CACHORRO ASSADO: UMA MILENAR COMIDA CHINESA
FOTO (ACIMA) MOSTRANDO a venda de cachorros assados na província chinesa de Yulin, durante o festival
da carne de cachorro, em matéria do New York Time, provocou a ira de
internautas. A matéria informa que a carne de cachorro custa cerca de 10
dólares o quilo, e que é um prato típico consumido em datas festivas. A
exposição de cães assados provocou protesto, indignação e palavras ofensivas
dirigidas aos povos que consumem tal iguaria.
Curiosamente, a mesma população que se enfureceu ao ver carne de cães
sendo vendidas em mercado chinês é a mesma que não se indigna com cenas de
leitões e carne de gado exposto em mercados de países de primeiro mundo, como
se leitões, vacas e galinhas não tivessem os mesmos direitos a vida que os cães.
No dia
28 de junho de 2015, aproximadamente 1000 pessoas, munidos de cartazes que
diziam “Pare de Comer Cães e Gatos!”, “Pare de Comer Nossos Amigos!”, participaram
de passeata com o objetivo de que o governo da cidade de Yulin proibisse o
milenar consumo de carne de cachorro pela população local. Moradores chineses
também protestaram, argumentando que isto só estava acontecendo devido a
cobrança do ocidente sobre suas tradições.
“Esses nojentos não tem pena de nada e nem de ninguém. É um povo adestrado pra usar tudo e todos em benefício próprio. O individualismo é assustador. São capazes das piores coisas. Tenho pavor de chineses. Prova disso é aquela mocinha que estava concorrendo ao Master Chef e ficou em terceiro lugar. A gente vê pelos relatos de quem conviveu com ela e do próprio namorado. Não demonstra sentimentos. São reprimidos. É vergonhoso sentir alguma coisa” – opinião de uma internauta brasileira sobre o consumo de carne de cães pelos chineses.
Cães Engaiolados para o Abate |
Na
China cães são criados para abate. Vê-se caminhões lotados de cachorros indo para
o abate assim como vemos caminhões abarrotados de porcos por aqui, mas ninguém
se indigna com os pobres leitões, afinal, porcos não são criados como animais
de estimação como cães e gatos. Porém, nada nos leva a crer que leitões e
galinhas tenham menos sensibilidade a dor e menos direito a vida que cães e
gatos.
Argumenta-se
também que os cães são mergulhados vivos em água ferventes ou óleo para
soltarem seus pelos, e que o sofrimento do animal tem o objetivo também de tornar
sua carne mais macia e apetitosa, o que é verdade, mas que, infelizmente, não é
algo exclusivo dos cães, pois o mesmo acontece com outros animais usados pela
culinária chinesa. Costume que também, infelizmente, é seguido também em
algumas regiões do Brasil, em que lagostas, tartarugas, cágados e jabutis são
submersos em água fervente para serem mortos, mas que, infelizmente, ao
contrário dos cães e gatos, não são, como estes, alvos de campanhas contra a
crueldade.
Mas
como se deu esse processo de diferenciação entre animais criados para o consumo
e outros criados apenas como animais de estimação?
Hoje, nas
grandes cidades, quando queremos carne, não mais caçamos, vamos ao supermercado
e, em meio ao conforto, segurança e praticidade, oferecidos, escolhemos, em
enormes geladeiras, porções de carnes segundo nossos gostos, embaladas em
isopor e plástico. Não sujamos mais as mãos de sangue para consegui-la; não
mais matamos os animais cuja carne servimos em um belo churrasco de domingo;
aprendemos a dissociar o ato de comer carne de sua origem, do animal sendo
morto, de seu sofrimento. E, por fim, acabamos por esquecer, totalmente, como
era a vida de necessidade e sobrevivência que viviam nossos antepassados.
Passamos também a acreditar, por puro hábito, que várias espécies de animais
existem apenas para serem consumidos por nós enquanto algumas poucas espécies existem
somente para nos servir de companhia, para receberem carinhos nossos. Etiquetamos
bois, vacas, peixes, leitões, galinhas, etc., como animais comestíveis, e gatos
e cães como animais de companhia. E, por fim, acabamos por não perceber que
tudo é apenas uma questão cultural e hábitos alimentares de povos tão
diferentes, cuja a grande população e escassez de comida os obrigou a comerem
de tudo que pudessem extinguir a fome.
Porcos Assados Não Causa Indignação em Ninguém |
Acrescenta-se
a isso a crescente humanização de gatos e cães. Estes animais estão cada vez
mais sendo criados como se fossem seres humanos, com roupinhas, sapatinhos,
academias, carrinhos de bebês, caminhas, etc. Muitos criadores não se chamam
mais de donos, mas se consideram como “mamãe” e “papai” de seus animais de
estimação. Há mesmo donos que lutam para que seus animais de estimação sejam
registrados com seus sobrenomes de família. E é claro que após tudo isso ver um
cão ou um gato sendo tratado como outro animal de outra espécie qualquer lhes é
um grande choque.
Por
isso que quando um veterinário foi questionado sobre a qualidade da carne de
cão para consumo humano, em que ele disse:
"Enquanto a carne de cão é saudável, não me incomoda. Mas se os cães não foram colocados em quarentena, a sua carne pode transportar bactérias ou parasitas. Portanto, não é bom para a saúde. As pessoas podem levantar cães para comer, no entanto, os cães que eram animal de estimação de alguém não devem ser comidos".
Recebeu
como resposta do administrador de um site de proteção aos cães, gatos e outros
animais, esta manifestação de indignação:
“É surpreendente ver um atestado de pouca de compaixão por parte de uma pessoa cuja profissão é curar e salvar os animais ...”
Ao
vermos a venda de carne de cães por parte dos chineses, coreanos e vietnamitas,
esquecemos que este hábito culinário é milenar e que surgiu em países que teve
que aprender a comer de tudo para poder sobreviver a fome.
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