sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O CÉU (de Haroldo Brandão)


          
O céu estrelado na cidade no meio do mundo
Calor e umidade nas almas (se existem) e nos corpos
O vírus está em gestação na troca de estação
Minha voz rouca balbucia uma perda conflito
No painel guernica que é a minha vida
Estilhaços de um eu fragmentado

Estou sem a principal arma que todos tem: a fé

Como a foto que não foi vista por ninguém
Assim o olhar triste e cansado de um cachorro nas ruas
Os maias e os hunos olhavam o céu estrelado tentando adivinhar não sei o quê

As costas de Deus estão pesadas e meu próprio peso é leve.


Um comentário:

  1. Que lindo Haroldo, um poema que evoca tantos sentimentos, parabéns

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