BLACK
SABBATH E COVEN: Duas Diferentes Influências Ocultistas do Heavy Metal
Quando
perguntamos a algum fã de Heavy Metal: “Qual a primeira banda de Rock a levar
para o mesmo o clima sombrio e místico do ocultismo”; não é surpresa que
ouçamos como resposta aquela que também é apontada como a primeira banda de
Heavy Metal, o BLACK SABBATH. Porém, nessa afirmação uma grande injustiça é
praticada, pois é esquecida uma banda que antecipou, pelo menos em um ano, os
temas usados pela primeira banda do Mad Man, Ozzy Osborne; a banda que nos
referimos é o COVEN, banda estadunidense que chegou a ostentar os dedos em
forma de chifrinhos e o crucifixo invertido, muito antes de todos; originada nos
meados dos anos 1960.
COVEN |
Curiosamente,
há muito mais em comum entre COVEN e BLACK SABBATH do que apenas a temática
obscura dos temas de suas músicas: O baixista do COVEN tinha um nome bastante
familiar aos fãs de Rock de hoje, ele se chamava Oz Osborne e uma música do
primeiro álbum da banda COVEN, lançado em 1969 — assim como no primeiro álbum
da banda inglesa —, tem também o familiar nome Black Sabbath.
BLACK SABBATH |
Estas
duas bandas representam duas formas diferentes do uso de temas obscuros em
músicas de Heavy Metal, que se tornarão bastante popular nos anos posteriores.
E
as capas de seus primeiros discos podem nos ajudar a perceber a diferença
destes dois estilos diferentes de encarar os temas sombrios no Heavy Metal.
Vamos a eles:
O
primeiro disco do BLACK SABBATH — lançado em uma sexta-feira 13 de 1970 —, traz
em sua capa a figura obscura de uma mulher vestida de negro, em meio a árvores,
à espreita, enfrente de uma casa que aparenta se situar em um bosque. Ao vê-la,
é impossível não lembrarmos de uma bruxa; também é impossível não lembrarmos de
contos infantis em que as bruxas assumem o papel de vilã, como no conto João e
Maria.
GEEZER BUTLER |
Nesse sentido, não podemos deixar de reconhecer que em sua capa já está
claro uma das propostas da banda, o clima de terror como um dos atrativos de
sua música; reza a lenda que por Influência do baixista Geezer Butler, um fã de
filmes e contos de terror, que também ajudou a batizar a banda com o nome de um
filme de terror da época, Black Sabbath, do diretor Mário Bava.
O clima de
terror cinematográfico também está presente na primeira faixa do disco no som
de trovões, sinos e a interpretação angustiante de Ozzy Osborne ao interpretar
a medonha Black Sabbath, que conta a história de um homem perseguido por um
espírito malévolo.
Já
a capa do primeiro disco do COVEN, "Witchcraft Destroys Minds and Reaps
Souls" (em tradução livre: "Bruxaria destrói mentes e estraçalha
almas"), ao contrário do álbum do BLACK SABBATH que prioriza estereótipos
e figuras infantis de contos de terror, traz elementos de religiões pagãs, como
os rituais das religiões de mistérios e de iniciação, com músicas contendo
letras demonstrando clara influência da Igreja do Diabo, de LaVey, enquanto as
letras da banda de Toni Iommi se limita a contar uma história obscura, sem ser
claramente satânico, como uma história do cinema, aliás como uma de suas principais
influência, como já foi demonstrado.
O álbum, assim como o álbum da banda
inglesa, também abre com uma faixa intitulada Black Sabbath, uma música cantada
ao ritmo Blues/Hippie da época, com uma letra bem diferente do padrão, tratando-se
de um Ritual que, segundo inquisidores cristãos, eram realizados por bruxos e
ocultistas na idade média, os chamados Sabás.
VENOM |
O
estilo sabbathiano de encarar os temas sombrios, ocultos, com teatralidade e de
modo cinematográfico visando, como em um bom filme de terror, causar medo em
seus admiradores, foi retomado pela banda inglesa VENOM, que exagerou os temas
satânicos sabbathiano, exposto, claramente, através dos títulos de seus álbuns;
o título de um de seus álbuns, Black Metal, chegou a se tornar título de um
ramo do Heavy Metal totalmente dedicado a temas satânico e ocultista,
demonstrando sua grande influência nesse novo ramo do Metal.
O Seminal Álbum Black Metal, do Venom |
Do outro lado, o
COVEN pode ser considerado como o inaugurador de outro aspecto do Black Metal,
das bandas que exploram o paganismo em suas letras, como a religião nórdica, ou
temas ligados a magia; como um modo de retornar a cultura de seus ancestrais,
esquecida e destruída pela imposição do cristianismo.
Em
certo sentido, podemos dizer que na década de 1990, nas frias terras da
Noruega, o estilo sabbathiano entraria em oposição com o estilo do COVEN,
causando uma cisão no Black Metal norueguês, através da oposição entre Euronymous
e Varg Vikernes.
SATANISMO
X ODINISMO
À Esquerda Varg, ao Lado de Euronymous |
Até
ao lançamento do álbum 'De Mysteriis Dom Sathanas', do MAYHEN, com Átila
Csihar, nos vocais, em lugar de Dead, que havia se suicidado, o baixista Varg
Vikernes compartilhava as ideias satânicas de Euronymous, em grande parte
oriunda do estilo BLACK SABBATH / VENOM, sendo o corpse paint usado pelo MAYHEN
um claro sinal desta teatralidade. Contudo, após este período, novas ideias
começaram maturar na mente de Varg, levando-o a torna-se descontente, pois
passou a não lhe agradar mais as ideias de Euronymous, que era partidário do
Satanismo, já que para Varg conceber uma união entre o Satanismo e uma postura
anti-cristã era algo contraditório pelo fato de Satã pertencer a mitologia
judaico-cristã, e só fazer sentido em sua oposição com o deus cristão, fazendo
com que o deus cristão fosse algo necessário para a compreensão de Satã, de
modo que o Satanismo de Euronymous se mantinha dependente do cristianismo, daí
sua contradição. Por outro lado, Varg queria voltar a cultuar a cultura
original de seu povo, que fora abandonada em favor do cristianismo. Varg por
isso defendia o Odinismo, que venera o Deus Nórdico Odin, pai do Poderoso Thor,
a antiga religião de seus ancestrais Viking. O que o levou a sair do MAYHEN e
se dedicar a sua banda composta por ele apenas, o Burzum.
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