quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SETE LIVROS TIDOS COMO PERIGOSOS (de Bosco Silva)


7. O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO (de J. D. Salinger)
Mark Chapman, o homem que assassinou John Lennon, pediu, no mesmo dia que o matou, para que John autografasse o livro O Apanhador no Campo de Centeio para ele; E foi encontrado mais tarde pela polícia quando lia tranquilamente o mesmo livro, do escritor americano J.D. Salinger. E quando perguntado por que tinha matado John Lennon, Chapman, disse: "Leia O Apanhador no Campo de Centeio e você descobrirá porque o fiz. Esse livro é meu argumento".
O homem que atirou no presidente americano Ronald Reagan, John Hincley Jr., nos anos 80, para supostamente chamar a atenção da atriz Judie Foster, também tinha um exemplar do livro de Salinger em casa. E há quem diga também que Lee Harvey Oswald, tido como o assassino do presidente Kennedy, também lia esse livro na época que matou o presidente americano.
Três assassinos e um livro em comum. Teria este livro o poder de despertar em pessoas comuns, o poder da ira, do assassinato? Para alguns, sim; o livro seria uma espécie de gatilho pronto a despertar desejos assassinos em algumas mentes. Mas, afinal de contas, de que trata o livro?
O livro conta a história de um adolescente da década de 50, que fora expulso da escola; ele dialoga diretamente com o leitor, tornando o leitor um confidente, uma pessoa íntima, contando sobre seus problemas, sentimentos, sonhos e fantasias, comuns à idade. E ao contrário do que pensou Mark Chapman, e os partidários de ideias conspiratórias, nada há nele que inspire violência ou crimes, mas apenas a rebeldia tão comum a juventude.
6. FÚRIA (de Stephen King)
Fúria livro do mestre do terror moderno Stephen King, publicado sob o pseudônimo Richard Bachman, conta a história de Charlie Decker, um aluno problemático, que certo dia resolve levar uma arma para a escola. Durante sua chegada Charlie mata logo de cara sua professora de álgebra e mais outro professor. E durante sua permanência em sua sala de aula, Charlie, armado, obriga todos seus colegas de classe a participarem de um jogo psicológico, em que os segredos íntimos de cada um são forçadamente revelados; é um meio de Charlie Decker vingar-se da sociedade e de seus colegas de escola.
Em 18/11/1989 no Colégio Jackson County, Kentucky, Estados Unidos, Dustin Pierce é um dos alunos, certo dia ele segue armado com uma espinguarda e duas pistolas. Manteve a turma e o professor de refém durante a aula de álgebra. Felizmente ele se rendeu sem machucar ninguém. Uma cópia de "Fúria" foi encontrada em seu quarto. Porém, sete anos depois, o mesmo acontecimento se repetiria, mas desta vez de modo trágico:
No dia 02/02/1996, Barry Loukaitis fez sua turma e seu professor de refém, durante a aula de álgebra. Ele matou dois colegas e o professor. Foi rendido pelo professor de educação física. Foi condenado à dupla pena de prisão perpétua, mais 205 anos sem fiança. A polícia achou uma cópia de "Fúria" em seu quarto.
O livro de King também estaria presente em mais um acontecimento trágico:
No dia 01/12/1997, Michael Carneal, de 14 anos, abriu fogo num grupo de estudantes no Colégio Heath, em Paducah, Kentucky, três garotas morreram, cinco ficaram feridas. A polícia achou uma cópia de "Fúria" em seu armário no colégio.
Não se pode medir o quanto de participação, e inspiração, teve o livro em tais acontecimentos, e muito menos se tal livro foi o desencadiador de práticas que tornaram-se relativamente comum nos Estados Unidos, tendo imitações até mesmo no Brasil. Mas o que pode ser dito, como já foi visto por alguns, é que Stephen King ao abordar o personagem Charlie Decker, o faz de modo que este torna-se simpático ao leitor, principalmente quando aquele dividi com o leitor seus problemas e os fatos que o levaram a cometer tal ato, de modo que seus atos pareçam ser justificados por tudo que o personagem passou, levando alguns a se identificar com o personagem por meio de algum momento de suas vidas em comum com a do personagem; coisa que parece ser bastante comum entre estudantes; tornando o livro, em muitos casos, uma espécie de desabafo para muitos; porém alguns não se contentaram apenas com isso.
Talvez Stephen King, nessa época, não tivesse ainda total consciência do poder de sua literatura.
Com os trágicos acontecimentos, Fúria passou a ser um livro maldito para seu próprio autor, que acostumado a criar histórias envolvendo fantasmas, lobisomens, vampiros, todas as formas de figuras assustadoras, deve ter se surpreendido muito quando uma de suas próprias criações tornou-se tragicamente assustador para ele. Tanto que após o trágico acontecimento de Carneal, Stephen King resolveu definitivamente retirar seu livro do mercado, não permitindo ser novamente reimpresso ou adaptado para o teatro ou cinema.
Stephen King afirmou não querer servir de catalizador para tanta violência.
5. OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WETHER (de Goethe)
Este livro, publicado originalmente no séc. XVIII, foi responsável por um surto de suicídios durante o final do mesmo século. Os suicidas eram jovens apaixonados que não tiveram seu amor correspondido.
O livro conta a história do jovem Wether, que como professor dos filhos de um jovem casal acaba se apaixonando pela mãe destes, a bela Charlotte. E não tendo seu amor correspondido se suicida ao final.
Sua história não apenas inspirou centenas de jovens suicidas como deu origem a literatura romântica alemã, com suas histórias trágicas, com personagens suicidas e doentes, o que a fez ser denominada de literatura de hospital, ou não seria melhor de funerária?
4. A RELIGIOSA (de Diderot)
Já este livro possui algo incomum com os livros desta seleção de livros tidos como perigosos, pois sua maior influência foi exercida antes de sua publicação, ocorrida em 1796, doze anos após a morte do autor, porém ele foi escrito em 1760. E é bem possível que tenha circulado de modo escondido, o que era bastante comum, já que naquela época qualquer crítica as instituições cristãs era reprimido com prisão, e muitas vezes mesmo com a morte; motivo que já tinha levado Diderot a ser preso anteriormente. Seu conteúdo refletia as ideias do autor com relação ao grande poder exercido pela religião cristã.
O texto conta a história de uma moça que por ser filha bastarda é forçada a ser enclausurada como freira. Ela então descobre toda a violência e imoralidade a envolver os membros de tal instituição na qual passou a fazer parte. E por meio de cartas a um certo marquês seu drama se torna conhecido.
O romance se baseia no caso real de Marguerite Delamarre, todavia seu conteúdo é em sua grande maioria pura invenção de seu autor. Muitos dizem que as ideias sintetizadas neste livro, foram responsáveis, durante a Revolução Francesa, por verdadeiros massacres de religiosos em conventos, na tentativa de encontrar, assim como na história do livro, jovens meninas forçadas a se tornarem freiras.
3. MALLEUS MALEFICARUM (de Heinrich Kramer e James Sprenger)
Diferentemente dos livros anteriores, que contam histórias fictícias, o Malleus Maleficarum, ou em sua tradução, O Martelo das Bruxas, que foi publicado em 1486 (ou 1487), escrito por dois padres católicos, foi um manual de caça as bruxas, que não apenas ensinava a identificar como também a obter a confissão das mesmas, por meio de tortura. Quanto a isso o livro é claro:
“Se nem as ameaças nem as promessas a (a bruxa) levam a confessar a verdade, então os oficiais devem prosseguir com a sentença, e a bruxa deverá ser examinada, não de alguma forma nova ou estranha, mas da maneira habitual, com pouca ou muita violência, de acordo com a natureza dos crimes cometidos. (...) E notar que, se confessar sob tortura, deverá ser então levada para outro local e interrogada novamente, para que não confesse tão-somente sob a pressão da tortura. Se após a devida sessão de tortura a acusada se recusar a confessar a verdade, caberá ao juiz colocar diante dela outros aparelhos de tortura e dizer-lhe que terá que suporta-los se não confessar. Se então não for induzida pelo terror a confessar, a tortura deverá prosseguir no segundo ou no terceiro dia”.
 O Malleus Maleficarum foi um livro bastante usado pela igreja católica durante o período da inquisição, aliás, foi escrito para ela, para este monstruoso movimento que condenava a morte pessoas que possuíam crenças diferentes do cristianismo católico ou não participavam dos rituais da igreja. Este livro foi responsável por centenas de milhares de mortes, na fogueira, de pessoas tidas como bruxa ou por terem feito supostos pacto com o Demônio. Lá pode se encontrar a descrição da bruxa como uma mulher má, com seu caldeirão e sua vassoura voadora, como nos desenhos animados, ou filmes infantis, mas naquela época tudo isso era levado tragicamente a sério; com toda a permissão e patrocínio da igreja.
2. ALCORÃO
Considerado atualmente como a fonte de inspiração para os famosos, e perigosos, homens-bomba, o Alcorão é o livro sagrado da religião Islâmica, livro atribuído ao profeta Maomé, pertencente ao séc. VII, nele se encontra algumas pérolas, como:
4ª SURATA: 56 DO LIVRO DO ALCORÃO
Quanto àqueles que negam os Nossos versículos, introduzi-los-emos no fogo infernal. Cada vez que a sua pele se tiver queimado, trocá-la-emos por outra, para que experimentem mais e mais o suplício. Sabei que Deus é Poderoso, Prudentíssimo.
Ideias como estas deram origem a famosa “Guerra-Santa”, a guerra contra os infiéis, responsável por centenas de milhares de mortes.
1.                BÍBLIA
Na história humana, tanto na literatura quanto na história real, nenhum personagem matou e destruiu tanto quanto o Deus cristão do velho Testamento, nem mesmo o Diabo. Basta lembrar que Deus não se contentava apenas em destruir alguns indivíduos, ou famílias, ele dizimava cidades inteiras como as de Sodoma e Gomorra ou criando o diluvio. Este poder de Deus de destruição, fora adotado também por muitos representante dele na terra. Assim foram criadas as cruzadas, que em nome da tentativa de proteger cristãos dos infiéis, dizimaram populações inteiras mulçumanas. E assim, também movidos pelo exemplo bíblico: "A feiticeira, não a deixarás com vida" (Êxodo, 22;17), centenas de milhares de pessoas, em sua grande maioria mulheres, morreram durante os anos que durou a inquisição católica.
A inquisição católica foi a conclusão da longa história de preconceitos, de repressão, de intolerância, ao sexo, a mulher, enfim, ao diferente. A mesma mulher que provocou a expulsão do homem do paraíso ainda era uma ameaça presente, com sua natureza diferente, com seu sexo que atraia a natureza reprimida dos homens “santos”. A mesma Igreja que mandou Joana d’Arc (1412-1431) à fogueira, por heresia, é a mesma que lhe reabilita, como Santa, como Padroeira. Mas, desta vez, como mártir do catolicismo. Demonstrando, por eles próprios, a estupidez de seus erros. Estupidez essa que ninguém está imune, enquanto houver quem diga ser interprete de Deus. E isso, não se prende apenas ao catolicismo ou a outra forma qualquer de religião. Mas, a toda forma de conhecimento. A todo representante da verdade.
É curioso que um livro em que muitos baseiam suas vidas e virtudes, com a Bíblia, tenha sido fonte de tantas barbaridades e maldades.

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