Sendo
o BORNAL um blog que se dedica não apenas a literatura mas também a assuntos variados
e polêmicos, e que tal versatilidade é seu principal atrativo, trago aqui
algumas questões levantadas após a leitura do livro As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior
(resenhado por mim neste blog), que julgo serem oportunas para se conhecer
melhor e trazer uma visão mais humana sobre esta figura controvertida, amada
por muitos e eleita, recentemente, como o “Maior Brasileiro de Todos os
Tempos”, visão que, muitas vezes, é tolhida em nome do mito de um homem infalível.
São nove questões, apenas para impor um limite:
CONTRADIÇÕES DE CHICO
1.
Numa noite, conta o livro As Vidas de
Chico Xavier, Chico sentia muita dor proveniente de seu olho doente, pediu
então ajuda ao seu guia espiritual Emmanuel. Este apareceu e lhe disse:
“-
Sua condição não exonera você da necessidade de lutar e sofrer, em seu próprio
benefício, como acontece às outras criaturas.”
Por
meio deste e de vários ensinamentos de seu guia - nos informa ainda sua
biografia -, “em pouco tempo, Chico definiria a ‘enfermidade’ como a melhor
‘enfermeira’, agradeceria a Deus por suas dores e abençoaria o sofrimento como
forma de evolução, uma maneira de resgatar dívidas de encarnações anteriores e
de compensar escorregões da temporada atual”.
A
pergunta então que surge é: Se para Chico o sofrimento era, de fato, tão
importante como “uma maneira de resgatar dívidas de encarnações anteriores”,
uma regra que, dentro de sua crença, vale para “outras criaturas” também, por
que então ele se aplicava com tanto afinco em diminuir o sofrimento dos mais
necessitados, se é justamente por meio deste que os espíritos evoluem? Não
seria um erro tal ato? Não estaria ele sendo infiel a suas próprias crenças, impedindo
que outros pudessem evoluir também?
Há
uma boa explicação para tal contradição, ela se encontra na mistura entre
reencarnação e cristianismo que em parte é a religião espírita.
A
reencarnação é guiada por uma ideia fundamental que assim como esta é também
estranha à religião cristã: a lei do karma. Esta é muitas vezes ilustrada por
seus partidários pela afirmação de que toda ação tem uma reação, ou em outras
palavras, todo ato feito em uma encarnação terá consequências na encarnação
seguinte. Desse modo, um ato ruim feito em uma encarnação anterior terá um
efeito ruim na seguinte, como forma de aprendizado. Assim esta ideia serve para
explicar, por exemplo, por que muitos têm pouco dinheiro enquanto outros
possuem bastante, por que alguns sofrem enquanto outros são felizes, por que
alguns morrem jovens enquanto outros morrem com idade avançada, etc. Na Índia, país
sem influencia da religião cristã, esta ideia é levada ao pé da letra, o que gerou
as castas, espécie de classes sociais em que a sociedade indiana é dividida.
Quem nasce, por exemplo, em uma casta inferior, pobre, miserável, nasceu nela
por merecer, está pagando karma, está sendo castigado por falhas de outras
encarnações, por isso o indivíduo não deve ser ajudado. Ao misturar esta crença
com a crença cristã da caridade, que afirma a necessidade de ajuda mútua, a
compaixão entre os indivíduos, surge a contradição de Chico Xavier. Uma
contradição que é proveniente não apenas dele mas principalmente da doutrina
que professava.
2.
No final da década de 60, Chico adquiriu um tumor na próstata. A cirurgia
tornava-se inevitável. “Zé Arigó, o médium que incorporava o Dr. Fritz e
realizava cirurgia sem anestesia, se ofereceu para operar o colega. Chico
recusou a oferta e preferiu se internar numa clínica de São Paulo”.
Muitos
estranharam sua atitude: “Por que não aceitou a oferta do Dr. Fritz, tão
requisitado na época? Ele duvidava do poder dos espíritos?” E ao ser perguntado
sobre o fato, repetia a mesma resposta que tinha dado a Arigó:
“-
Como eu ficaria diante de tanto sofredor que me procura e que vai a caminho do
bisturi como o boi para o matadouro? E eu vou querer facilidades? Eu tenho que
me operar como os outros, sofrendo como eles”.
Chico
não foi muito convincente, não é mesmo? Porém, “anos mais tarde”, como nos
conta Souto Maior, “num desabafo, Chico deixaria de lado a diplomacia e diria:
-
Sou contra essa história de meter o canivete no corpo dos outros sem ser
médico. O médico estudou bastante anatomia, patologia e, por isso, está
habilitado a fazer uma cirurgia. Por que eu, sendo médium, vou agora pegar uma
faca e abrir o corpo de um cristão sem ser considerado um criminoso?”
Esta
resposta de Chico me lembrou da atitude de outro famoso médium brasileiro,
Edson Queiroz, que nos anos 80 operava sem anestesia, supostamente, incorporado
pelo espírito do médico alemão Dr. Fritz. Edson também era outro incoerente que
em vez de operar seus filhos, quando estes precisavam, mandava-os se tratarem
na medicina convencional.
Bem,
em todo caso, a resposta de Chico não parece ser atitude de plena confiança em
sua doutrina.
CHICO E
A ÉTICA ESPÍRITA
3. O comportamento de amor, paz, carinho
e de assistência aos necessitados sempre foram qualidades apontadas como
pertencentes ao caráter bondoso de Chico Xavier. Porém estas qualidades poderiam
ter outro significado!
No
livro Nosso Lar, Chico Xavier
descreve a vida em uma cidade espiritual, onde a tarefa fundamental de seus
habitantes é a evolução espiritual fundamentada no auxílio a outros espíritos.
Assim quanto mais dedicado for um espírito a outro mais rápido evoluirá ao
cansando níveis cada vez mais alto na hierarquia espiritual. E para conseguir
seu intento mais rápido, o espírito pode acumular os chamados “bônus-trabalho”,
que é o tempo extra de assistência aos outros, que poderá ser trocado por
provisão extra de pão e roupa, visitas a parentes ou amigos mortos, acesso a
locais de lazer, ou a uma nova encarnação melhor que a anterior. Esta ética
vigora também para os habitantes da Terra: quem ajuda alguém ajuda a si próprio
também. Em suma, o que poderia estar por trás desta “ética do amor”,
verdadeiramente, poderia ser o mais puro egoísmo, pois não há tanta diferença
entre esta troca de favores espirituais, tendo como objetivo segundas intenções
e a troca de auxilio tendo em vista dinheiro ou algo material. Por conseguinte,
dentro desta forma de moral, o comportamento altruísta não seria evidência
suficiente para julgar verdadeiramente o caráter de alguém como bondoso.
CHICO E O DINHEIRO
4.
Volta e meia é tido como prova da honestidade de Chico Xavier o fato que este
nunca ganhou nenhum dinheiro com seus livros, doando a renda da venda de seus
livros a centros espíritas dedicados a caridade e a divulgação da doutrina
espírita.
Que
Chico Xavier nada tenha ganhado de dinheiro diretamente, disso não tenho a
menor dúvida, mas mesmo que seu trabalho não tenha sido retribuído com dinheiro,
Chico, no final das contas, teve a retribuição de ter sua obra e nome
grandemente divulgados; e convenhamos, a afirmação de que tais livros sejam
fruto de poetas mortos chama bem mais atenção, tanto antes quanto hoje, que a
tese de que foram escritos por alguém vivo; como prova disso, podemos dar o
exemplo de que os livros psicografados por Chico Xavier atribuídos ao espírito
do jornalista e poeta Humberto de Campos, venderam mais que qualquer livro
deste escritor em vida. Além disso, há coisas que o dinheiro não pode comprar,
como o amor e o carinho sincero dos outros. É bem possível que Chico tenha
preferido o amor e o carinho sincero ao dinheiro, independente da honestidade ou
não de suas ações. Portanto, este argumento não prova o que pretende provar.
SOBRE A OBRA DE CHICO
XAVIER
5.
Uma das coisas que tem chamado atenção para Chico Xavier, do ponto de vista de
sua obra, é a quantidade de livros psicografados por ele, 412 livros, que
somado ao fato de que sempre foi rapaz pobre, dedicando grande parte de seu
tempo ao trabalho, é muitas vezes demonstrado como prova de uma capacidade
extra-humana para um pobre garoto do interior de Minas, e que mesmo grandes
escritores, dedicando todo o tempo a suas obras, não conseguiram igualar tal quantidade.
Provando que tal fato só poderia ser mesmo fruto da comunicação com mortos. Mas
não poderia esta quantidade ser enganadora?
A
verdade é que, como demonstra muito bem o leitor Gilberto, no site Obras Psicografadas, dedicado ao tema,
destes 412 livros somente dez ou vinte livros possuem conteúdo extenso, o
restante seria apenas títulos com pequeno conteúdo. Exemplo: “’Nosso Lar’, um
dos livros mais extensos em número de palavras de Xavier, tem menos de 55.200
palavras. Mas ‘Vida no Além’, exemplo dos títulos prolíficos e corriqueiros de
Xavier, tem menos de 6.000. Esses livros fininhos e com pouquíssimas palavras
se tratam do corpo maior da obra de Chico Xavier” 1. “A esmagadora
maioria dos 400 livros, juntos, pode ser menor que UM ÚNICO EXEMPLAR de um
livro extenso de um escritor prolixo qualquer de romances, como Stephen King”2,
em que apenas um livro deste, It, possui 460000 palavras. Portanto, o argumento
acima é enganador. Além disso, há vários escritores, não-religiosos, sem os
ditos poderes paranormais, que possuem um conjunto de obras com quantidade muito
superior a de Chico. Exemplo:
Tellado
Corin, escritora espanhola. Escreveu 4000 livros.
Charles
Hamilton, este inglês escreveu 1200 livros.
Ryoki
Inoue, brasileiro, escreveu 1099 livros.
E
assim por diante...
6.
O primeiro livro de Chico Xavier se chama Parnaso
de Além Túmulo, de 1932. Trata-se de uma coletânea de poemas ditados por
ilustres escritores mortos, tanto brasileiros quanto portugueses, obedecendo ao
estilo dos poetas quando vivos, que, segundo muitos, demonstraria serem
proveniente de seus alegados autores. Afirmação corroborada com a ideia, muitas
vezes repetida, inclusive no prefácio do Parnaso,
de que Chico era “filho de pais
pobres, não pôde ir além do curso primário dessa pedagogia incipiente e
rotineira [...] e (que) não vai, também em tese, muito além das quatro
operações e da leitura corrida”. Levando muitos a argumentar: “Como seria
possível que um ignorante e iletrado seja capaz de escrever tudo isso e em
diferentes estilos?” Conduzindo muitos a encontrar a resposta nos fenômenos
ditos mediúnicos.
A
tese de que Chico era um semi-analfabeto, um ignorante completo, que mal tinha
tempo para dormir, dedicando-se demasiadamente ao ganha-pão diário, é
infundada. Na verdade, Chico sempre teve um grande pendor para a literatura,
como podemos ver através de um dos vários cadernos seus, datado de 1924 (Chico
tinha então 14 anos), que contem matérias anteriores dessa data, desde 1904,
que Chico mantinha em sua casa, recheado com recortes de jornais, revistas, que
estampavam matérias sobre inúmeros poetas, contendo, inclusive, a reprodução de
assinaturas de alguns poetas como Olavo Bilac e Camillo Castello Branco, é o
que podemos ver através de um desses cadernos recuperado, em 1997, pela
pesquisadora Magali Oliveira Fernandes.
“Magali informa que entre jornalistas, poetas e escritores (nacionais e estrangeiros), Chico reuniu nesse caderno cerca de 200 nomes! Entre as mulheres, podemos citar – dentre muitas outras – a romancista francesa Madame de Staël; a poetisa portuguesa Virgínia Victorino; as brasileiras Cecília Meireles, Gilka Machado, Auta de Souza, Rosalina Coelho Lisboa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, Carmen Cinira e Maria Eugênia Celso. Entre os homens, sobressaíam Olavo Bilac e Raul de Leoni, mas encontrava-se também Shakespeare, Jung, páginas textos de um poeta persa do século XII chamado Mioutchehz, Edgar Allan Poe, trechos de Cervantes, Balzac, versos de Victor Hugo, Catullo Cearense, João de Deus, Álvares de Azevedo, Eça de Queirós, Afonso de Carvalho, Paulo Gama, Vasmir Filho, Gastão Ribas, Higyno Braga, Luiz Delfino, Menotti Del Picchia e vários outros”3.
Soma-se a isso o fato que Chico Xavier
era um leitor voraz, capaz de ler um livro em questões de horas. Costume que
manteve ao longo da vida, é o que afirma um amigo de Chico no livro As Vidas de Chico Xavier: “Devora os
livros com fúria. Trouxe-lhe, há dias O
Homem, Esse Ser Desconhecido, e ele não gastou mais de quatro horas e meia
para ler o volume gordo” 4. Portanto, Chico Xavier possuía
conhecimento sobre literatura bem maior do que supostamente era referido à
época. Podendo muito bem ter sido usado, de modo consciente ou inconsciente,
para a confecção de seu primeiro livro, posteriormente.
“Magali informa que entre jornalistas, poetas e escritores (nacionais e estrangeiros), Chico reuniu nesse caderno cerca de 200 nomes! Entre as mulheres, podemos citar – dentre muitas outras – a romancista francesa Madame de Staël; a poetisa portuguesa Virgínia Victorino; as brasileiras Cecília Meireles, Gilka Machado, Auta de Souza, Rosalina Coelho Lisboa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, Carmen Cinira e Maria Eugênia Celso. Entre os homens, sobressaíam Olavo Bilac e Raul de Leoni, mas encontrava-se também Shakespeare, Jung, páginas textos de um poeta persa do século XII chamado Mioutchehz, Edgar Allan Poe, trechos de Cervantes, Balzac, versos de Victor Hugo, Catullo Cearense, João de Deus, Álvares de Azevedo, Eça de Queirós, Afonso de Carvalho, Paulo Gama, Vasmir Filho, Gastão Ribas, Higyno Braga, Luiz Delfino, Menotti Del Picchia e vários outros”3.
Acima, a imagem do caderno de Chico |
PSICOGRAFIA
7. Psicografia é o nome que espíritas
dão ao suposto ato de passarem para o papel mensagens familiares de entes
queridos falecidos ou trabalhos literários ditados por um espírito
desencarnado. Chico é tido como o maior nome ligado a tal atividade, tendo,
supostamente, posto no papel poemas e crônicas de ilustres poetas mortos, tanto
brasileiros quanto portugueses. As questões que surgem são: Por que Chico
psicografava apenas este tipo de escrito? Por que, se o objetivo era demonstrar
que há vida após a morte, então não psicografou trabalhos científicos de
grandes cientistas mortos, ou de filósofos como Platão, Aristóteles, Hegel,
Spinoza, ou outro filósofo conhecido? Por que não, se o mecanismo psicográfico
para os textos de um poeta ou de um filósofo seria o mesmo? No entanto, por que
apenas uma forma literária que em tese é mais fácil de ser falsificada, basta
para tanto ver os patiches? Será que
por serem menos profundos e complexos? Ou será pelo fato que outros assuntos
estariam fora dos conhecimentos de Chico, que era alguém que desde cedo teve
grande pendor para a literatura, conhecendo os poetas psicografados a
fundo?
