Dizem
que quando alguém mantém uma profunda relação com determinado ambiente, e
morre, sua alma, por pura afinidade com o lugar, o faz torna-se um morador
deste, uma espécie de prisioneiro emocional do lugar. Assim nascem os fantasmas
a povoar ambientes abandonados e vazios.
E, devido a sua profunda ligação
emocional com os artistas, os teatros não poderiam ser diferente. Não sendo
raro ouvirmos histórias de instrumentos musicais a tocar sozinhos em suas
dependências, vozes em falsetes a ecoar pelo teatro vazio, ou vultos com roupas
antigas a perambular por seus corredores e camarins. E o Teatro da Paz não
poderia estar de fora disso:
Luiz
havia chegado à tarde com os demais colegas de trabalho para o conserto do
palco do Teatro da Paz, que há muito tempo precisava de um bom reparo. Como
havia passado a noite anterior em um aniversário de um amigo, às claras, estava
sonolento. O que o levou, próximo ao término de seu trabalho, a procurar um
local escondido a fim de tirar um bom cochilo, antes que, mais uma vez,
acertasse o dedo com o martelo devido ao seu estado de sonolência. Encontrou no
porão do Teatro da Paz um bom lugar para esconder-se e dar uma boa cochilada,
jurando que não sentiriam sua falta tão rapidamente. Porém, naquele dia, Luiz
havia perdido a noção do tempo, dormindo bem mais do que pretendia. Quando
acordou viu que o teatro estava às escuras e vazio. Olhou o relógio, e percebeu
que este havia parado de funcionar. Tentou tatear até a saída, mas, sem luz,
percebeu que seria tarefa quase impossível.
Foi quando viu alguém segurando uma
fonte de luz cruzar o corredor adiante. Decidiu então segui-lo, a fim de pedir
para guia-lo até a saída. Quando Luiz chegou perto do sujeito viu que ele
segurava uma vela. Tocou-o no ombro, por trás de suas costas, a fim de chamar
sua atenção e explicar o ocorrido. Foi quando o sujeito virou-se para olhá-lo. O
marceneiro então verificou que o sujeito usava roupas bem antigas e peruca
branca. O homem lhe fez uma reverência ao modo antigo e continuou adiante. Luiz
viu então que o sujeito não possuía pernas, e que flutuava no ar, antes de
sumir simplesmente penetrando a parede à sua frente.
O
trabalhador foi encontrado na manhã seguinte, em estado de choque, falando de
inúmeras pessoas que habitavam aquele lugar à noite, inclusive do ensaio
fantasmagórico de uma peça, por atores que não pareciam ser deste mundo.
Abaixo, um ótimo vídeo do grupo Belém Assombrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário