta de
táxi pela cidade. Ele pagará quanto o senhor pedir.
Afinal
tudo é possível, pensou o motorista acompanhando a turista em sua própria
cidade fazendo ele mesmo turismo forçado. Olhava toda cidade.
Era
como se só saísse uma vez durante o ano. Ela relata as modificações nos vários
bairros de Belém. Depois de tê-lo percorrido, pediu para ser deixada no cemitério
de Santa Isabel.
—
Pode deixa-me aqui — disse a moça. Agora vou andar um pouco a pé. Muito
obrigado pro tudo, principalmente pela sua paciência.
—
Muito bem moça — disse o motorista. — Feliz aniversário. Mas... e a corrida?
—
Ah! sim, desculpe, ia esquecendo. Cobre com meu pai neste endereço diga-lhe que
é meu presente de aniversário, muito obrigada de novo. Até logo.
Raimundo
ou Walter, ou Augusto ou José ou qualquer que seja o motorista, conta sempre a
mesma história para a cobrança da corrida. Isto tanto faz no caso de deixarem a
moça a noite no cemitério de Santa Isabel.
No
dia seguinte, pela manhã o motorista foi ao endereço dado pela moça.
—
Bom dia! mora aqui o senhor fulano?
—
Bom dia! sim, mora, o que deseja?
—
Vim cobrar uma corrida de táxi da filha dele.
—
Mas ele não tem filha, ou melhor nós não temos filha porque sou a esposa dele.
—
Não é possível!
—
Ora não tenho porque lhe mentir...
—
Mas ontem uma moça assim, assim, correu toda a cidade em meu carro e me mandou
cobrar aqui, dizendo ser sua filha e que o passeio era presente de aniversário.
A
senhora ficou assustada.
—
Olhe já lhe disse que não temos filhas...
Nesse
momento, pela porta entre aberta, o motorista nota o retrato de uma moça e,
apontando-o diz:
—
A moça é aquela ali!
A
senhora começa a chorar.
—
Não é possível... aquela moça era nossa filha... Mas ela já morreu a tanto
tempo... e, realmente, o pai costumava li dar de presente uma volta de táxi
pela cidade.
O
motorista começa a ficar nervoso já não lhe interessa a cobrança da corrida. Só
quer esclarecer se a moça que pegou o táxi estava viva ou não. O caso é
solucionado pela chegada do pai, que afirma a morte da moça. Levou o motorista
ao cemitério, e lá mostrou o túmulo onde o motorista ver um retrato igual ao
que havia na casa.
Está
história, que é das mais divulgadas em Belém, tem diversas versões. Em relação
a cobrança da corrida: os pais da moça só estranharam a primeira vez que caso
passou; dai em diante, quando qualquer motorista que vai cobrar a conta eles
pagam tranquilamente, apenas fazendo referência ao fato de que a moça já morreu
e solicitam orações pela sua paz.
Sobre
a reação do motorista uma versão conta que ele encarou o fato com naturalidade;
segundo outra; foi cometido de forte crise nervosa, sendo necessário o seu
internamento em hospital, após o que teve alta, saindo perfeitamente
recuperado; segundo uma terceira, morreu no hospital Juliano Moreira,
completamente louco. Os informantes desta história foram diversos motoristas de
táxis e mais o senhor Walter de Souza Moreira.
BIOGRAFIA:
4ª Edição do livro Visagens e Assombrações de Belém. Escrito por: Walcyr
Monteiro.
SOBRE
JOSEPHINA CONTE
Nasceu:
19 de abril de 1915. Faleceu: Em 1931 aos 16 anos.
Josephina
gostava muito dos bailes de salão e do carnaval Paraense. Certo dia, a moça
amanheceu bastante fraca, preocupando toda família. Seu pai, trouxe médicos do
exterior, porém, sua morte foi inevitável. A sua morte é um grande mistério, radiografia
indicava que nos seus pulmões havia objetos pontiagudos, parecidos com
alfinetes.
Reza
a lenda que Josephina aparecerá de novo no dia 19 de abril, às 22hs, de 2017.
Nota-se que está de vestido com um broche em forma de um carro.
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