sábado, 15 de dezembro de 2018

O MISTÉRIO DA JOVEM ACHADA MORTA COM ENIGMÁTICO SORRISO


O MISTÉRIO DA JOVEM ACHADA MORTA COM ENIGMÁTICO SORRISO
É século XIX. E como os jornais da época ainda não usam fotografias em suas páginas, muitos franceses gostam de incluir em seus passeios o necrotério da cidade para ver corpos expostos, que aguardam serem identificados, por meio de uma grande janela de vidro, propiciando aos leitores matar a curiosidade sobre os casos de assassinatos que tiveram suas histórias contadas nas páginas policiais.


Necrotério de Paris, Século XIX
No ano de 1880, um corpo encontrado boiando no Rio Sena chama bastante atenção dos cidadãos de Paris. Trata-se do corpo de uma bela jovem, de aproximadamente 16 anos, que ostenta um belo sorriso embora esteja morta. O corpo não possui nenhum ferimento ou machucado, parecia que apenas dormia, fato que a fazia se destacar em meio a outros cadáveres, que, como ela, eram expostos na janela do necrotério. E como a Paris do século XIX fora pródiga de suicídio, com centenas de homens e mulheres que se despediam da vida pulando nas frias águas do Sena. Logo se sugeriu suicídio por afogamento. Contudo, todos se perguntavam: “Mas por que aquele sorriso!”; sorriso que se manteve vivo mesmo durante a agonia de um afogamento, e que parecia ter vencido a própria morte!



A desconhecida, que passou a ser chamada pelos franceses de L'Inconnue de la Seine (A Desconhecida do Rio Sena), permaneceu durante dias exposta na sala refrigerada do necrotério, aguardando que alguém a identificasse. Contudo, apesar da grande fila de pessoas que se acotovelavam para vê-la, todos os dias, ninguém a identificou até hoje. E como o corpo apodrecia, foi enterrado sem identificação.

Porém, a beleza do cadáver e seu belo e enigmático sorriso, cativou tanto um jovem médico, responsável pelo necrotério que, não querendo que seu belo sorriso se perdesse para sempre, registrou-o por meio de uma máscara mortuária. E por alguma razão desconhecida, tal máscara passou a ser copiada por fábricas da época, e compradas por pessoas de toda a Europa, nas mais diferentes formas, como mórbidos enfeites de casa.



A beleza da jovem morta tornou-se tão popular que passou a inspirar escritores e poetas, e a inspirar adolescentes da época como o ideal de beleza feminina. E, por fim, alcançou o máximo de popularidade ao ser tomado como o rosto do primeiro boneco usado no treinamento de respiração boca a boca, da década de 1960.



Tudo começou durante a década de 1950 quando o americano Peter Safar, um especialista em ressuscitação por meio da respiração boca a boca, pretendendo popularizar sua técnica, precisou de um meio de demonstrar sua técnica. A princípio ele pensou em usar um cadáver para que outros praticassem, mas logo viu que isto não seria uma boa ideia, pois o contato entre bocas entre alguém vivo e um cadáver seria um grande desestímulo. Então foi encomendado ao fabricante de brinquedo norueguês, Armund Laerdal, que fabricasse um objeto com traços bem humanos para que as técnica de respiração boca a boca fosse ensinada. Armund Laerdal acreditando que a figura de um homem iria desestimular homens a encostar seus lábios na boca de um boneco com características masculinas, decidiu a favor de um boneco com traços femininos. Armund então se lembrou da famosa figura da “Desconhecida do Rio Sena” e usou sua feição para o primeiro boneco que seria usado no ensinamento das técnicas de respiração boca a boca.


Boneca Usada em Treinamento de Respiração Boca a Boca, 
Inspirada na "Desconhecida do Rio Sena"

Quem diria que a forma dos lábios de uma desconhecida suicida por afogamento seria tão beijado e acariciado, ao prevenir mortes por afogamento! Mas o mistério ainda continuava: Por que aquele sorriso em um momento tão terrível da vida? Teria sido o último ato de alguém sucumbido por um amor desprezado, que encontrou na morte seu último refúgio? E por que o sorriso não se desfez com a morte? Ou seria apenas um fenômeno comum à morte, chamado RICTUS, contração dos músculos faciais dando à face do morto o aspeto de um sorriso? Mas todos que haviam visto seu belo sorriso diziam que parecia ser tão espontâneo e incrivelmente vivo!

Mas teria sido tudo verdade?

Segundo o experiente Pascal Jacquin, da Brigada Fluvial de Paris, responsável por centenas de resgates de pessoas afogadas no rio Sena, examinando o misterioso sorriso estampado em uma das milhares de reprodução do rosto da jovem morta, disse:
"É surpreendente ver um rosto tão pacífico. Todos que encontramos na água, os afogados e os que cometeram suicídio, nunca parecem em paz. Eles estão inchados, não têm uma boa aparência".
Junte-se a esta, a opinião de outra pessoa experiente, dessa vez em modelagem, Michel Lorenzi, que afirma:
"Não me parece o rosto de uma pessoa morta. É muito difícil manter um sorriso enquanto um molde está sendo feito, então eu acho que ela era uma profissional, uma modelo muito boa".
Apesar de ser uma bela história, misteriosa e cativante, por falta de evidências de sua veracidade e por contrariar a experiência de experientes profissionais, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que tudo não tenha passado de uma bela lenda, criada em uma Paris romântica do final do século XIX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário