quinta-feira, 14 de abril de 2016

OS FANTASMAS DO TEATRO DA PAZ

Dizem que quando alguém mantém uma profunda relação com determinado ambiente, e morre, sua alma, por pura afinidade com o lugar, o faz torna-se um morador deste, uma espécie de prisioneiro emocional do lugar. Assim nascem os fantasmas a povoar ambientes abandonados e vazios.
E, devido a sua profunda ligação emocional com os artistas, os teatros não poderiam ser diferente. Não sendo raro ouvirmos histórias de instrumentos musicais a tocar sozinhos em suas dependências, vozes em falsetes a ecoar pelo teatro vazio, ou vultos com roupas antigas a perambular por seus corredores e camarins. E o Teatro da Paz não poderia estar de fora disso:


Luiz havia chegado à tarde com os demais colegas de trabalho para o conserto do palco do Teatro da Paz, que há muito tempo precisava de um bom reparo. Como havia passado a noite anterior em um aniversário de um amigo, às claras, estava sonolento. O que o levou, próximo ao término de seu trabalho, a procurar um local escondido a fim de tirar um bom cochilo, antes que, mais uma vez, acertasse o dedo com o martelo devido ao seu estado de sonolência. Encontrou no porão do Teatro da Paz um bom lugar para esconder-se e dar uma boa cochilada, jurando que não sentiriam sua falta tão rapidamente. Porém, naquele dia, Luiz havia perdido a noção do tempo, dormindo bem mais do que pretendia. Quando acordou viu que o teatro estava às escuras e vazio. Olhou o relógio, e percebeu que este havia parado de funcionar. Tentou tatear até a saída, mas, sem luz, percebeu que seria tarefa quase impossível.


Foi quando viu alguém segurando uma fonte de luz cruzar o corredor adiante. Decidiu então segui-lo, a fim de pedir para guia-lo até a saída. Quando Luiz chegou perto do sujeito viu que ele segurava uma vela. Tocou-o no ombro, por trás de suas costas, a fim de chamar sua atenção e explicar o ocorrido. Foi quando o sujeito virou-se para olhá-lo. O marceneiro então verificou que o sujeito usava roupas bem antigas e peruca branca. O homem lhe fez uma reverência ao modo antigo e continuou adiante. Luiz viu então que o sujeito não possuía pernas, e que flutuava no ar, antes de sumir simplesmente penetrando a parede à sua frente.
O trabalhador foi encontrado na manhã seguinte, em estado de choque, falando de inúmeras pessoas que habitavam aquele lugar à noite, inclusive do ensaio fantasmagórico de uma peça, por atores que não pareciam ser deste mundo.
Abaixo, um ótimo vídeo do grupo Belém Assombrada.


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