quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A PROMESSA



Poucas são as coisas tão valiosas quanto a amizade. Mantê-la é uma grande virtude. E realizar suas promessas é a maior expressão desta, pelo menos para os mais virtuosos. E alguns levam isso tão ao pé da letra, que a levam mesmo para o túmulo, como a história que vou lhes contar.
Quando jovens três amigas eram inseparáveis, sempre juntas estavam. Não apenas nos momentos alegres, felizes, como também nos mais tristes. Desde a infância foram, assim, unidas. Dividiam segredos, dos mais íntimos. Promessas sempre eram cumpridas. Ao ponto de fazerem a maior de todas elas: “Que a primeira a morrer venha dizer as outras onde está, se no céu ou no inferno.”
Os anos se seguiram, adultas se tornaram. E os afazeres da vida mantiveram-nas distanciadas. Tanto que entre si perderam o contato. E com a idade as memórias, enfim, se desbotaram. Mas não o suficiente...
Quando a primeira morreu, imediatamente, uma das amigas foi ao seu velório desfazer o trato. E ao ouvido da morta, disse:
Amiga querida, desfaço o trato, deixe que eu própria saiba do seu paradeiro após minha morte.
A segunda ao receber a notícia da morte de sua amiga, instantaneamente lembrou-se de seus anos de infância, e da maior de todas as suas promessas. Mas já era tarde...
Um dia, em uma noite das mais solitárias, sob a luz de vela, em meio a um silêncio sepulcral, ouviu passos em direção ao seu quarto. A casa estava fechada, como de costume, com a única chave em seu quarto. Seus filhos moravam em outra cidade. Seu marido se ausentara de casa, sem levar nenhuma das chaves.
Os passos seguiram-se em direção a porta do quarto. Com medo, pôs-se de baixo dos lençóis. Seu medo aumentou ao perceber que os passos não eram familiares. A porta, pouco a pouco, foi abrindo, demonstrando tal ato pelo ranger das dobradiças. Um vento frio inundou o quarto nesse instante, acompanhado de intensos calafrios, e de uma voz que lhe sussurrou ao pé do ouvido:
“Não posso lhe contar onde estou, mas posso lhe dizer que onde estou é assim...”
E o vento apagou a chama da única vela que estava no quarto. Inundando o quarto com uma escuridão inominável.

Gostou? Então comente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário