terça-feira, 21 de agosto de 2012

AS MÃOS ASSASSINAS DE BENJAMIN BREEG (de Bosco Silva)




Um conto para os fãs da banda IRON MAIDEN, inspirado na música The Reincarnation of Benjamin Breeg (A Reencarnação de Benjamin Breeg).




PARTE 1 – HARRY E SEUS NOVOS ANTEBRAÇOS



Quando o telefone tocou, naquela madrugada, foi para uma agradável surpresa:

- Alô – com sua prótese mecânica, Harry atende com enorme dificuldade o telefone.
- Harry, aqui é seu médico, temos uma boa notícia para você. Recebemos a notícia de um doador, que tem aproximadamente a sua idade e o mesmo biótipo seu. Precisamos que você esteja no hospital imediatamente.
- Sim! Esta é uma agradável surpresa para mim, doutor. Estarei o mais rápido possível, aí.

Havia seis anos que Harry havia perdido os antebraços em um acidente automobilístico. E nesses seis anos, muitas foram as vezes que tentara o uso de várias formas de próteses, mas os resultados nunca foram os melhores. Elas machucavam seus braços. E por mais que tentassem imitar o formato e a cor da pele humana, sempre tinha alguém que lhe perguntava se queria ajuda, ou quando tinha perdido os antebraços. De modo que, aquelas próteses estavam longe de substituírem verdadeiramente seus antebraços. Por isso, tinha entrado para o programa de transplante de membros humanos. Um programa que se iniciava, e que ainda estava em testes, pois o perigo de rejeição de tecidos era enorme; além da dificuldade, claro, de se encontrar um doador que tivesse as mesmas características de quem receberia seus membros.

* * *

A cirurgia foi um sucesso, e logo Harry estava pronto para começar sua série de seções de fisioterapia. 

A possibilidade de rejeição lhe obrigaria a tomar medicamentos para o resto de sua vida, pelo menos enquanto não houvesse outro modo melhor. E os meses de fisioterapia se passavam com enormes progressos, muito acima das expectativas. Porém, foi quando coisas estranhas começaram a acontecer...

A primeira sensação estranha que sentiu, ao mover suas mãos e cariciar sua esposa, foi como se quem a cariciasse não fosse ele, mas uma outra pessoa. Havia nisso um misto excitante de alegria, por ter de volta o poder de cariciar novamente sua jovem esposa, com mãos verdadeiras, e a sensação de traição, por estas mãos serem de um outro homem. Sensação que Harry, com passar do tempo, não podia negar que apimentava seu relacionamento, trazendo um elemento novo para seu tão desgastado casamento.

Porém, com todas essas pequenas dificuldades de readaptação, sua vida transcorria agora em alegria, com sua esposa sempre pronta a lhe reconfortar a qualquer hora.

- Helen, você se lembra de como eram as palmas das minhas mãos antigas?
- Sim. Eram como essas – com Helen a cariciar suas novas mãos.
- Não falo do formato, mas sim de suas linhas. Não tinham uma linha da vida menor?
- Sim, querido, me parece que sim. E agora são melhores, você não acha? Significa que você viverá muito mais!
- É. Pena que não foram de muita serventia para seu antigo dono.
- Sim, mas para você será.

A vida transcorreria normal para Harry, se não fosse alguns pequenos inconvenientes.

Harry passou a se masturbar muito, bem mais que antes. E ao acordar quase sempre tinha a mão sobre o seu sexo, ou de sua esposa. O que para ele era natural, já que se devia ao ato de ter de volta tais possibilidades, mesmo que só fossem possíveis por mãos alheias, sendo, por isso, extremamente perturbador, já que o deixava demasiadamente confuso, pois era como se as mãos estivessem descobrindo seus corpos. O que o levou a consultar um psicólogo.

