O CÃO FANTASMA DO PALACETE BOLONHA
EM 1968, os jornais da cidade de Belém noticiavam em suas primeiras páginas
algo assustador:
“Dois corpos foram
encontrados estraçalhados no bairro da Campina, entre a Praça da República e o
bairro do Reduto. Os corpos, literalmente, haviam sido triturados e partes
deles espalhados em frente de casas e pendurados em fios da iluminação pública,
em um raio de 300 metros; uma verdadeira visão dantesca do inferno em plena Belém!” — relatava um importante jornal da época.
Três semanas atrás os
jornais também haviam noticiado um corpo encontrado nas mesmas condições e
mediações da cidade, porém com menos estardalhaços.
Logo este caso fora apontado
como obra do mesmo assassino, já que o procedimento parecia ter sido o mesmo: Os
cadáveres não possuíam marcas de tiros, ou ferimentos por objetos cortantes.
Pareciam, incrivelmente, que seus corpos teriam sido rasgados e mastigados por
dentes poderosos, como os de crocodilos ou leões.
O certo é que, embora
Belém se situasse em plena selva amazônica, ela, ao contrário do que pensava — e
ainda pensam — grande parte do povo brasileiro, não possui jacarés em suas ruas
e muito menos crocodilos e leões. Então quem seria capaz de ter cometido atos
tão desumanos e tão difíceis de ser praticados?
Por um momento chegou-se
a especular que tais mortes poderiam ter sido provocadas por acidentes em circos,
e despistadas daquele modo. Mas não havia por esse período nenhum circo na
cidade, e quem que quisesse despistar mortes desse tipo não se daria ao
trabalho de espalhar partes de cadáveres por ruas e casas facilitando por esse
modo ser facilmente descoberto. Não parecia mesmo ser provável.
Verificou-se então que os
dois corpos encontrados juntos pertenciam a Moacir Botelho Pinto, vulgo: “Chupeta”,
25 anos, e Tadeu Armando Pinto, conhecido pelo apelido de “Boca de Neném”, de
52 anos. A dupla praticava pequenos furtos para aplacar o vício de drogas,
roubando quintais e pátios de casas da região. E que teriam sido mortos durante
a madrugada, incluído o primeiro cadáver, não tendo sido identificado ainda
hoje. Porém, suspeita-se ter sido de um andarilho que frequentava a Praça da
República e adjacências.
Belém Sob Chuva |
E mesmo com todo afinco
das autoridades, nenhuma pista fora encontrada, que levasse a desvendar tão
grande mistério. Até que um novo crime se sucedeu após um mês dos ocorridos, sendo novamente estampado em suas páginas, as últimas barbaridades, pelos vespertinos de nossa cidade.
Um homem conhecido apenas
por José, havia sido, como os demais, brutalmente assassinado, trazendo pânico
novamente para nossa cidade, que se sentia a cada dia mais acuada e indefesa, com pessoas evitando a todo custo sair à noite. Instalando-se, desse modo, algo como um toque de recolher espontâneo em nossa cidade. Foi quando algo inesperado aconteceu, trazendo pitadas sobrenaturais a nossa, por si só, assustadora história.
Uma velha moradora, de nome desconhecido, foi até o pároco de nossa cidade e relatou a este, o que teria ouvido de sua mãe, no tempo que trabalhava como empregada no velho Palacete Bolonha.
Uma velha moradora, de nome desconhecido, foi até o pároco de nossa cidade e relatou a este, o que teria ouvido de sua mãe, no tempo que trabalhava como empregada no velho Palacete Bolonha.
Figura de Cão na Entrada do Palacete Bolonha. Em Latin: "Cuidado com o Cão" |
Dizia ela que todas as noites a figura de um cão negro desenhado
no piso da entrada do belo prédio, se tornava real e montava guarda contra ladrões que tentavam
invadir tal imóvel; e que tudo que teria que ser feito para que não ocorresse
novos incidentes era que o patrimônio fosse melhor cuidado, pois havia sido um
presente de amor entre seu criador Francisco Bolonha à sua esposa, Alice Tem-Brink,e que o
cachorro representava o vínculo de seu amor eterno.
Palacete Bolonha |
Embora tal relato fosse
difícil de ser creditado, o fato é que combinava com relatos de moradores que
tinham ouvido ruivos e visto um grande cão negro a passear pelo bairro. E após
o prédio ter sido protegido e reformado, nunca mais se repetiram os terríveis assassinatos.
Francisco Bolonha e sua esposa, Alice Tem-Brink |
Este foi mais um dos mistérios de nossa cidade.
* [Esta é uma Obra de Ficção, Protegida por Direitos Autorais. Escrita por Bosco Silva].
Leia esta História em sua Forma Original:
O romance Após a Chuva da Tarde está sendo publicado de forma independente.
Ficha Técnica:
Título: Após a Chuva da Tarde - A Lenda do Cão Fantasma do Palacete Bolonha
Autor: Bosco Chancen
Editora: Uiclap
Especificações: 284 páginas, 16x23 cm; brochura
Site de Compra: https://loja.uiclap.com/titulo/ua13930/
Para mais informações: bozco3535@gmail.com
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