CHICO XAVIER E AS
FRAUDES ESPÍRITAS
8.
Em seu livro, Marcel nos conta que em fevereiro de 1948, Chico Xavier receberia
em Pedro Leopoldo o médium Francisco Peixoto Lins, conhecido como Peixotinho,
um médium que tinha o poder de materializar espíritos, através de seu
ectoplasma, substância supostamente oriunda do próprio corpo do médium.
Os
espíritos tomavam forma luminosa e, um por um, desfilavam enfrente dos
presentes atônitos com tal visão. “Um dos perplexos na plateia era o delegado
de polícia R.A. Ranieri. Naquela noite, ele foi surpreendido pela visita de uma
réplica iluminada de sua filha, Heleninha, morta três anos antes, com dois anos
de idade. A garota ‘saiu’ do corpo de Peixotinho e ‘ressuscitou’, quase em
néon, com a mesma fisionomia e estatura dos tempos de viva e com a voz
semelhante à original. Cumprimentou o pai e colocou nas mãos dele uma flor
brilhante”.
Ranieri
escreveria mais tarde um livro sobre suas experiências com a materialização de
espíritos, chamado de Materializações
Luminosas, de 1962, contendo fotos de tais fenômenos.
Abaixo,
algumas fotos destas.
Pena
que toda a maravilhosa descrição que Ranieri descreveu acima não foi capitada
pelas lentes da máquina de fotografia. Tudo que vemos nestas são apenas pessoas
ao lado do que aparenta ser lençóis ou um emaranhado de gazes. Porém, com os
exemplos abaixo, saberemos melhor do que se trata.
Nestas
fotos, pertencentes também ao livro Materializações
Luminosas, vemos a figura do presidente americano John Kennedy, morto em 22
de novembro de 1963, que apareceu, acompanhado da irmã Rose, numa dessas seções
de materialização promovidas por Chico.
Agora,
vejam esta capa de revista da época:
Algo
se assemelha com a foto anterior?
Sim,
o que era dito como o fantasma de Kennedy não passa de truque de fotografia, em
que a foto da capa de revista foi usada para criar o que seria seu fantasma.
Veja:
Em
1964, tivemos outra surpresa.
O
livro As Vidas De Chico Xavier conta-nos
que “em fevereiro de 1964, às vésperas do golpe militar, Chico não resistiu e,
seduzido pelas materializações promovidas pela médium Otília Diogo, de
Campinas, se animou a exibir os poderes dela a um repórter e a um fotógrafo da
revista O Cruzeiro. Tomou a decisão
após participar de uma sessão privativa comandada pela moça”.
Amarrada
em uma cadeira, Otília, por meio de seu ectoplasma, dava vida a fantasmas. Um
deles era frequente, o fantasma de uma freira chamada de “irmã Josefa”. Porém,
no dia de sua exibição perante jornalistas, nada deu certo, “a figura que
apareceu, ‘saída’ de seu corpo, era a sua cara. Os repórteres exibiram fotos de
Chico de braços dados com a visitante do além, a ‘irmã Josefa’, e destacaram a
semelhança entre ‘espírito’ e médium. Chico calou-se sobre o assunto”.
Acima, Chico Xavier ao lado da suposta aparição de Irmã Josefa |
Anos depois veio a explicação. “Otília Diogo tinha sido presa com uma maleta recheada de roupas utilizadas em ‘materializações’. O hábito de irmã Josefa também estava lá. A transformista confessou até mesmo ter pago uma cirurgia plástica facial com exibições ‘espírita’ na casa do cirurgião”.
