Maurício entrou no carro,
correndo ofegante, com calafrios que faziam eriçar todos os pelos de seu
corpo e, como de costume, sem olhar para o banco de trás; um costume que
mantinha, uma espécie de superstição; mesmo quando andava nas ruas,
principalmente à noite; era um hábito antigo que herdara de seus pais, e estes
dos pais de seus pais. Eles diziam sempre, “à noite, nunca olhe diretamente
para trás, almas penadas se irritam ao serem, deste modo, observadas; e,
irritadas, podem lhe seguir até sua casa, até seu quarto...”.
Houve algumas
vezes que Maurício não seguira tal conselho, e acordava durante a noite e via
figuras cadavéricas no quarto velando seu sono.
Maurício ligou o carro, e
após alguns minutos dirigindo, ligou o rádio, foi quando algo lhe chamou a
atenção. Do banco de trás, uma doce voz familiar disse-lhe ao pé do ouvido:
– Ai, gosto tanto dessa
música.
– Tia, o que a senhora
está fazendo aqui? Disse Maurício reconhecendo imediatamente a voz.
– Ué, estou indo para a
praia, responde a tia, com naturalidade.
– Mas a senhora não pode
tia.
– Ora, por que não posso
Maurício.
– Porque faz uma semana
que a senhora está morta!!!
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