MÉDIUM JOÃO DE DEUS É ACUSADO DE ESTUPRO, PEDOFILIA
E FALSAS CURAS
Recentemente,
mulheres têm acusado o médium João Teixeira de Farias, mais conhecido por João
de Deus, por estupro. No grupo de vítimas também se encontram crianças e
adolescentes. Os relatos das vítimas são revoltante, pois o médium se
aproveitava de pessoas que estavam alí em busca de curar suas doenças, como o
caso de uma senhora com câncer, de cadeira de rodas, que não foi poupada pelo
médium.
Segundo
os relatos, os assédios vem ocorrendo desde a década de 1980, como podemos ver
pelo relato de uma das testemunhas ouvida pelo programa Fantástico, da Rede
Globo, que não quis se identificar: “Ele pediu para eu colocar a mão para trás
e eu senti uma coisa estranha e comecei a chorar e disse: ‘O que é isso?’. Ele
falou: ‘É o que vai te curar’. Aí, ele veio na minha frente e fez o que fez
comigo. Tudo o que você pode imaginar”. Este relato é de alguém que na época
estava com 11 anos de idade, e que hoje tem 41 anos.
Em
outro relato, uma das vítimas conta que após o médium ter ejaculado em sua boca
sem seu consentimento, ele, a fim de se desvencilhar do crime, afirmou que se
tratava de ectoplasma - suposta substância com que as entidades se
materializam.
João
de Deus possui um centro espírita chamado Casa Dom Inácio de Loyola, localizado
na cidade de Abadiânia (GO), para onde, todo mês, cerca de 22 mil pessoas vão
em busca de cura para suas enfermidades. Grande parte de seus frequentadores
são estrangeiros, que, sem esperança de cura pela medicina tradicional,
recorrem a seu poder de cura. João de Deus cobra somas elevadas, e mesmo assim,
a fila à espera por uma oportunidade de algum contato com o famoso médium nunca
é pequena.
O
médium já relatou ao jornal Correio Braziliense que faz checape todo ano em
hospitais convencionais. E que já se internou às pressas em um dos melhores e
mais caros hospitais do Brasil, o Sírio Libanês, em São Paulo, em agosto de
2015, para extrair um tumor maligno, e metade do estômago, comandada por Raul
Citait, um respeitado e competente médico brasileiro.
Quando
perguntado sobre o porquê de ter recorrido a medicina tradicional para sua
cura, João de Deus respondeu com uma pergunta: “O barbeiro corta o próprio
cabelo?”.
O
curioso é que, o fato de recorrer a medicina tradicional não estimulou dúvidas
quanto a seus poderes de cura, não abalando a fé da grande maioria de seus
seguidores nos seus poderes de cura por meio de suas cirurgias espirituais, em
que o médium utiliza facas e tesouras, sem cuidados com assepsia, introduzindo
em narinas, fazendo raspagens de olhos, ou provocando cortes superficiais como
processo de cura, em cujas operações, João de Deus teria o corpo possuído e
dirigido por espíritos de pessoas já falecidas, entre os quais estaria Rei
Salomão e o espanhol Inácio de Loyola - curiosamente, durante a incorporação
destas entidades, João de Deus continua falando português.
Quem
visita o centro de Abadiânia fica impressionado ao assistir as chamadas
cirurgias espirituais realizadas pelo médium, por não causar dor nem grandes
sangramentos em seus pacientes, mas isto tem uma explicação:
“um
cirurgião comentou que as mesmas eram superficiais e não seria esperado nem que
sangrassem muito nem mesmo que causassem muita dor inicial. O mesmo é verdade
ao se raspar o branco do olho ou ao inserir algo na cavidade nasal. Médicos
afiliados com a Skeptical Inquirer exprimiram opiniões semelhantes. O
procedimento nasal pode ocasionalmente deixar o nariz sangrando, mas os
próprios mecanismos curadores do corpo irão sem dúvida reparar a pequena
ferida. O balanço final concernente aos procedimentos é que são pseudocirurgias
que não possuem nenhum benefício médico além do conhecido efeito placebo”.
Quanto
as supostas curas, estas podem ser vistas como efeito de diversos fatores, tais
como: erro de diagnóstico dado por médicos convencionais aqueles que o
procuram, “remissão espontânea, condições psicossomáticas, tratamento médico
anterior, o próprio poder curador do corpo, e outros efeitos”.
O
caso do estrangeiro Matthew Ireland, que procurou João de Deus para curar um
tumor cerebral que crescia rápido e, segundo a medicina tradicional, era
inoperável, é um bom exemplo do que foi dito.
Depois
de dois anos de tratamentos à base de radiação e quimioterapia, Ireland fez
três visitas a João de Deus. Um exame posterior mostrou que o tumor havia
diminuído pela metade, mas não tinha sido eliminado como o espírito que havia
guiado seu tratamento espiritual por meio do médium, afirmou. Contudo, o médico
de Ireland atribui a melhora não a cirurgia espiritual mas ao tratamento com
radiação feito pelo doente, e admite ainda ser possível que o tipo de tumor
específico seu possa ter sido diagnosticado erroneamente.
Mas
o que chama mais atenção em todo este caso é que se João de Deus é um falso
médium que usa a religião espírita para tirar vantagens tanto financeira quanto
sexuais de quem o procura, onde estão os chamados “espíritos de luz”, que
segundo a doutrina espírita estão ligados profundamente a verdade e que foi por
meio destes que as verdades espíritas foi comunicada aos vivos? Por que estes
não se manifestam delatando aqueles que tiram proveito e que deturpam e sujam o
que foi ensinado por estes?
Este
caso, no mínimo, surge como forte indício de que não só o mundo espiritual pode
ser uma grande mentira, como também que é perigoso acreditar em fenômenos
espirituais, que podem ser usado por pessoas que abusam da credulidade dos
outros, aproveitando-se para tirar vantagens, seja poder, dinheiro ou prazer
sexual.
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