Irmã Josefa |
Otília Diogo: compare seu rosto com a figura acima |
A dúvida que fica é: Se Chico era amigo íntimo tanto de Ranieri e Otília Diogo, fazendo parte das exibições de materialização desta, bem como autenticando fotos claramente falsificadas do livro Materializações Luminosas, se isso é verdade, e é verdade, então ou ele era conivente com tais fraudes ou não sabia destas. Se era conivente, era também um fraudador; se ele nada sabia, então era tão ingênuo a ponto de ser enganado por qualquer um, inclusive por ele próprio, por seu inconsciente (leia texto abaixo).
CHICO XAVIER E A
CRIPTOMNÉSIA
9.
Criptomnésia é “um distúrbio de memória que faz com que as pessoas se esqueçam
de que conhecem uma determinada informação”. Assim Chico Xavier poderia construir
seus livros baseado apenas em lembranças inconscientes de suas leituras.
Um
exemplo, entre vários outros dedicados a Chico, tirado do blog Obras Psicografadas
(obraspsicografadas.org), em que a obra “Vida de Jesus”, do escritor francês
Ernest Renan, de 1863, é comparada com a obra “Boa Nova” de Chico Xavier, de 1941.
Reparem na semelhança entre ambas as obras.
Cores
são utilizadas para ajudar a destacar trechos idênticos ou semelhantes.
Vida de Jesus (Ernest Renan)
|
Boa Nova (Chico Xavier)
|
Mesmo hoje em dia, é uma excelente
estada, talvez o único lugar da
Palestina onde a alma se sinta um pouco aliviada
(pág. 104)
|
Nazaré, com a sua paisagem, das mais
belas de toda a Galiléia, é talvez o
mais formoso recanto da Palestina.
(pág. 07)
|
Nazaré era uma cidade pequena, situada numa dobra de terreno largamente aberto, no alto do
grupo de montanhas que
limita ao norte a
planície de Esdrelão.
(pág. 104)
|
Suas ruas humildes e pedregosas, suas
casas pequeninas, suas lojas singulares se agrupam numa ampla
concavidade em cima das montanhas,
ao norte do Esdrelon.
(pág. 07)
|
O horizonte da
cidade é estreito, mas por pouco que se suba e que se
atinja o planalto, fustigado poruma brisa perpétua, que se estende das casas mais altas, a perspectiva é
esplêndida.
(pág. 105)
|
Seus horizontes são
mesquinhos e sem
interesse; contudo, os que subam um pouco
além, até onde se localizam as
casinholas mais elevadas, encontrarão para o olhar assombrado as mais formosas
perspectivas.
(pág. 07)
|
Ao oeste, se desdobram as belas linhas
do Carmelo, terminadas por uma ponta abrupta que parece mergulhar no mar.
Depois se desenrolam o cume duplo
que domina Magedo, as montanhas de
Siquém, com seus lugares santos no tempo patriarcal; os montes Gelboé, o pequeno conjunto
pitoresco ao qual se ligam as lembranças graciosas e terríveis de Sulém e
Endor; o Tabor, com sua forma arredondada,
que a Antiguidade comparava a um seio. Por uma depressão entre a montanha de
Sulém e o Tabor se entrevê o vale do Jordão e as planícies de Pereia, que formam uma
linha contínua do lado leste. Ao norte, as
montanhas de Safed, inclinando-se para o mar, escondem São João de
Acre, mas revelam o golfo de Caifa.
Tal foi o horizonte de Jesus
(pág. 105)
|
Ante seus olhos surgiam as montanhas
de Sarnaria, o cume de Magedo, as eminências de Gelboé, a figura esbelta do Tabor, onde, mais tarde,
ficaria inesquecível o instante da Transfiguração, o vale do rio
sagrado do Cristianismo, os cumes de
Safed, o golfo de Khalfa, o elevado cenário do Pereu, num soberbo
conjunto de montes e vales, ao lado das águas cristalinas
(pág. 07)
|
FONTES:
2.
idem
4.
AS Vária Vidas de Chico Xavier/ Marcel Souto Maior/Página 98
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