Um conto para os fãs da banda IRON MAIDEN, inspirado na música The
Reincarnation of Benjamin Breeg (A Reencarnação de Benjamin Breeg).
PARTE 1 – HARRY E SEUS NOVOS ANTEBRAÇOS
Quando o telefone tocou,
naquela madrugada, foi para uma agradável surpresa:
- Alô – com sua prótese
mecânica, Harry atende com enorme dificuldade o telefone.
- Harry, aqui é seu
médico, temos uma boa notícia para você. Recebemos a notícia de um doador, que
tem aproximadamente a sua idade e o mesmo biótipo seu. Precisamos que você
esteja no hospital imediatamente.
- Sim! Esta é uma
agradável surpresa para mim, doutor. Estarei o mais rápido possível, aí.
Havia seis anos que Harry
havia perdido os antebraços em um acidente automobilístico. E nesses seis anos,
muitas foram as vezes que tentara o uso de várias formas de próteses, mas os
resultados nunca foram os melhores. Elas machucavam seus braços. E por mais que
tentassem imitar o formato e a cor da pele humana, sempre tinha alguém que lhe
perguntava se queria ajuda, ou quando tinha perdido os antebraços. De modo que,
aquelas próteses estavam longe de substituírem verdadeiramente seus antebraços.
Por isso, tinha entrado para o programa de transplante de membros humanos. Um
programa que se iniciava, e que ainda estava em testes, pois o perigo de
rejeição de tecidos era enorme; além da dificuldade, claro, de se encontrar um
doador que tivesse as mesmas características de quem receberia seus membros.
* * *
A cirurgia foi um
sucesso, e logo Harry estava pronto para começar sua série de seções de
fisioterapia.
A possibilidade de rejeição
lhe obrigaria a tomar medicamentos para o resto de sua vida, pelo menos
enquanto não houvesse outro modo melhor. E os meses de fisioterapia se passavam
com enormes progressos, muito acima das expectativas. Porém, foi quando coisas
estranhas começaram a acontecer...
A primeira sensação
estranha que sentiu, ao mover suas mãos e cariciar sua esposa, foi como se quem
a cariciasse não fosse ele, mas uma outra pessoa. Havia nisso um misto
excitante de alegria, por ter de volta o poder de cariciar novamente sua jovem esposa,
com mãos verdadeiras, e a sensação de traição, por estas mãos serem de um outro
homem. Sensação que Harry, com passar do tempo, não podia negar que apimentava
seu relacionamento, trazendo um elemento novo para seu tão desgastado
casamento.
Porém, com todas essas
pequenas dificuldades de readaptação, sua vida transcorria agora em alegria,
com sua esposa sempre pronta a lhe reconfortar a qualquer hora.
- Helen, você se lembra
de como eram as palmas das minhas mãos antigas?
- Sim. Eram como essas –
com Helen a cariciar suas novas mãos.
- Não falo do formato,
mas sim de suas linhas. Não tinham uma linha da vida menor?
- Sim, querido, me parece
que sim. E agora são melhores, você não acha? Significa que você viverá muito
mais!
- É. Pena que não foram
de muita serventia para seu antigo dono.
- Sim, mas para você
será.
A vida transcorreria
normal para Harry, se não fosse alguns pequenos inconvenientes.
Harry passou a se
masturbar muito, bem mais que antes. E ao acordar quase sempre tinha a mão
sobre o seu sexo, ou de sua esposa. O que para ele era natural, já que se devia
ao ato de ter de volta tais possibilidades, mesmo que só fossem possíveis por mãos
alheias, sendo, por isso, extremamente perturbador, já que o deixava demasiadamente
confuso, pois era como se as mãos estivessem descobrindo seus corpos. O que o
levou a consultar um psicólogo.
