Baseado na estranha, escalafobética e esdrúxula história de Vladimir Fomin, o russo que se recusa em vestir-se com roupas
masculinas.
SE VOCÊS QUEREM MESMO SABER como tudo começou,
então terei que lhes contar desde minha infância, desde o início deste hábito,
que é minha alegria e também tem sido minha perdição...
Desde muito
cedo descobri as vantagens de ser criança: adorava ver as mulheres mudarem de
roupa na minha frente; sentia-me um privilegiado; e mesmo estando com minha mãe
e suas amigas, era normal entrar no vestiário feminino quando estas entravam
para experimentarem suas roupas novas; ficava lá, sentadinho, com o queixo
sobre os punhos olhando seus trejeitos, ouvindo suas conversas e,
principalmente, vendo-as desfilarem com suas peças íntimas. Levantava-me e
podia ver bem de perto, de pertinho mesmo. E como se não fosse bastante vê-las na
intimidade a trocarem de roupa, ainda ganhava carinho e balas. Ah, se elas soubessem
em que tudo isto daria... Talvez tivessem evitado estes estímulos. De qualquer
forma, esta curiosidade me acompanhou por todo este período.
VLADIMIR FOMIN COM VESTIDO TIPO PIRIGUETE |
Por fim,
veio a adolescência, esta idade púbere, que também não escaciaria em
descobertas. Entreguei-me então intensamente as atividades solitárias, quando
descobri, casualmente, uma destas revistas de mulheres peladas, sobre a pia do banheiro; era de um tio que havia
esquecido desta durante o banho. Neste dia, quando o maldito me pegou em tal
ato, disse-me que não parasse, pois se parasse eu desmaiaria. Eu, confiante em
sua autoridade e experiência, fiquei horas a fio em tal ato, com o braço já cansado,
esgotado e dolorido, até que o degenerado, rindo, disse-me que tudo era apenas
brincadeira. Mas, malgrado o susto, passei então a dedicar-me, incansavelmente,
todos os dias, a tal atividade. Até que um dia algo estranho me aconteceu:
notei que meu braço direito tornara mais grosso que o esquerdo. Isto me levou a
um silencioso desespero, pois pensei que tal ato estava me levando a aleijar-me.
Passei então a usar sempre camisas de mangas compridas. Então, como um gênio no
assunto, um dia descobri a solução: passei a usar minha mão esquerda, minha
bendita mão esquerda, a salvadora! E logo passei a dominá-la com enorme
destreza. Confesso que me ajudou muito nas aulas de violão. Foi também nessa
época que passei a nutrir um sonho...
VLADIMIR MAIS A VONTADE, DEIXANDO AS COISAS MAIS AREJADAS |
Quando
descobri por meio das conversas de minhas tias que havia uma profissão que se
dedicava apenas as mulheres, passei a nutrir o sonho de ser ginecologista. Isto
mesmo sonhava ser um desses profissionais que estudam tanto apenas para poderem
bolinar as mulheres dos outros. Queria ver todas aquelas mulheres nuas e de
pernas abertas para mim, pois se todo profissional, como também diziam minhas
tias, deve adorar o que faz, eu preferia passar o dia olhando o que mais amava
naquele momento: vaginas de todos os tipos e tamanhos: brancas, pretas,
vermelhas e pardas. Mas isto foi logo esquecido quando conheci a garota que,
neste período, passou a chamar bastante da minha atenção na escola.
Ela tinha
os cabelos negros um pouco abaixo das orelhas, os lábios grossos, bem vermelhos
e delineados, o nariz bem arrebitado e afilado, os dentes da frente separados
por uma pequena fenda, que lhe conferia um sorriso maroto, um sorriso mesmo de
garota danada, que estava pronta a fazer qualquer estrepulia. Os garotos de
escola logo passaram a chamá-la, curiosamente, de borboletinha. Eu lhes
perguntava o porquê de tal apelido, mas eles nunca diziam, somente riam entre
si, dizendo a mim que se eu queria mesmo saber o motivo tinha que descobrir por
mim próprio.
VLADIMIR COM AS FILHAS |
Este
segredo os fazia sentirem-se especiais, pareciam com uma pequena sociedade
secreta. Tentei várias vezes descobrir o segredo com aquela que passou aos
poucos ser uma obsessão para mim. Procurei aproximar-me dela aos poucos. Passei
segui-la durante a saída do colégio até sua casa, mas faltava-me sempre a
coragem de abordá-la. E não raro, fora do horário de colégio, ia para frente de
sua casa na esperança de vê-la por alguns instantes no portão ou na janela,
mesmo que fosse por apenas alguns minutos ou mesmo por míseros segundos. Enfim,
como já devem ter adivinhado, eu estava, pela primeira vez em minha vida, apaixonado.
Sim, por aquela que era a fonte do tal segredo, que aos poucos cada vez mais me
atormentava, até mesmo em sonhos. Passei a sentir os intensos sentimentos da
paixão: o coração batendo rápido, a mão fria e úmida, a respiração ofegante,
quando a via. E após várias tentativas
de me aproximar algo bom aconteceu...
Ao subir no
ônibus, apressado, sento-me sem reparar ao lado daquela que aos poucos invadia
minha alma. Ela puxou momentaneamente conversa comigo, e eu sempre
monossilábicamente lhe respondia. Isto, intencionalmente, tornou-se para mm um hábito,
e aos poucos passei ganhar cada vez mais segurança e, consequentemente, mais
prolongava a conversa, até que, finalmente, cheguei ao ponto de convidá-la a
sair.
VLADIMIR COM MODELITO MAIS OUSADO |
No dia
marcado, arrumei-me do melhor modo possível, ansioso para agradar-lhe em todos
os sentidos. Esperei ansioso por sua chegada à praça combinada. Desejava
demonstrar-lhe o quanto apreciava sua companhia, o quanto lhe adorava. Até que
ela chegou acompanhada por um rapaz que ficou sentado bem ao seu lado. Durante
a conversa reparei que ele tocava em seu joelho com a mão, pensei então “é um
amigo”. Mas com o tempo ele passou a botar levemente a mão em sua coxa, pensei
ainda otimista “é uma amigo íntimo”. A conversa fluía amistosamente, quando o
sujeito pôs o braço entorno do pescoço dela, e ainda otimista e esperançoso, pensei
“é um amigo muito íntimo”. E quando o vi beijá-la no rosto, repeti mentalmente,
várias vezes, “é um amigo muito, muito íntimo”. Mas minha alegria durou bem
pouco tempo quando vi o tal sujeito, finalmente, beijar-lhe a boca; já não
podia mais disfarçar de mim mesmo, e pensei desolado “sim, é seu maldito
namorado”. Senti como se o chão sumisse sob meus pés; sentia-me caindo em um
buraco fundo; tudo ao meu redor pareceu crescer instantaneamente; tudo parecia ter
ganhado mais importância que eu, naquele momento.
FOMIN COM ESPOSA |
CONTINUA...
Abaixo, um vídeo com nosso herói:
Abaixo, um vídeo com nosso herói:
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