AFINAL,
QUEM ERAM AS BRUXAS?
Quando
se pronuncia a palavra “BRUXA”, certamente a primeira imagem que vem a mente da
maioria das pessoas é a figura, tirada de filmes infantis ou de desenhos
animados, de uma mulher idosa, portando chapéu pontiagudo, metida em um vestido
negro longo com seu caldeirão e vassoura, não raro, com um gato preto no ombro.
Hoje a figura da bruxa se tornou inofensiva, usada como personagem infantil ou
como sinônimo de mulher insuportável, enquanto no passado, esta palavra só inspirava
medo, tanto que qualquer mulher podia ser condenada a morrer da forma mais
horrível possível (apedrejada ou queimada na fogueira, à vista de todos) bastando
apenas que alguém levantasse a mínima suspeita sobre ela.
Um
dos grandes responsáveis por tornar popular, até os dias de hoje, a imagem das
bruxas foi um livro, O MALLEUS MALEFICARUM — em tradução do latin para o
português, significa “O Martelo das Bruxas”. Este livro, escrito por dois
bondosos representantes de deus na terra, os padres Heinrich Kramer e Jacobus
Sprenger, foi publicado em 1486 (ou 1487), e nada mais é do que um manual para
identificar as bruxas; reconhecer os efeitos de seus feitiços; caçá-las e
condená-las à morte, segundo as leis da igreja; ensinava também a torturá-las
para melhor obter suas confissões.
Em suas páginas você poderá encontrar a imagem
clássica das bruxas com seu caldeirão, descrito no livro como o meio pelo qual
as bruxas faziam unguentos dos corpos de recém-nascidos, como uma das fontes de
seus sortilégios; era também por meio desses unguentos que elas, após untar
suas vassouras com ele, podiam voar nas mesmas indo para os sabás, nome dado
aos encontros das bruxas com o Diabo, que muitas vezes tomava forma de sapos,
bodes, gatos pretos etc.
O
livro também aponta as bruxas, que por meio de um pacto feito com o próprio
Diabo, seriam responsáveis por fatos que hoje ninguém, com a sanidade perfeita,
diria serem elas suas causas, tais como abortos, pragas atacando plantações, doenças
em animais domésticos, etc. Se, por exemplo, um dia um marido não conseguisse
mais uma boa ereção, em vez de apontarem o estres provocado pelo trabalho, o cansaço,
problemas psicológicos ou simplesmente a falta de tesão por sua esposa como causa,
como se faz hoje em dia com a ajuda da ciência, mas não, naqueles tempos eram
bem diferentes, pois vivia-se assustado com as ideias popularizadas pela igreja
de que as artimanhas do Diabo poderia estar em qualquer ato humano, pronto para
influência a mente humana, principalmente daqueles que se afastassem um pouco
das regras da igreja, sendo assim, logo qualquer mulher, não vista com bons
olhos pela comunidade, poderia ser apontada como a bruxa responsável por tais sortilégios.
E
tudo o que, em sanguinário livro, é apontado como "sintomas e
indícios" de possessão demoníaca seriam hoje classificados apenas distúrbios
mentais, como histeria e alucinações. E após horas prolongadas da mais terrível
tortura, é fácil de imaginar que as vítimas eram levadas a confessarem qualquer
coisa.
AS
BRUXAS
Em
muitas culturas anteriores a cristã, a mulher era objeto de adoração e respeito,
pois era por meio delas que a vida nascia e se renovava. Contudo, após a
cultura cristã as coisas mudaram muito. A mulher passou a ser vista como um ser
diabólico; o meio pelo qual, tal como Eva, o Diabo influenciaria os homens. Ou
como descreve o MALLEUS MALEFICARUM: "Mas a razão natural está em que a
mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas
abominações carnais".
Acrescente
a isso a perseguição cristã contra tudo o que não fizesse parte da religião
cristã. E para as autoridades cristãs tudo o que não era cristão devia ser da
parte do Diabo. Levando-os a demonizar tudo aquilo que não se enquadrava como
parte da religião cristã, principalmente religiões que não fossem cristãs. E grande
parte das mulheres perseguidas pelo MALLEUS MALEFICARUM eram mulheres que ainda
possuíam resquícios da cultura pagã como parte de suas crenças. Desse modo, se
alguma mulher possuísse conhecimentos de ervas medicinais, tivesse o hábito de
consultar os astros, ainda cultuassem deuses pagãos etc., poderia ser facilmente
apontada como uma perigosa e diabólica bruxa.
O
MALLEUS MALEFICARUM foi um livro bastante usado pela igreja católica durante o
período da inquisição, aliás, foi escrito para ela, para este monstruoso
movimento que condenava à morte pessoas que possuíam crenças diferentes do
cristianismo ou não participassem dos rituais impostos pela igreja. Este livro
foi responsável por centenas de milhares de mortes, na fogueira, de pessoas
tidas como bruxa ou por terem feito supostos pactos com o Demônio.
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