quarta-feira, 8 de março de 2017

BLACK SABBATH E COVEN: Duas Diferentes Influências Ocultistas do Heavy Metal



BLACK SABBATH E COVEN: Duas Diferentes Influências Ocultistas do Heavy Metal

Quando perguntamos a algum fã de Heavy Metal: “Qual a primeira banda de Rock a levar para o mesmo o clima sombrio e místico do ocultismo”; não é surpresa que ouçamos como resposta aquela que também é apontada como a primeira banda de Heavy Metal, o BLACK SABBATH. Porém, nessa afirmação uma grande injustiça é praticada, pois é esquecida uma banda que antecipou, pelo menos em um ano, os temas usados pela primeira banda do Mad Man, Ozzy Osborne; a banda que nos referimos é o COVEN, banda estadunidense que chegou a ostentar os dedos em forma de chifrinhos e o crucifixo invertido, muito antes de todos; originada nos meados dos anos 1960.


COVEN

Curiosamente, há muito mais em comum entre COVEN e BLACK SABBATH do que apenas a temática obscura dos temas de suas músicas: O baixista do COVEN tinha um nome bastante familiar aos fãs de Rock de hoje, ele se chamava Oz Osborne e uma música do primeiro álbum da banda COVEN, lançado em 1969 — assim como no primeiro álbum da banda inglesa —, tem também o familiar nome Black Sabbath.

BLACK SABBATH

Estas duas bandas representam duas formas diferentes do uso de temas obscuros em músicas de Heavy Metal, que se tornarão bastante popular nos anos posteriores.
E as capas de seus primeiros discos podem nos ajudar a perceber a diferença destes dois estilos diferentes de encarar os temas sombrios no Heavy Metal. Vamos a eles:


O primeiro disco do BLACK SABBATH — lançado em uma sexta-feira 13 de 1970 —, traz em sua capa a figura obscura de uma mulher vestida de negro, em meio a árvores, à espreita, enfrente de uma casa que aparenta se situar em um bosque. Ao vê-la, é impossível não lembrarmos de uma bruxa; também é impossível não lembrarmos de contos infantis em que as bruxas assumem o papel de vilã, como no conto João e Maria. 

GEEZER BUTLER

Nesse sentido, não podemos deixar de reconhecer que em sua capa já está claro uma das propostas da banda, o clima de terror como um dos atrativos de sua música; reza a lenda que por Influência do baixista Geezer Butler, um fã de filmes e contos de terror, que também ajudou a batizar a banda com o nome de um filme de terror da época, Black Sabbath, do diretor Mário Bava.



O clima de terror cinematográfico também está presente na primeira faixa do disco no som de trovões, sinos e a interpretação angustiante de Ozzy Osborne ao interpretar a medonha Black Sabbath, que conta a história de um homem perseguido por um espírito malévolo.


Já a capa do primeiro disco do COVEN, "Witchcraft Destroys Minds and Reaps Souls" (em tradução livre: "Bruxaria destrói mentes e estraçalha almas"), ao contrário do álbum do BLACK SABBATH que prioriza estereótipos e figuras infantis de contos de terror, traz elementos de religiões pagãs, como os rituais das religiões de mistérios e de iniciação, com músicas contendo letras demonstrando clara influência da Igreja do Diabo, de LaVey, enquanto as letras da banda de Toni Iommi se limita a contar uma história obscura, sem ser claramente satânico, como uma história do cinema, aliás como uma de suas principais influência, como já foi demonstrado.



O álbum, assim como o álbum da banda inglesa, também abre com uma faixa intitulada Black Sabbath, uma música cantada ao ritmo Blues/Hippie da época, com uma letra bem diferente do padrão, tratando-se de um Ritual que, segundo inquisidores cristãos, eram realizados por bruxos e ocultistas na idade média, os chamados Sabás.

VENOM

O estilo sabbathiano de encarar os temas sombrios, ocultos, com teatralidade e de modo cinematográfico visando, como em um bom filme de terror, causar medo em seus admiradores, foi retomado pela banda inglesa VENOM, que exagerou os temas satânicos sabbathiano, exposto, claramente, através dos títulos de seus álbuns; o título de um de seus álbuns, Black Metal, chegou a se tornar título de um ramo do Heavy Metal totalmente dedicado a temas satânico e ocultista, demonstrando sua grande influência nesse novo ramo do Metal.

O Seminal Álbum Black Metal, do Venom

Do outro lado, o COVEN pode ser considerado como o inaugurador de outro aspecto do Black Metal, das bandas que exploram o paganismo em suas letras, como a religião nórdica, ou temas ligados a magia; como um modo de retornar a cultura de seus ancestrais, esquecida e destruída pela imposição do cristianismo.


Em certo sentido, podemos dizer que na década de 1990, nas frias terras da Noruega, o estilo sabbathiano entraria em oposição com o estilo do COVEN, causando uma cisão no Black Metal norueguês, através da oposição entre Euronymous e Varg Vikernes.

SATANISMO X ODINISMO

À Esquerda Varg, ao Lado de Euronymous

Até ao lançamento do álbum 'De Mysteriis Dom Sathanas', do MAYHEN, com Átila Csihar, nos vocais, em lugar de Dead, que havia se suicidado, o baixista Varg Vikernes compartilhava as ideias satânicas de Euronymous, em grande parte oriunda do estilo BLACK SABBATH / VENOM, sendo o corpse paint usado pelo MAYHEN um claro sinal desta teatralidade. Contudo, após este período, novas ideias começaram maturar na mente de Varg, levando-o a torna-se descontente, pois passou a não lhe agradar mais as ideias de Euronymous, que era partidário do Satanismo, já que para Varg conceber uma união entre o Satanismo e uma postura anti-cristã era algo contraditório pelo fato de Satã pertencer a mitologia judaico-cristã, e só fazer sentido em sua oposição com o deus cristão, fazendo com que o deus cristão fosse algo necessário para a compreensão de Satã, de modo que o Satanismo de Euronymous se mantinha dependente do cristianismo, daí sua contradição. Por outro lado, Varg queria voltar a cultuar a cultura original de seu povo, que fora abandonada em favor do cristianismo. Varg por isso defendia o Odinismo, que venera o Deus Nórdico Odin, pai do Poderoso Thor, a antiga religião de seus ancestrais Viking. O que o levou a sair do MAYHEN e se dedicar a sua banda composta por ele apenas, o Burzum.

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