segunda-feira, 29 de maio de 2017

RELATO DO LEITOR: A Visita do Filho Morto


RELATO DO LEITOR: A Visita do Filho Morto
Há dois anos, perdi um filho que faleceu de repente, de um mal súbito. Durante mais de um anos era impossível não pensar todos os dias nele, no ocorrido, no absurdo que é a morte de alguém com quem você está tão acostumado, e que, de repente, se vai para nunca mais se ter contato com ele; é quando vemos que tudo, subitamente, pode mudar em nossas vidas de um instante para outro; isso traz à tona o quanto temos pouco poder sobre nossas vidas.
Em uma manhã, após um ano de seu falecimento, eu, ao acordar sob a leve penumbra do quarto, ao abrir os olhos, o vejo sentado à beira da minha cama, a olhar-me. Porém, quando vi sua imagem e fixei os olhos nela, a imagem se desfez como fumaça.
Sua imagem era nítida; era como se ele estivesse mesmo ali, vivo, na minha frente, a me olhar; porém, havia uma diferença importante na imagem, ela não possuía movimento, era como uma fotografia.
Foi um contato espiritual com ele?, não sei. Talvez tenha sido uma dessas imagens que a psicologia chama de Imagem Eidética, ou Memória Fotográfica — a ausência de movimento na imagem dele pode ser um sinal disso — em que temos memória tão nítida de algo que parece que aquilo está alí na nossa frente, com todos os detalhes possíveis, como uma projeção de nosso pensamento. Em grande parte, nossas vidas são apenas projeções de nossa mente.

*Este Relato foi Escrito por Bosco Silva, Administrador do Blog BORNAL.

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