- Bem, senhor Harry,
alguns pacientes parecem sentir que ao receberem partes de corpos que não são
seus, também juntos destes lhes parecem vir uma parte da personalidade de seus
antigos donos. Isso me parece ser, sem sombra de dúvida, um produto de suas
mentes, de suas imaginações. O que não deve lhe preocupar. E assim como há uma
readaptação destes órgãos aos corpos de seus novos donos, deve haver também uma
readaptação psicológica relativo aos mesmos. O que pode ser ilustrado,
claramente, no caso de membros amputados, em que o paciente continua sentindo
dor mesmo após os membros terem sido amputados. Com o tempo, portanto, estas
sensações devem desaparecer. Não se preocupe – disse-lhe o psicólogo.
Por mais que tais
palavras fossem confortadoras, e de um especialista, a sensação de ter partes
de outra pessoa era uma idéia estranha. E Harry sempre achou que poderia
vencê-la e se adaptar a esta nova realidade dos tempos modernos. Mas a verdade
é que Harry sentia-se cada vez mais impressionado com o fato. Não poucas vezes
tentou imaginar o velho dono de tais partes, chegando mesmo a sonhar com tal
fato. Um sonho recorrente passou a dominá-lo nesta época, em que o morto, sem
braços, vinha-lhe pedir seus antebraços de volta. Harry acordava em pânico.
Foi também nesta época
que um novo comportamento estranho começou a dominá-lo.
Durante suas relações
sexuais com sua esposa, o clímax de tal ato era inevitavelmente acompanhado
pela esganadura da esposa, por suas novas mãos. Tais atos deixaram-no
profundamente preocupado e triste, ao ponto de evitá-la, sempre. E embora as
palavras do psicólogo, não obstante, ecoassem em sua mente, a idéia anterior
ainda lhe perturbava terrivelmente. O que o levou ao desejo mórbido de conhecer
a história do dono de tais mãos.
Contudo, esta tarefa não
era nada fácil. O hospital possuía uma política extremamente forte de privacidade.
Os doadores tinham seus nomes, como o resto de seus dados, guardados sob sete
chaves. Porém, não parecia a ele ser de tal forma que não pudesse ser tentado,
ou que não pudesse ser comprado.
Harry lembrou-se então de
um velho amigo de escola, exímio arrombador e que agora se entregara integralmente
ao uso de tal arte, Thomas Shubb. E imediatamente pôs-se
a procurá-lo, encontrando-o em um bar.
- Oi, Shubb, como vai?
- Ao sabor das estações.
Soube que sofreste uma operação, qual foi?
- Transplante.
- Transplante! Coração?
- Sim.
- Menos mau.
- Por quê?
- Pior seria algo que
mantêsse contato com outra pessoa, como um pênis, por exemplo. Não suportaria;
seria como se houvesse outro entre eu e minha parceira, embora minha mulher,
certamente, adoraria. Sabe como é, não pelo tamanho, mas pela novidade, após
alguns anos elas tendem a desejarem outros – disse Shubb ostentando tímido
sorriso amarelo nos lábios.
- Sim, mas a questão é
outra.
- Diga.
- Gostaria que fizesse um
trabalho para mim.
- Somente um trabalho
sujo traria você até mim, Harry. Se é sobre sua mulher, perdoe meu comentário
antes – com Shubb ostentando novamente um novo sorriso amarelo nos lábios e
pensando que se tratasse de um caso de traição.
- Não há de quê; o assunto é bem outro, embora a hipótese do trabalho
sujo você tenha acertado em cheio!
- Então, diga.
- Gostaria que você
obtivesse o nome do doador. Seus dados só podem ser obtidos de forma ilegal.
- Política de
privacidade. Não aceitam devolução, hein? – risos.
- Gostaria muito de agradecer
à família. Seria possível?
- Nada que um bom
dinheiro não compre.
- Evidentemente. Quanto?
- Dez mil dólares. Metade
antes metade depois.
Harry assinou um check e,
junto com seus dados, deu-o a Shubb.
- Bem, nos encontraremos
brevemente, Harry.
- Então, tenha uma bela
noite!
- Igualmente.
Os dias transcorreram,
sem nenhuma novidade, com Harry e seus inconvenientes, até que finalmente Shubb
ligou:
- Alô, Harry, venha cá
imediatamente, no mesmo lugar; traga o pagamento, temos novidade.
Harry pôs-se imediatamente
à caminho, e com a ajuda de um táxi estava agora no lugar escolhido.
- Quais são as novidades,
Shubb?
- Bem, antes quero que
saiba que não foi nada fácil. A coisa, mesmo, é bem guardada, mas nada que
alguns subornos, e arrombamentos, não resolvessem.
- Qual o nome?
- Seu nome era Benjamin Breeg.
Um doador da cadeia de Cottonfield – disse Shubb, e continuou:
- Bem, parece que o cara
não era um bom sujeito: foi morto na cadeira elétrica.
Pelo menos, pode-se dizer que você ganhou uma carga nova de energia,
literalmente, de vida, não acha Harry? – com Shubb às gargalhadas.
- Bem, tome seu
pagamento.
- E aqui está todas as
informações que me foram possíveis.
- Obrigado, Shubb.
- Boa sorte com sua nova
família.
- Como?
- Com a família do
doador.
- Ah, sim, claro,
claro...
Enquanto Harry ia em
busca de um novo táxi, algumas coisas agora pareciam fazerem sentido, como as
marcas leves que haviam em seus pulsos, ou melhor, do morto. Pareciam serem de
queimaduras, como aquelas que se viam em filmes, ou mesmo em documentários,
sobre pena de morte na cadeira elétrica, devido a condução da eletricidade por
meio das gotas de suor.
Harry entendia agora
ainda mais porque tudo era feito sob extremo sigilo. Era muito fácil alguém se
impressionar com a história do morto. Parecia que ele não tinha dado a devida
atenção às palavras do psicólogo. Afinal, qual a diferença que havia entre as
mãos de um assassino e as que eram suas? Todas foram ou eram agora comandadas
pelo mesmo cérebro, seu, e isso que agora importava. Todas eram apenas
instrumentos de algo mais importante, onde, de fato, residia a consciência, a
personalidade e a vontade. Além do mais, o tratamento ia tão bem, ele podia
fazer coisas que antes não poderia, coisas simples, mais extremamente
importante, como escovar os dentes, ou acariciar sua bela esposa. E havia
também a possibilidade de outros como ele, se darem bem. Não era correto
atrapalhar uma pesquisa que ia tão bem, com seus medos infantis. E talvez Shubb
não fosse um idiota completo, Helen nunca tivera outro homem, casou-se com seu
primeiro namorado, e a possibilidade de estar com um homem que é a mescla de um
outro, talvez atiçasse inconscientemente suas taras, como um ménage atroi
inconsciente... mas isso é algo doentio, mórbido, pois isso é o mesmo que transar com um morto, ou pelo menos
com as partes de um, é pura necrofilia! – pensou.
Harry nunca pensara
nisso, nunca meditara sobre tantas possibilidades, ou perversidades conseqüentes,
talvez a possibilidade de ter uma vida normal obscurecia todas elas. E era
nisso apenas que devia pensar agora.
Então, Harry, ao chegar
em casa, desprezou aquele papel dentro de um fundo escuro de uma gaveta qualquer.
PARTE 2 – “O MÉDICO E O MONSTRO”
Os dias seguintes se
passaram em tranqüilidade, embora Harry soubesse que se devia muito mais a sua
atitude de evitar aborrecimentos que propriamente à naturalidade.
Seu contato com a esposa
diminuíra muito, já que tentava a todo custo não machucá-la, e para tanto,
esperava que esta fase ruim de sua vida passasse sem danos. Para ele era apenas
uma questão de tempo, de readaptação à sua nova vida.
Porém, houve um dia que
Harry acordou com ondas de calor pelo corpo, e com o desejo irresistível de
fazer sexo. Com sua esposa não poderia, já que temia machucá-la. E, assim, pôs-se
imediatamente à procura de alguém, que satisfizesse seus desejos incontroláveis.
Naquele dia, Harry se
relacionou com várias mulheres, pagando-as várias vezes. E embora, nada parecia
satisfazê-lo, isto, tornou-se, para ele, um vício irresistível.
Com passar do tempo,
Harry conseguia cada vez menos satisfazer-se. Em alguns dias, não conseguia se
satisfazer nem com dez mulheres. Tinha relações sexuais até seu pênis ferir e
sangrar.
Durante uma de suas fugas
noturnas, Harry avistou de seu táxi, uma jovem mulher solitária que aguardava
seu ônibus. Desceu do táxi, pois teve a idéia de convencê-la a sair com ele.
Sob a recusa da mulher, Harry esganou-a ferozmente, causando sua total
inconsciência.
Ele não podia acreditar
no que tinha feito, sob um misto de inconsciência e prazer, a teria matado,
estuprado e a carregado, sobre os muros e telhados das casas que abundavam em
tal lugar, com a força de suas mãos, que agora pareciam terem duplicado. E
mesmo estando inconsciente, desenhou nela símbolos que lhe pareciam serem
incompreensíveis, em seu corpo nu.
Harry, então, descobriu
que o que mais o excitava era quando resistiam à sua investida, à sua cantada,
ou ao seu dinheiro. Isto, para ele tinha um sabor especial, a violência era um
poderoso afrodisíaco, agora, para ele.
A partir de agora, ele
era uma criatura noturna que se esgueirava atrás de novas presas, pelas ruas
poucas movimentadas, que abrigavam um grande número de prostitutas da cidade.
Era uma espécie de versão nova de “O MÉDICO E O MONSTRO”, ou de JACK, O
ESTRIPADOR, uma criatura dupla que trazia em si um instinto incontrolável e
demoníaco, com uma parte negra que tentava incansavelmente dominá-lo.
Ele estivera enganado,
suas mãos agora pareciam comandá-lo, pareciam terem vontade própria, e por mais
que tentasse dominá-las, não conseguia. O seu lado negro parecia cada vez mais
comandá-lo.
Suas novas mãos sabiam
matar, e nada podia ser feito por si próprio para ajudá-lo, as mãos lhe
interrompiam. Mesmo quando tentava relatar seus novos segredos, as mãos lhe
impediam, com movimentos bruscos, tapando-lhe a boca, mantendo-o imóvel, ou
causando-lhe dores insuportáveis pelo corpo.
Harry tentara escrever,
inutilmente, um recado para Helen, e em vão adormeceu sobre a escrivaninha...
Ao acordar sob pequenas tapas em seu rosto, imaginou serem de sua esposa, mas
as tapas vinham de suas novas mãos, que sacudiam-no, tentando acordá-lo.
As mãos puseram-se,
então, a escrever-lhe um recado, ao qual Harry leu estarrecido:
Eu sou Benjamin Breeg. Preciso de seu corpo e de novas almas.
* * *
Havia noites que matava
duas, três, prostitutas por noite, sempre com seu mesmo “modus operandi”,
estrangulava, desenhando símbolos enigmáticos por seus corpos.
Sua vida mudara
totalmente; sua vida social se resumia agora apenas em freqüentar as ruas
escuras e estreitas da parte mais baixa da cidade. Seu diálogo com Helen se
resumia apenas à frases monossilábicas. O que certamente despertou a
preocupação da esposa, mas para Helen era apenas um período que Harry clamava
por privacidade, para poder botar as coisas em ordem. Porém, o que Helen não
sabia era que seus crimes se multiplicavam a cada dia, com seus crimes ganhando
notoriedade, principalmente da imprensa.
Até que, ao sair para o
trabalho, Helen ouvi, a seguinte notícia, no rádio:
Assassinatos se sucedem com enorme freqüência nos bairros
pobres da cidade. Mulheres, em sua grande maioria prostitutas, são mortas
estranguladas, e têm seus corpos tatuados.
O modo de agir do assassino, ou mais provável dos assassinos,
se assemelha muito ao modo de agir de Benjamin Breeg, mais conhecido como “O
Tatuador”, morto na cadeira elétrica de Cottonfield.
Breeg tatuava suas vítimas com símbolos esotéricos, após
estrangulá-las e estuprá-las.
A polícia não descarta a possibilidade de que fanáticos, ou
admiradores de Breeg, estejam por trás de tais crimes, já que o esforço
expedido para tais crimes supera a força de um homem.
* * *
Helen também ouvira no
rádio que os ataques sempre aconteciam à noite, e subitamente lembrou-se das
misteriosas saídas do marido; lembrou-se também que algumas vezes Harry
ostentava marcas no pescoço, como provocadas por unhas, ou algo parecido.
Sentiu-se culpada por tal
associação em um momento tão frágil de suas vidas, mas nada podia evitar
associá-las, como as manchas de tintas que Harry trazia em suas camisas.
Helen foi para o trabalho
extremamente pensativa.
Ao chegar em casa,
lembrou-se que dias atrás Shubb tinha ligado. Fazia anos que Harry perdera seu
contato, por isso imaginou do que se tratava.
Sabia da vida conturbada
que Shubb vivia, o que aguçou ainda mais sua curiosidade.
Ao procurar por uma
agenda telefônica, encontrou, por acaso, o papel que Shubb havia entregado. E
ao pegá-lo, leu assustada, que seu doador era o assassino Benjamin Breeg.
Por alguns instantes, não
pôde acreditar, mas todos os dados estavam corretos: as datas, o hospital, o médico,
etc. Tudo estava exato e correto. Tudo em seu devido lugar. Até mesmo o número
e o nome de Thomas Shubb. Agora sabia por que Harry o contactara.
Seriam meras
coincidências ou Harry teria incorporado a mente doentia e assassina de
Benjamin Breeg. Havia um modo melhor de saber:
Imediatamente pôs se a
ligar e contactar Thomas Shubb...
Encontraram-se, então, em
uma parte remota da cidade.
- Shubb, sei que você fez
um trabalho para o meu marido.
- Trabalho, Helen?
- Vamos, não adianta
mentir, tenho-o em mãos, veja – Helen tirou-o de sua bolsa, mostrando-o.
- Sim. Mas calma Helen, a
discrição é a chave de meu trabalho. E como vai Harry?
- Gostaria que fizesse um
trabalho para mim. Gostaria de saber tudo sobre quem foi Benjamin Breeg.
- Por quê?
- Harry está
impressionado com os últimos fatos.
- Sim, eu sei, há um
grupo de assassinos que estão matando em nome de Benjamin Breeg. O cara tinha
discípulos.
- E é fácil alguém se
impressionar com isso.
- Ligarei assim que tiver
notícias, Helen.
PARTE 3 – O DIÁRIO DE BENJAMIN BREEG
Enquanto Helen passava as
últimas horas aguardando ansiosamente uma ligação de Thomas Shubb, Harry lutava
ferozmente, com o que ainda restava de seu eu, contra o lado negro de sua
mente...
Após alguns dias, Shubb
ligou, e conversaram em um bar distante da cidade:
- Benjamin Breeg foi um
homem atormentado, que minutos antes de morrer na cadeira elétrica de Cottonfields,
jurou que voltaria, novamente – disse Shubb, com a voz baixa. – Ele era mesmo
um homem esquisito, não aparentava a idade que tinha, pelo menos foi o que
disse o senhor que tomava conta das casas, entre as quais a que morou, antes de
Cottonfields.
Praticava estas coisas esquisitas,
como magia sexual. Acreditava que através do sexo a alma podia se libertar, ou
tornar-se cativa. Morrer para ele era libertar-se, por isso acreditava estar
fazendo um favor para aqueles que escolia.
Foi preso pela morte de
uma jovem que lhe implorou ser morta; Breeg a matou após ter tido relações
sexuais com ela. O júri não acreditou em seus argumentos, também não acreditaram
que fosse um homem louco. Foi condenado por estupro seguido de morte.
Muitos o consideravam um
mestre, um homem bastante inteligente e sábio, um discípulo tardio de Aleister
Crowley. Todos que o conheciam o amavam.
Desde menino, diziam que
possuía poderes sobrenaturais, como o poder da clarividência. Via imagens
atormentadoras, em seus sonhos, sobre o futuro da humanidade. Ficou órfão muito
cedo, seus pais morreram em um incêndio na própria casa, alguns dizem que
devido aos seus próprios poderes, pois Benjamin estava lá, e nada sofrera.
Portanto, Helen, não há
razão para tanta loucura, a loucura estava apenas na mente de Benjamin Breeg,
não em seus braços.
- Sim, obrigada Shubb.
Quanto lhe devo?
- Não há de que Helen
fica pelos velhos tempos. Dê lembranças à Harry.
- Ok.
- Ah, já ia esquecendo,
Benjamin escreveu alguns livros, tome este livro de notas que encontrei em meio
das coisas do velho senhor, pode lhe ser útil.
- Sim, Shubb, obrigada.
Em quanto Shubb se
dirigia ao seu destino, Helen pôs-se a folhear as folhas do velho livro de
Benjamin, vendo os mesmos símbolos que tinha visto nos jornais, desenhados nos
corpos mortos de suas vítimas.
Ao retornar à sua casa,
vê Harry deitado sobre a escrivaninha, como de costume. Vê aquela maldita mão
ostentando sua aliança de casamento. E ao ver aquele dedo indigno a carregar
tal símbolo, lembrou-se de como era suas vidas, antes que Benjamin Breeg se
interpo-se entre elas. Subitamente um ódio extremo subiu-lhe a alma, e um
pensamento fixou-se em sua mente, imaginando que havia um modo de retornar
aquela paz antiga. Dirigiu-se, então, para a cozinha pegando um belo facão que
ganhara de casamento. Parecia-lhe que quem lhe dera havia premeditado seu uso
naquele dia. Aproximou-se e desferiu golpes e mais golpes, naquela mão indigna,
fazendo com que os dedos voassem por sobre sua cabeça, e Harry acordasse aos
gritos.
Harry levantou-se,
desarmou-a e estrangulou-a, com a força de dez homens, matando-a instantaneamente.
E pôs-se em fuga.
* * *
Antes de pegar a
auto-estrada, parou o carro de Helen para tomar um ultimo drink, em um bar à
beira da estrada que o conduziria para fora da cidade.
Ao passar pela porta, que
conduzia aos banheiros, foi inadvertidamente esbarrado de modo brusco por uma
mulher que acabara de sair do banheiro.
- Desculpa, posso lhe ser
útil – vendo a jovem a mão mecânica que Harry voltava a usar em sua mão
esquerda. – Meu nome é Elizabeth Denver. E o seu?
- Meu nome é Benjamin
Breeg – batendo a porta bruscamente em seguida.
THE REINCARNATION OF BENJAMIN BREEG
Tradução:
A reencarnação de Benjamin Breeg
IRON
MAIDEN
Deixe
eu te contar sobre minha vida
Deixe eu te contar sobre meus sonhos
Deixe eu te contar sobre coisas que aconteceram
Tudo é tão real para mim
Deixe
eu contar sobre a minha esperança
Sobre minha necessidade de alcançar o céu
Me deixe te levar em uma desgraciosa jornada
Me deixe te dizer o porque
Porque
estas maldições tiveram que ser impostas sobre mim?
Eu não serei perdoado até eu poder me libertar
O que fiz para merecer toda esta culpa?
Eu pago pelos meus pecados com a venda da minha alma
Demônios estão presos dentro da minha cabeça
Minhas esperanças se foram, eu tento alcançar o Paraíso e o Inferno
Meus
pecados são muitos, minha culpa é pesada demais
A pressão de saber, de esconder o que eu sei
Sou capaz de ver coisas, coisas que não quero ver
As vidas de milhares de almas pesam sobre mim
Sei
que eles clamam por ajuda e tentam me alcançar
O fardo deles irá me levar para baixo também
O pecado de milhares de almas não morreram em vão
Reencarnação minha, viver novamente
Alguém
para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno
Alguém
para me salvar
Algo para me salvar do meu inferno
Um destino
Fora deste pesadelo
Alguém
para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno
Gostou? Não? Dei sua opinião.