segunda-feira, 6 de julho de 2015

KRYSTIAN BALA, O ESCRITOR SERIAL KILLER



QUANDO A VIDA IMITA A ARTE: KRYSTIAN BALA
O Brasil é um país que, além de ter pouquíssimos leitores, tem leitores extremamente preconceituosos e antiquados do tipo que é capaz de confundir o escritor com a obra, assim como aqueles telespectadores de novela que confundem o ator com o personagem, ao ponto de ofenderem atrizes na rua achando que elas são as próprias vilãs das novelas das oito que interpretam. Para esses leitores se você escreve poesias eróticas, você é uma puta, se caso você for uma escritora, ou um tarado, se for um escritor; se você escreve histórias sobre crimes é um criminoso ou um psicopata; se você escreve histórias de terror, eles te olham com maus olhos, crendo que você tem algum pacto com o demônio; mas se você escreve livros religiosos, como o Bispo Macêdo, é um homem exemplar, “um homem de Deus”, mesmo que tenha enriquecido enganando os outros. Ser escritor é exercer a arte mais difícil e injusta do Brasil.
Porém, como tudo feito pelo homem, sempre há exceções à regra, é quando a vida imita a arte...
Numa pequena cidade polonesa, um corpo é pescado de um rio, com sinais de uma morte sórdida: mãos atadas por uma corda ao redor do pescoço. Indicando que o homem foi amarrado para facilitar o afogamento. A polícia identifica como sendo o cadáver de Dariusz J, dono de uma pequena agência de publicidade, sem dívidas ou inimigos.



Vários anos se passam sem que a polícia de Wroclaw consiga revelar seu assassino, até que um investigador do caso, navegando pela internet em 2007, ao visitar um fórum de discussão de um romance policial, nota que o crime do livro discutido tem bastante semelhança com o assassinato de sete anos trás. O que o leva a comprar e examinar o romance em detalhes. O livro se chama AMOK, o primeiro romance de um escritor novato, lançado em 2003, chamado Krystian Bala. E após o fim de sua leitura o investigador fica impressionado com os detalhes que o livro narra sobre um crime extremamente semelhante ao caso real. O investigador é levado a conclusão de que não é mera coincidência, o escritor narrou o próprio crime que ele cometeu.

KRYSTIAN BALA
Este, sem dúvida, seria um tema interessante para um romance policial, se não tivesse um grande detalhe: tudo que foi narrado é real até as últimas palavras.
Krystian Bala foi condenado a 25 anos de reclusão, embora continuasse argumentando que se inspirou em notícias de televisão para escrever o livro. Contudo foi encontrado algumas ligações de Bala ao caso, como uma ligação telefônica de Krystian para o morto, antes de desaparecer, e o motivo do crime: Krystian Bala, um homem possessivo e controlador, desconfiava que Dariusz mantinha um caso com sua ex-esposa.
Com a repercussão do crime, Amok tornou-se um best seller na Polônia. O que motivou Bala a escrever um segundo livro na prisão. O relatório de evidências da polícia, contudo, informa que ao inspecionar seu computador na prisão encontrou planos de matar uma nova vítima, para combinar com seu segundo romance.
Espero que os leitores brasileiros não generalizem, pois este é um dos poucos casos em que um escritor encarna na própria vida a ideia do escritor que concretiza o que escreve, um tema bastante explorado em filmes e livros policiais.   

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