- Bem, senhor Harry, alguns pacientes parecem sentir que ao receberem partes de corpos que não são seus, também juntos destes lhes parecem vir uma parte da personalidade de seus antigos donos. Isso me parece ser, sem sombra de dúvida, um produto de suas mentes, de suas imaginações. O que não deve lhe preocupar. E assim como há uma readaptação destes órgãos aos corpos de seus novos donos, deve haver também uma readaptação psicológica relativo aos mesmos. O que pode ser ilustrado, claramente, no caso de membros amputados, em que o paciente continua sentindo dor mesmo após os membros terem sido amputados. Com o tempo, portanto, estas sensações devem desaparecer. Não se preocupe – disse-lhe o psicólogo.

Por mais que tais palavras fossem confortadoras, e de um especialista, a sensação de ter partes de outra pessoa era uma idéia estranha. E Harry sempre achou que poderia vencê-la e se adaptar a esta nova realidade dos tempos modernos. Mas a verdade é que Harry sentia-se cada vez mais impressionado com o fato. Não poucas vezes tentou imaginar o velho dono de tais partes, chegando mesmo a sonhar com tal fato. Um sonho recorrente passou a dominá-lo nesta época, em que o morto, sem braços, vinha-lhe pedir seus antebraços de volta. Harry acordava em pânico.

Foi também nesta época que um novo comportamento estranho começou a dominá-lo.

Durante suas relações sexuais com sua esposa, o clímax de tal ato era inevitavelmente acompanhado pela esganadura da esposa, por suas novas mãos. Tais atos deixaram-no profundamente preocupado e triste, ao ponto de evitá-la, sempre. E embora as palavras do psicólogo, não obstante, ecoassem em sua mente, a idéia anterior ainda lhe perturbava terrivelmente. O que o levou ao desejo mórbido de conhecer a história do dono de tais mãos.

Contudo, esta tarefa não era nada fácil. O hospital possuía uma política extremamente forte de privacidade. Os doadores tinham seus nomes, como o resto de seus dados, guardados sob sete chaves. Porém, não parecia a ele ser de tal forma que não pudesse ser tentado, ou que não pudesse ser comprado.

Harry lembrou-se então de um velho amigo de escola, exímio arrombador e que agora se entregara integralmente ao uso de tal arte, Thomas Shubb. E imediatamente pôs-se a procurá-lo, encontrando-o em um bar.

- Oi, Shubb, como vai?
- Ao sabor das estações. Soube que sofreste uma operação, qual foi?
- Transplante.
- Transplante! Coração?
- Sim.
- Menos mau.
- Por quê?
- Pior seria algo que mantêsse contato com outra pessoa, como um pênis, por exemplo. Não suportaria; seria como se houvesse outro entre eu e minha parceira, embora minha mulher, certamente, adoraria. Sabe como é, não pelo tamanho, mas pela novidade, após alguns anos elas tendem a desejarem outros – disse Shubb ostentando tímido sorriso amarelo nos lábios.
- Sim, mas a questão é outra.
- Diga.
- Gostaria que fizesse um trabalho para mim.
- Somente um trabalho sujo traria você até mim, Harry. Se é sobre sua mulher, perdoe meu comentário antes – com Shubb ostentando novamente um novo sorriso amarelo nos lábios e pensando que se tratasse de um caso de traição.
- Não há de quê; o assunto é bem outro, embora a hipótese do trabalho sujo você tenha acertado em cheio!
- Então, diga.
- Gostaria que você obtivesse o nome do doador. Seus dados só podem ser obtidos de forma ilegal.
- Política de privacidade. Não aceitam devolução, hein? – risos.
- Gostaria muito de agradecer à família. Seria possível?
- Nada que um bom dinheiro não compre.
- Evidentemente. Quanto?
- Dez mil dólares. Metade antes metade depois.

Harry assinou um check e, junto com seus dados, deu-o a Shubb.

- Bem, nos encontraremos brevemente, Harry.
- Então, tenha uma bela noite!
- Igualmente.

Os dias transcorreram, sem nenhuma novidade, com Harry e seus inconvenientes, até que finalmente Shubb ligou:

- Alô, Harry, venha cá imediatamente, no mesmo lugar; traga o pagamento, temos novidade.

Harry pôs-se imediatamente à caminho, e com a ajuda de um táxi estava agora no lugar escolhido.

- Quais são as novidades, Shubb?
- Bem, antes quero que saiba que não foi nada fácil. A coisa, mesmo, é bem guardada, mas nada que alguns subornos, e arrombamentos, não resolvessem.
- Qual o nome?
- Seu nome era Benjamin Breeg. Um doador da cadeia de Cottonfield – disse Shubb, e continuou:
- Bem, parece que o cara não era um bom sujeito: foi morto na cadeira elétrica. Pelo menos, pode-se dizer que você ganhou uma carga nova de energia, literalmente, de vida, não acha Harry? – com Shubb às gargalhadas.
- Bem, tome seu pagamento.
- E aqui está todas as informações que me foram possíveis.
- Obrigado, Shubb.
- Boa sorte com sua nova família.
- Como?
- Com a família do doador.
- Ah, sim, claro, claro...

Enquanto Harry ia em busca de um novo táxi, algumas coisas agora pareciam fazerem sentido, como as marcas leves que haviam em seus pulsos, ou melhor, do morto. Pareciam serem de queimaduras, como aquelas que se viam em filmes, ou mesmo em documentários, sobre pena de morte na cadeira elétrica, devido a condução da eletricidade por meio das gotas de suor.

Harry entendia agora ainda mais porque tudo era feito sob extremo sigilo. Era muito fácil alguém se impressionar com a história do morto. Parecia que ele não tinha dado a devida atenção às palavras do psicólogo. Afinal, qual a diferença que havia entre as mãos de um assassino e as que eram suas? Todas foram ou eram agora comandadas pelo mesmo cérebro, seu, e isso que agora importava. Todas eram apenas instrumentos de algo mais importante, onde, de fato, residia a consciência, a personalidade e a vontade. Além do mais, o tratamento ia tão bem, ele podia fazer coisas que antes não poderia, coisas simples, mais extremamente importante, como escovar os dentes, ou acariciar sua bela esposa. E havia também a possibilidade de outros como ele, se darem bem. Não era correto atrapalhar uma pesquisa que ia tão bem, com seus medos infantis. E talvez Shubb não fosse um idiota completo, Helen nunca tivera outro homem, casou-se com seu primeiro namorado, e a possibilidade de estar com um homem que é a mescla de um outro, talvez atiçasse inconscientemente suas taras, como um ménage atroi inconsciente... mas isso é algo doentio, mórbido, pois isso é o  mesmo que transar com um morto, ou pelo menos com as partes de um, é pura necrofilia! – pensou.

Harry nunca pensara nisso, nunca meditara sobre tantas possibilidades, ou perversidades conseqüentes, talvez a possibilidade de ter uma vida normal obscurecia todas elas. E era nisso apenas que devia pensar agora.     

Então, Harry, ao chegar em casa, desprezou aquele papel dentro de um fundo escuro de uma gaveta qualquer.

PARTE 2 – “O MÉDICO E O MONSTRO”



Os dias seguintes se passaram em tranqüilidade, embora Harry soubesse que se devia muito mais a sua atitude de evitar aborrecimentos que propriamente à naturalidade.

Seu contato com a esposa diminuíra muito, já que tentava a todo custo não machucá-la, e para tanto, esperava que esta fase ruim de sua vida passasse sem danos. Para ele era apenas uma questão de tempo, de readaptação à sua nova vida.

Porém, houve um dia que Harry acordou com ondas de calor pelo corpo, e com o desejo irresistível de fazer sexo. Com sua esposa não poderia, já que temia machucá-la. E, assim, pôs-se imediatamente à procura de alguém, que satisfizesse seus desejos incontroláveis.

Naquele dia, Harry se relacionou com várias mulheres, pagando-as várias vezes. E embora, nada parecia satisfazê-lo, isto, tornou-se, para ele, um vício irresistível.

Com passar do tempo, Harry conseguia cada vez menos satisfazer-se. Em alguns dias, não conseguia se satisfazer nem com dez mulheres. Tinha relações sexuais até seu pênis ferir e sangrar.

Durante uma de suas fugas noturnas, Harry avistou de seu táxi, uma jovem mulher solitária que aguardava seu ônibus. Desceu do táxi, pois teve a idéia de convencê-la a sair com ele. Sob a recusa da mulher, Harry esganou-a ferozmente, causando sua total inconsciência.

Ele não podia acreditar no que tinha feito, sob um misto de inconsciência e prazer, a teria matado, estuprado e a carregado, sobre os muros e telhados das casas que abundavam em tal lugar, com a força de suas mãos, que agora pareciam terem duplicado. E mesmo estando inconsciente, desenhou nela símbolos que lhe pareciam serem incompreensíveis, em seu corpo nu.

Harry, então, descobriu que o que mais o excitava era quando resistiam à sua investida, à sua cantada, ou ao seu dinheiro. Isto, para ele tinha um sabor especial, a violência era um poderoso afrodisíaco, agora, para ele.

A partir de agora, ele era uma criatura noturna que se esgueirava atrás de novas presas, pelas ruas poucas movimentadas, que abrigavam um grande número de prostitutas da cidade. Era uma espécie de versão nova de “O MÉDICO E O MONSTRO”, ou de JACK, O ESTRIPADOR, uma criatura dupla que trazia em si um instinto incontrolável e demoníaco, com uma parte negra que tentava incansavelmente dominá-lo.

Ele estivera enganado, suas mãos agora pareciam comandá-lo, pareciam terem vontade própria, e por mais que tentasse dominá-las, não conseguia. O seu lado negro parecia cada vez mais comandá-lo.

Suas novas mãos sabiam matar, e nada podia ser feito por si próprio para ajudá-lo, as mãos lhe interrompiam. Mesmo quando tentava relatar seus novos segredos, as mãos lhe impediam, com movimentos bruscos, tapando-lhe a boca, mantendo-o imóvel, ou causando-lhe dores insuportáveis pelo corpo.

Harry tentara escrever, inutilmente, um recado para Helen, e em vão adormeceu sobre a escrivaninha... Ao acordar sob pequenas tapas em seu rosto, imaginou serem de sua esposa, mas as tapas vinham de suas novas mãos, que sacudiam-no, tentando acordá-lo.

As mãos puseram-se, então, a escrever-lhe um recado, ao qual Harry leu estarrecido:

Eu sou Benjamin Breeg. Preciso de seu corpo e de novas almas.

*  *  *

Havia noites que matava duas, três, prostitutas por noite, sempre com seu mesmo “modus operandi”, estrangulava, desenhando símbolos enigmáticos por seus corpos.

Sua vida mudara totalmente; sua vida social se resumia agora apenas em freqüentar as ruas escuras e estreitas da parte mais baixa da cidade. Seu diálogo com Helen se resumia apenas à frases monossilábicas. O que certamente despertou a preocupação da esposa, mas para Helen era apenas um período que Harry clamava por privacidade, para poder botar as coisas em ordem. Porém, o que Helen não sabia era que seus crimes se multiplicavam a cada dia, com seus crimes ganhando notoriedade, principalmente da imprensa.

Até que, ao sair para o trabalho, Helen ouvi, a seguinte notícia, no rádio:

Assassinatos se sucedem com enorme freqüência nos bairros pobres da cidade. Mulheres, em sua grande maioria prostitutas, são mortas estranguladas, e têm seus corpos tatuados.

O modo de agir do assassino, ou mais provável dos assassinos, se assemelha muito ao modo de agir de Benjamin Breeg, mais conhecido como “O Tatuador”, morto na cadeira elétrica de Cottonfield.

Breeg tatuava suas vítimas com símbolos esotéricos, após estrangulá-las e estuprá-las.

A polícia não descarta a possibilidade de que fanáticos, ou admiradores de Breeg, estejam por trás de tais crimes, já que o esforço expedido para tais crimes supera a força de um homem.

*  *  *

Helen também ouvira no rádio que os ataques sempre aconteciam à noite, e subitamente lembrou-se das misteriosas saídas do marido; lembrou-se também que algumas vezes Harry ostentava marcas no pescoço, como provocadas por unhas, ou algo parecido.

Sentiu-se culpada por tal associação em um momento tão frágil de suas vidas, mas nada podia evitar associá-las, como as manchas de tintas que Harry trazia em suas camisas.

Helen foi para o trabalho extremamente pensativa.

Ao chegar em casa, lembrou-se que dias atrás Shubb tinha ligado. Fazia anos que Harry perdera seu contato, por isso imaginou do que se tratava.

Sabia da vida conturbada que Shubb vivia, o que aguçou ainda mais sua curiosidade.

Ao procurar por uma agenda telefônica, encontrou, por acaso, o papel que Shubb havia entregado. E ao pegá-lo, leu assustada, que seu doador era o assassino Benjamin Breeg.

Por alguns instantes, não pôde acreditar, mas todos os dados estavam corretos: as datas, o hospital, o médico, etc. Tudo estava exato e correto. Tudo em seu devido lugar. Até mesmo o número e o nome de Thomas Shubb. Agora sabia por que Harry o contactara.

Seriam meras coincidências ou Harry teria incorporado a mente doentia e assassina de Benjamin Breeg. Havia um modo melhor de saber:

Imediatamente pôs se a ligar e contactar Thomas Shubb...

Encontraram-se, então, em uma parte remota da cidade.

- Shubb, sei que você fez um trabalho para o meu marido.
- Trabalho, Helen?
- Vamos, não adianta mentir, tenho-o em mãos, veja – Helen tirou-o de sua bolsa, mostrando-o.
- Sim. Mas calma Helen, a discrição é a chave de meu trabalho. E como vai Harry?
- Gostaria que fizesse um trabalho para mim. Gostaria de saber tudo sobre quem foi Benjamin Breeg.
- Por quê?
- Harry está impressionado com os últimos fatos.
- Sim, eu sei, há um grupo de assassinos que estão matando em nome de Benjamin Breeg. O cara tinha discípulos.
- E é fácil alguém se impressionar com isso.
- Ligarei assim que tiver notícias, Helen.

PARTE 3 – O DIÁRIO DE BENJAMIN BREEG



Enquanto Helen passava as últimas horas aguardando ansiosamente uma ligação de Thomas Shubb, Harry lutava ferozmente, com o que ainda restava de seu eu, contra o lado negro de sua mente...

Após alguns dias, Shubb ligou, e conversaram em um bar distante da cidade:

- Benjamin Breeg foi um homem atormentado, que minutos antes de morrer na cadeira elétrica de Cottonfields, jurou que voltaria, novamente – disse Shubb, com a voz baixa. – Ele era mesmo um homem esquisito, não aparentava a idade que tinha, pelo menos foi o que disse o senhor que tomava conta das casas, entre as quais a que morou, antes de Cottonfields.

Praticava estas coisas esquisitas, como magia sexual. Acreditava que através do sexo a alma podia se libertar, ou tornar-se cativa. Morrer para ele era libertar-se, por isso acreditava estar fazendo um favor para aqueles que escolia.

Foi preso pela morte de uma jovem que lhe implorou ser morta; Breeg a matou após ter tido relações sexuais com ela. O júri não acreditou em seus argumentos, também não acreditaram que fosse um homem louco. Foi condenado por estupro seguido de morte.

Muitos o consideravam um mestre, um homem bastante inteligente e sábio, um discípulo tardio de Aleister Crowley. Todos que o conheciam o amavam.
    
Desde menino, diziam que possuía poderes sobrenaturais, como o poder da clarividência. Via imagens atormentadoras, em seus sonhos, sobre o futuro da humanidade. Ficou órfão muito cedo, seus pais morreram em um incêndio na própria casa, alguns dizem que devido aos seus próprios poderes, pois Benjamin estava lá, e nada sofrera.

Portanto, Helen, não há razão para tanta loucura, a loucura estava apenas na mente de Benjamin Breeg, não em seus braços.
- Sim, obrigada Shubb. Quanto lhe devo?
- Não há de que Helen fica pelos velhos tempos. Dê lembranças à Harry.
- Ok.
- Ah, já ia esquecendo, Benjamin escreveu alguns livros, tome este livro de notas que encontrei em meio das coisas do velho senhor, pode lhe ser útil.
- Sim, Shubb, obrigada.

Em quanto Shubb se dirigia ao seu destino, Helen pôs-se a folhear as folhas do velho livro de Benjamin, vendo os mesmos símbolos que tinha visto nos jornais, desenhados nos corpos mortos de suas vítimas.

Ao retornar à sua casa, vê Harry deitado sobre a escrivaninha, como de costume. Vê aquela maldita mão ostentando sua aliança de casamento. E ao ver aquele dedo indigno a carregar tal símbolo, lembrou-se de como era suas vidas, antes que Benjamin Breeg se interpo-se entre elas. Subitamente um ódio extremo subiu-lhe a alma, e um pensamento fixou-se em sua mente, imaginando que havia um modo de retornar aquela paz antiga. Dirigiu-se, então, para a cozinha pegando um belo facão que ganhara de casamento. Parecia-lhe que quem lhe dera havia premeditado seu uso naquele dia. Aproximou-se e desferiu golpes e mais golpes, naquela mão indigna, fazendo com que os dedos voassem por sobre sua cabeça, e Harry acordasse aos gritos.

Harry levantou-se, desarmou-a e estrangulou-a, com a força de dez homens, matando-a instantaneamente. E pôs-se em fuga.

*  *  *

Antes de pegar a auto-estrada, parou o carro de Helen para tomar um ultimo drink, em um bar à beira da estrada que o conduziria para fora da cidade.

Ao passar pela porta, que conduzia aos banheiros, foi inadvertidamente esbarrado de modo brusco por uma mulher que acabara de sair do banheiro.

- Desculpa, posso lhe ser útil – vendo a jovem a mão mecânica que Harry voltava a usar em sua mão esquerda. – Meu nome é Elizabeth Denver. E o seu?
- Meu nome é Benjamin Breeg – batendo a porta bruscamente em seguida.



THE REINCARNATION OF BENJAMIN BREEG

Tradução: A reencarnação de Benjamin Breeg

IRON MAIDEN

Deixe eu te contar sobre minha vida
Deixe eu te contar sobre meus sonhos
Deixe eu te contar sobre coisas que aconteceram
Tudo é tão real para mim

Deixe eu contar sobre a minha esperança
Sobre minha necessidade de alcançar o céu
Me deixe te levar em uma desgraciosa jornada
Me deixe te dizer o porque

Porque estas maldições tiveram que ser impostas sobre mim?
Eu não serei perdoado até eu poder me libertar
O que fiz para merecer toda esta culpa?
Eu pago pelos meus pecados com a venda da minha alma
Demônios estão presos dentro da minha cabeça
Minhas esperanças se foram, eu tento alcançar o Paraíso e o Inferno

Meus pecados são muitos, minha culpa é pesada demais
A pressão de saber, de esconder o que eu sei
Sou capaz de ver coisas, coisas que não quero ver
As vidas de milhares de almas pesam sobre mim

Sei que eles clamam por ajuda e tentam me alcançar
O fardo deles irá me levar para baixo também
O pecado de milhares de almas não morreram em vão
Reencarnação minha, viver novamente

Alguém para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno

Alguém para me salvar
Algo para me salvar do meu inferno
Um destino
Fora deste pesadelo

Alguém para me salvar
Algo para me salvar de mim mesmo
Para trazer salvação
Para exorcisar esse inferno

Gostou? Não? Dei sua opinião.

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