Alguns clientes tinham
uns desejos esquisitos. E eram sempre os que pagavam além da conta. Tinha um
que sempre me chamava para que eu ficasse nua, menos nos pés. Ele me pedia para
calçar dezenas de pares de calçados, que ele guardava na casa dele. Ele morava
sozinho, sabe. E toda vez que eu ia lá tinha novos pares de calçados; de todos
os tipos e cores, mas sempre calçados de couro. Pois bem... ele se deitava no
chão, sobre o tapete, e me pedia para desfilar ao seu lado...
- Nua?
- Sim, nuazinha, com os
pares de sapatos que tinha me dado. Depois pedia pra que eu pisasse sobre ele,
sobre o rosto e o peito dele. E ele ficava lá, lambendo os sapatos nos meus
pés. Às vezes até mesmo me pedia para pisar lá... tu sabe onde! - relatou
Neusa, gargalhando e cutucando Moreira no braço, com o cotovelo.
- Mas era só isso? Não
havia algo mais... Não havia sexo?
- Ás vezes, mas era muito
raro. E quando acontecia eu estava sempre de botas.
- E era sempre com você?
- Claro, meu bem, um
programa fácil assim, a gente agarra com unhas e dentes. E eu jurei a ele total
segredo; apenas pras amigas mais íntimas eu contava - disse Neusa esboçando um
leve sorriso.
Houve uma pequena pausa
para que a mesa fosse novamente abastecida.
- Sim, Neusa, conte-me
mais - disse-lhe, Moreira, após a retirada do garçom.
- Bem, tem histórias
engraçadas, como essa, assim como as nojentas e tristes. E também as violentas,
que uma prostituta tem que passar. Depois ainda dizem que é a profissão mais
fácil do mundo!
- É uma pena, mesmo!
- Essa quem me contou foi
uma amiga:
Ela estava aperreada pela
falta de dinheiro. Então, um cafetão chamou ela, e disse que um de seus
melhores clientes estava precisando de uma menina que topasse coisas
diferentes. Ela perguntou o que seria. Ele então disse que o cliente pagaria
muito bem apenas para que ela jogasse sobre ele, e na vagina dela, manteiga de
amendoim para que os dois lambessem.
- Ahã - murmurou Moreira,
enquanto levava o copo com bebida à boca.
- Quando ela chegou de
táxi na casa do sujeito, viu que não era mentira, o cara morava em um palacete,
decorado com mobílias caras e quadros na parede, com molduras pesadas de metal,
decoradas com relevos que lembravam muito ouro, assinados por alguém que só
podiam ser os artistas verdadeiros. Não se aproximavam nem um pouco daquelas
cópias de quadros que vendem nas feiras; então, pensou ela, o sujeito devia
pagar muito bem, pois o que não parecia faltar, ali, era dinheiro.
Um homem, então, veio
recebê-la e levou ela ao seu patrão, um sujeito educado, que tratou ela como
uma verdadeira dama. Ele pagou antecipado, uma bolada e tanto de dinheiro. Ela
quando viu o dinheiro, pensou que faria de tudo pra agradar aquele sujeito e
assim conquistar sua confiança, e, também, mais dinheiro com novos programas.
Aceitaria então qualquer coisa que ele quisesse: ménage à trois; vibrador nela, ou nele; dedos e lambidinhas na
bundinha dele, etc. Manteiga de amendoim na xereca pareceu a ela fichinha a
partir do momento em que a grana reluziu em seus olhos.
E após Neusa tomar mais
um gole de bebida, continuou a narrativa:
- Após os dois ficarem
nus, veio a surpresa, o sujeito queria que ela se ajoelhasse para que ela
mijasse nele, em seu rosto e boca, enquanto ele estava deitado sobre o tapete.
Ela estranhou o pedido, mas não viu nenhum problema nisso, afinal de contas era
a boca dele e o pagamento compensava, por isso, ela pouco se importava. Porém,
depois de seu desejo ser realizado, ele imediatamente quis o contrário. Ela
relutou, afinal de contas a boca, agora, era a dela. Ele disse, então, que
dobraria o pagamento, caso ela permitisse. E assim foi, com ela permitindo imediatamente.
- Caramba! - pronunciou
Moreira admirado.
- E a coisa não parou por
aí, não, meu amigo.
- Não?!
- Não. Passaram pra
excrementos!
- Que nojento! - exclamou
Moreira, após interromper o gole de sua bebida. - Então era essa a manteiga de
amendoim que ele tanto queria!
- Sim, sim - confirmou
Neusa às gargalhadas. - Mas de todas as histórias que aconteceram comigo, e
mesmo das que tenha apenas ouvido de amigas, esta parece ser a mais estranha e
triste:
Um homem me convidou para
sua mesa, em um bar como este, de esquina. Me ofereceu bebida e passou a
comentar sobre sua esposa, que parecia ser bastante querida. Me contou sobre
todos seus anos de vida, vividos em sua companhia. Mas tinha algo de estranho
no que dizia. Me contou, finalmente, o que eu já suspeitava, que ele soube
recentemente que ela lhe tinha traído, e que, no entanto, ele jamais tinha, em
todos esses anos de matrimônio, lhe traído. O ódio tinha invadido aquela boca,
agora. Me disse, então, que finalmente, como vingança, lhe trairia; e que me
pagaria para que fosse transar em sua casa, sobre a cama de casal que ele tinha
tanto prezado, mas que ela tinha maculado. Eu aceitei, bem que ela merecia,
assim pensei naquele dia. Ao chegar em sua casa, fomos logo para a cama. O
homem transava e chorava; e quanto mais transava, mais chorava ainda; e
balbuciava o nome dela. Até que me convidou para que saíssemos daquela cama. Eu
compreendi imediatamente, seu arrependimento, naquele instante. Fomos então para
o chão, ao lado de um tapete enrolado, e lá ficamos transando. Em um dado
momento, ele passou a gritar o nome dela: “EUNICE... EUNICE... EUNICE, SUA PUTA”,
e chorava. Olhou para o tapete, e disse: “Tá vendo? É isso que tu merece”. Eu
não compreendia nada do que se passava naquele momento. Talvez o tapete fosse
presente de casamento e que, por isso, causasse lembranças dela; foi o que
pensei na hora. Só sei que parecia que o homem endoidara. Mas, alguns dias
depois, veio a surpresa. Ao ler o jornal li a matéria, espantada:
“CRIME DO TAPETE: homem mata esposa a facadas e a esconde
enrolando-a no tapete de casa”.
- E lá estava a foto
dele, e do tapete. Ele havia matado a esposa, e no outro dia se entregado à
polícia - disse Neusa.
Pois é, meu filho, por
tudo isso uma prostituta passa. Imagine, eu estava ao lado de um cadáver, e não
sabia. Que coisa horrível eu ter feito aquilo, estando o cadáver ao lado! Não é
mesmo?
Tirado do livro Sexo, Perversões e Assassinatos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário