RELATO
DO LEITOR: A Visita do Filho Morto
Há
dois anos, perdi um filho que faleceu de repente, de um mal súbito. Durante
mais de um anos era impossível não pensar todos os dias nele, no ocorrido, no
absurdo que é a morte de alguém com quem você está tão acostumado, e que, de
repente, se vai para nunca mais se ter contato com ele; é quando vemos que
tudo, subitamente, pode mudar em nossas vidas de um instante para outro; isso
traz à tona o quanto temos pouco poder sobre nossas vidas.
Em
uma manhã, após um ano de seu falecimento, eu, ao acordar sob a leve penumbra
do quarto, ao abrir os olhos, o vejo sentado à beira da minha cama, a olhar-me.
Porém, quando vi sua imagem e fixei os olhos nela, a imagem se desfez como
fumaça.
Sua
imagem era nítida; era como se ele estivesse mesmo ali, vivo, na minha frente,
a me olhar; porém, havia uma diferença importante na imagem, ela não possuía movimento,
era como uma fotografia.
Foi
um contato espiritual com ele?, não sei. Talvez tenha sido uma dessas imagens
que a psicologia chama de Imagem Eidética, ou Memória Fotográfica — a ausência
de movimento na imagem dele pode ser um sinal disso — em que temos memória tão
nítida de algo que parece que aquilo está alí na nossa frente, com todos os
detalhes possíveis, como uma projeção de nosso pensamento. Em grande parte,
nossas vidas são apenas projeções de nossa mente.
*Este
Relato foi Escrito por Bosco Silva, Administrador do Blog BORNAL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário