O PARAÍSO UTERINO
O presente texto tem como
objetivo demonstrar por meio de análises linguística, psicológica e religiosa, a
incrível semelhança entre o conceito de PARAÍSO religioso e o período da vida
humana vivida no útero materno.
Adão
e Eva foram os primeiros seres humanos criados por Deus, nos diz a Bíblia. E que
devido desobedecerem a Deus, este os expulsou do Jardim do Éden onde moravam,
onde havia alimento em fartura, andavam nus, não trabalhavam, nem sofriam
qualquer forma de sofrimento.
Assim
como na religião cristã, grande parte das religiões concebem um estado, ou um
lugar, de felicidade suprema, onde não há sofrimento de nenhum tipo, apenas
fartura de tudo que o ser humano precisa. Muitos denominam este lugar de
PARAÍSO. E embora as religiões o situe, algumas vezes, em um tempo muito
distante do presente, ou em um lugar após a morte, o certo é que todos nós já
habitamos em um lugar muito parecido com este lugar mágico que todos chamam de
Paraíso: o ÚTERO MATERNO; e que, como veremos adiante, o mito da expulsão do
Paraíso sofrido por Adão e Eva se assemelha muito a um nascimento.
Assim
como Adão e Eva tinham suas necessidades físicas plenamente satisfeitas no
Paraíso, o feto também tem sua necessidade de alimentação, água, calor,
conforto, oxigênio, proteção, etc. imediatamente satisfeitas por meio do corpo
da mãe, sem que precise se dar ao trabalho de obtê-las.
Contudo,
ao desobedecer a Deus, como castigo, Adão e Eva foram expulsos do Paraíso. Fato
que tem como resultado o fim da vida de abundância no Éden. Agora eles sentem
necessidade, precisam procurar e trabalhar bastante para conseguir alimento;
conhecem também a dor e o sofrimento. Aqui há também grandes semelhanças com o
nascimento, pois o nascimento é uma espécie de expulsão do útero, que começa
primeiro com as contrações, apertos e, por fim, com a retirada à força do bebê,
de um ambiente em que ele estava acostumado, e que o mantinha aquecido e
protegido por meses. Nesse momento a criança passa saber que a dor existe, pois
até mesmo funções, que antes eram desnecessárias, como de enxergar e respirar,
lhe causa incômodo e dor. E que, daqui adiante, terá que se adaptar a esse novo
mundo em que as coisas não são mais lhe dada de bandeja, e em que cada segundo
está propenso a sofrer dor.
O SIGNIFICADO DA PALAVRA
PARAÍSO FUNDAMENTA O QUE FOI DITO ACIMA
Incrivelmente
a palavra PARAÍSO ainda traz em si rastros de sua origem. A palavra PARAÍSO se
origina de dois termos persas: PAIRI, significando circundante, e DAEZA,
parede, ou seja, PAREDE CIRCUNDANTE. O que se assemelha bastante ao ventre
materno. Portanto, não seria o Paraíso Religioso uma metáfora do útero materno
e o mito da expulsão de Adão e Eva do paraíso, uma ideia inconsciente ao parto
de toda a humanidade, da perda da felicidade e da graça de todo individuo ao
nascer?
Continuemos.
E vejamos se guardamos alguma lembrança inconsciente do tempo em que habitávamos
o útero materno para que possamos, mais tarde, reconstruí-la em forma da
metáfora do Paraíso Religioso nas inúmeras religiões do passado e do presente.
O DESEJO DE NÃO SAIR DO ÚTERO
Se
o útero materno é tão adequado ao ser humano em seus primeiros dias, é de
esperar que instintivamente os bebês tentem evitar ser expulso destes.
Sabemos
que a criança nasce com um reflexo apreensível, tão forte ao ponto de sustentar
o próprio peso do corpo se lhe derem uma barra onde agarrar-se. Seria um
impulso inato de evitar se desprender do corpo da mãe durante o nascimento? Se
for, seria natural que essa expulsão involuntária do útero materno fosse
suficientemente forte para deixar em adultos lembranças do útero materno.
HÁ LEMBRANÇA INCONSCIENTE DO PERÍODO
DE VIDA NO ÚTERO MATERNO EM ADULTOS
Quando
circunda o filho com os braços junto ao peito para acalmar-lhe e anda com ele,
a mãe estaria instintivamente reconstituindo para o bebê a segurança e o
conforto do tempo em que ela o levava consigo, suspenso no saco amniótico.
O
abraço, como forma de carinho, nada mais é do que uma forma de recriar
inconscientemente para a pessoa abraçada a proteção e a paz do ambiente
uterino.
Estes
são fatos que demonstram que inconscientemente ainda temos lembranças do tempo
em que habitávamos o útero materno.
LEMBRANÇAS INCONSCIENTES DO
ÚTERO MATERNO NAS EXPERIÊNCIAS DE QUASE MORTE
Umas
das situações em que lembranças do nascimento parece emergirem intensamente
acontecem nas chamadas experiências de quase morte.
Independente
da cultura, muitas pessoas ao redor do mundo tem relatado um túnel escuro,
tendo em sua extremidade luz vindo do exterior; sentem também seu corpo leve, a
flutuar, e, não raro, alguém do outro lado do túnel a lhe esperar, em
experiências próximas da morte.
Tudo
nos leva a pensar que substâncias do cérebro, quando ativadas em situações
extremas, como de quase-morte, são capazes de ativar lembranças de nosso
nascimento, que então estavam esquecidas em nosso cérebro, pois as experiências
relatadas por pacientes à beira da morte, como as descritas acima, se assemelha
muitíssimo a experiências experimentadas por bebês durante o nascimento:
O
túnel é o canal vaginal da mãe; a luz em sua extremidade é a luz do mundo
exterior; é a figura humana na extremidade do túnel parece ser de alguém que
comanda o parto.
GRANDE PARTE DAS RELIGIÕES SÃO PRODUZIDAS
PELO DESEJO INCONSCIENTE DE VOLTAR AO ESTÁGIO DE VIDA NO ÚTERO
Se
a vida no útero era marcada, sobretudo, por paz e conforto, e o nascimento, e
daí por diante, por dor e pela necessidade, é razoável pensar que a passagem do
útero para o mundo exterior, por meio do nascimento, tenha gerado lembranças
desagradáveis inconscientes em todos nós; e, por outro lado, também uma espécie
de saudade do tempo em que vivíamos no útero de nossas mães, em forma de
memórias inconscientes desse período, como foi visto pelos exemplos acima. E se
a ideia de um Paraíso, tão presente nas religiões, for apenas uma metáfora para
o período em que vivíamos no útero, então não seria tão descabido pensarmos que
grande parte das religiões nada mais são do que formas inconscientes de
manifestar o desejo de voltar a este período da vida tão importante ao ser
humano: a vida antes do nascimento.
Aliás,
a palavra religião se origina da palavra latina “Religio”, que significa
religar, ou seja, se ligar novamente, se aproximar novamente de algo. O que
seria esse algo? Seria, por acaso, se aproximar novamente de nossa vida antes
do nascimento? De nossa vida no útero?
Uma
das mais antigas noções de felicidade religiosa é o conceito de Nirvana, que é
o estágio de calma e paz interior alcançado pelo devoto do Budismo, em que há a
mortificação do desejo e da vontade que provocam sofrimento. Isto é
praticamente a descrição do estado mental de um feto!
E
Você o que Pensa disso? Comente.
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