quarta-feira, 25 de abril de 2018

RELATO DO LEITOR: Uma Noite no Cemitério da Soledade (por Glauco Miranda)


RELATO DO LEITOR: Uma Noite no Cemitério da Soledade
Era mês de maio de 1996. Eu e mais três amigos estávamos numa festa de casamento na casa da minha namorada. No final da festa, pegamos umas garrafas de bebida escondidas e saímos por volta das 11 horas da noite rumo a praça da República. Eu, Levi, Manta e o Broto, procuramos um lugar para acender um baseado. Eu dei a ideia de fumarmos dentro do Cemitério da Soledade. 
Quando chegamos ao cemitério, pulamos a  grade ajudando o Manta a subir, pois ele era deficiente da perna. Lá dentro, quanto mais adentrávamos no cemitério, mais escuro ficava. Começamos a beber e fumar, ríamos muito. Todos estávamos chapados. Foi quando começamos a visitar os jazigos, que são muitos bonitos.  Escolhemos uma sepultura que chamou a atenção de todos. Nos sentamos em volta bebendo e conversando... 


Vimos que a sepultura era da escrava Anastácia. Havia foto dela com uma espécie de mordaça no rosto. Ficamos curiosos.... O Levi, que sabia alguma coisa sobre ela, começou a contar sua história... Em um dado momento, alguém chamou atenção para um fato. Levantamos e fomos olhar, e constatamos que a data de seu nascimento era a mesma data daquela noite que estávamos lá bebendo. Ficamos impressionados, e um arrepio correu por todo os nossos corpos. Olhamos um para o outro e começamos a correr.


Acreditando que aquilo não havia sido coincidência, pois parecia que estávamos ali para comemorar seu aniversário. O medo foi tanto que mesmo o Manta, que era deficiente da perna, foi o primeiro a pular a grade do muro, sem precisar de ajuda. O Levi era o mais medroso. Na hora de pular a grade um vergalhão atravessou a calça jeans dele, deixando-o preso em cima do muro.

Saímos impressionados com a coincidência das datas, e até hoje fico pensando qual a probabilidade disso acontecer.



Nota: O túmulo do relato, é uma sepultura simples que é tida como pertencente a escrava tida como santa popular, Anastácia. Na verdade, a escrava Anastácia verdadeira é alvo de devoção no Rio de Janeiro, onde supostamente está enterrada. No caso do antigo cemitério Soledade, o túmulo atribuído a escrava Romana também Chamada de Anastácia é de uma mulher homônima ou de uma escrava que era considerada propriedade de Joaquim Francisco Corrêa. A sepultura escrava Romana é tido como tendo sido o primeiro enterro feito no cemitério da Soledade.



Glauco Miranda

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