segunda-feira, 24 de setembro de 2012

SEXO COM CHEIRO DE MORTE (de Bosco Silva)


Convido todos para o lançamento do livro "Sexo, Perversões e Assassinatos", que terá sua noite de autógrafo no dia 28/09 às 21h00 na 16ª Feira Pan-Amazônica do Livro, no Estande do Escritor Paraense. E como amostra temos uma parte do cap. 16:


16

SEXO COM CHEIRO DE MORTE


Neste momento seu telefone toca. A legista Renata, do outro lado da linha, pede para que Moreira vá com urgência ao seu encontro, pois esta tinha uma grande surpresa para lhe dar.

* * *

O investigador chega imediatamente ao local combinado, uma velha casa, aparentemente abandonada. Ao entrar, sente algo errado: um forte cheiro de sangue parecia exalar de seus cômodos. E o que a princípio parecia ser apenas uma suspeita transforma-se em certeza, ao penetrar ainda mais fundo no interior da casa: quatro corpos de homens, caídos, tinham-se esvaído em sangue até as suas últimas gotas. De repente, enquanto Moreira agacha-se, e examina os cadáveres, um barulho faz-se ouvir de dentro de outro cômodo. Põe-se de pé, e enquanto procura com a mão sua arma, alguém pula, seminu, em seus ombros, por trás, beijando-lhe sua orelha e rosto. Era Renata que se identifica por meio de sua voz, dizendo-lhe:

- Vamos, querido, temos pouco tempo.

Moreira despe-se imediatamente e, em meio aos corpos esfacelados por tiros, o casal se entrega aos seus desejos mais luxuriosos.

* * *

Algum tempo depois:

- O que temos aqui? – inquiriu Moreira vestindo as calças semiarriadas, após o sexo.
- Um possível acerto de contas, investigador. Pois todos os corpos possuem tiro na boca.
- Um sinal de traição... Drogas?
- Sim, possivelmente um acordo desfeito. Estão aqui aproximadamente há dois dias; olhe: o Rigor Mortis... E eu te assustei ao entrar, querido?
- Nem tanto. Se assemelhou muito às outras vezes... Como você consegue isso?
- Simples, como pode ver, chego primeiro que a polícia. E as ligações são sempre denúncias anônimas.
- E os seus auxiliares?
- Digo-os para virem depois.
- Você gosta disso, hein?
- Adoro sexo com cheiro de morte, investigador – retrucou Renata, beijando Moreira na boca.
- Veja: a polícia já está chegando.

* * *

À noite, o investigador liga para o francês, conta-lhe sobre seu plano, sobre o modo como irá invadir a boate e obter os possíveis nomes de clientes envolvidos com atividades sexuais indesejadas. Mirvel lhe adverte que, se houver uma ligação direta entre a boate e a Sociedade, seu plano poderá botar tudo a perder. Moreira, porém, lhe garante que encontrou o homem certo para o serviço, que o fará entrar sem deixar o menor vestígio. E segue direto para a casa de Renata, como ele lhe havia prometido.

* * *

Após o jantar, como de costume, o casal se reúne na varanda; enquanto degustam o licor, põem-se a conversar:

- Estive pensando sobre esses seus estranhos prazeres, Renata – disse Moreira entre um gole e outro de licor.
- Quais?
- Como os de hoje.
- Bem, eles nunca foram problemas para nós.
- Sim. Mas isso não os faz serem menos estranhos. E o que você quis dizer hoje com a ideia de que lhe agrada sexo com cheiro de morte? Não lhe parece algo doentio, querida? - Nesse momento ele pensava em todas aquelas histórias que Mirvel tinha lhe contado.
- É apenas um prazer a mais de transgredir as regras, investigador, um prazer inofensivo. Um misto de excitação e perigo e, sem dúvida, com uma grande pitada do proibido, como alguém que gosta de transar em elevadores – disse Renata enquanto levantava-se a fim de apanhar novamente a garrafa de licor. – Ou alguém que se excita com seu ambiente de trabalho. Porém, o meu trabalho inclui os mortos, querido. Por que, investigador Pedro Ivan Moreira? Isto lhe incomoda? – inquiriu Renata, olhando-o e franzindo a cara, imitando alguém que profere uma pergunta séria, enquanto, em pé, segurava o copo e a garrafa de licor, terminando por dar, no final, algumas gargalhadas.
- Não. Apenas andei lendo algumas coisas a respeito.
- O que, por exemplo?
- Necrofilia.

Renata pôs-se a rir, pausando as gargalhadas para responder-lhe:

- Não se preocupe, investigador, ainda não cheguei a tanto. Se bem que ontem, chegou um loiro lindo! – e continuou a gargalhar.
- É. Com uma mulher assim, chego a ter ciúmes dos mortos! – e os dois puseram-se a rir juntos.

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