quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O CARRO FANTASMA (de Bosco Silva)



Com vocês um conto baseado, por incrível que pareça, em fatos reais e, claro, muita cachaça:

Após voltarem do bar, frequentado por eles todo fim de semana, dois amigos retornaram pelo mesmo caminho tomado antes, na ida: um caminho escuro e silencioso que abrigava uma velha carcaça de um antigo bugre abandonado. A relíquia permanecia naquele lugar a anos, como um modo de alertar sobre os perigos de si dirigir embriagado. Este era a lembrança de um horrível acidente em que seus ocupantes foram cuspidos e esmagados sob as rodas de outros carros.

A vizinhança, de tal lugar, ainda lembrava e comentava todas às vezes, que pessoas alheias, àquele lugar, passavam ao lado de tal veículo, acompanhadas dos que conheciam bem sua história.

A fama de tal história tinha se alastrado bastante pelo bairro em que morávamos. Muitos evitavam cruzar tal caminho de madrugada, ou mesmo de dia, já que as histórias de fantasmas e assombrações infestavam aquele lugar. Não era incomum que jurassem terem visto seus antigos ocupantes, deformados, se arrastarem em direção ao antigo veículo. Assim como outros juravam terem ouvido seu motor ligado, em meio a gritos de horror.  

E sob uma imensa lua cheia, voltavam a pé, por tão sinistro caminho. Comentavam sobre as histórias mais sinistras, e riam, ainda, sob o efeito do vinho:

- Você lembra aquela vez que fingimos de mortos, deitados à beira da pista, próximos ao velho bugre, em que gastamos catchup e um pacote de velas, a assustar os motoristas em seus veículos?

- Sim, claro, nunca me diverti tanto!

- Os ocupantes chegavam a se urinar de tanto medo.

- É. Ou abandonavam seus veículos, ao saírem e receberem o susto. Era tão divertido!

Na volta, ao avistarem de longe, pareceu-lhes que a luz do painel do velho bugre estava acesa.

- Olhe, não parece que o painel do velho bugre está acesa, a piscar?

- Sim, mas me parece ser mais o efeito do vinho que outra coisa – disse um deles rindo.

- Ou o reflexo da lua!

- É possível.

Continuaram adiante, comentando suas histórias, e rindo bastante. Quando novamente avistaram as mesmas luzes no velho bugre.
- Não falei?

- São os mortos!

- Corra... corra...

E enquanto corriam desesperados, dois vaga-lumes iluminavam o painel do velho bugre, sob a luz do luar.

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