LORDS OF CHAOS, O FILME
O
filme Lords of Chaos foi baseado no livro de mesmo nome, cuja história foca nos
acontecimentos ocorridos durante a primeira metade da década de 90, na Noruega, causado por um
grupo de jovens músicos das bandas MAYHEM, BURZUM e EMPEROR, pertencentes ao estilo de música extrema, o black metal; música de sonoridade sombria, estridente, com letras
satânicas e violentas, cantadas por um vocal gutural, que incorpora a sonoridade
do inferno, cujos músicos ostentam pinturas faciais simulando cadáveres,
chamada de corpse paint.
O
filme conta fatos bastante conhecidos dos apreciadores da música black metal e muito comentados em sites dedicados ao gênero musical.
O
vocalista Dead (morto em inglês) é um tipo esquisito, depressivo, que gosta de sentir o cheiro pútrido de um pássaro morto em um saco de plástico antes dos
shows; tem também o hábito de enterrar suas roupas para desenterrá-las
sujas e fétidas para usá-las nos dias de shows, com a intenção de se sentir
como um verdadeiro morto e dar seus grunhidos satânicos no palco; até que um dia toma
coragem corta os pulsos e o pescoço com uma faca, aponta uma espingarda para a
própria cabeça, sem esquecer de deixar o irônico recado escrito em um pedaço de
papel: “Desculpa pela sujeira do sangue”, e estoura os miolos; temos também
Euronymous, guitarrista da banda, um verdadeiro psicopata, que ao ver o corpo
de Dead com a cabeça estourada e o cérebro fora do crânio, prefere sair e
comprar uma máquina fotográfica para registrar o ocorrido e guardar como
lembrancinha antes de chamar a polícia; temos ainda a cultuada figura de Varg
Vikernes que, por rixas pessoais, assassina Euronymous com dezenas de facadas,
finalizando a contenda com uma última facada em seu crânio.
O
filme, ao contrário dos filmes que ostentam a batida expressão: “Baseado em fatos
reais” --- mas que nunca se baseiam totalmente, usando-a para chamar atenção
para si ---, merece elogio por sua honestidade, por trazer já em seu cartaz a frase
“Baseado em verdades e mentiras”, o que demonstra que não será fiel aos
acontecimentos ocorridos nas frias terras da Noruega, durante a década de 90, e
incorporando elementos novos que não havia, como uma namorada para Euronymous, para o qual havia a suspeita de ter sido um homossexual.
O
filme foi dirigido por alguém que viveu a época, e que fez parte de uma famosa
banda de black metal sueco, o BATHORY, estamos falando de Jonas Akerlund, que
já dirigiu clipes de famosos, como Madonna e Lady Gaga, e o recente filme Polar.
O
filme aproveita os elementos de horror e terror já presentes no próprio
acontecimento fazendo-o um meio termo entre o suspense e o terror.
Como
seria de esperar de um filme que visa lucro para seus produtores,
Lords of Chaos não foca nas ideias por trás das atitudes de suas personagens,
que motivaram a queima de igrejas, passa por alto em tais questões focando
apenas nos estranhos e bizarros acontecimentos que ocorreram, não que tais
ideias justificariam a queima de igrejas e intolerância, mas nos levaria a
compreender melhor o que motivou tal ato em um país como a Noruega, que ainda
possui muito da cultura pagã, e que em grande parte foi levado à força a
aceitar a religião cristã, e em que crianças conhecem e ainda participam da
cultura anterior a cristã.
O
filme é irônico ao mostrar jovens capazes de atos tão extremos, que cultuam o
ódio, a agressividade, chegando ao ponto do assassinato, mas que ainda são
sustentados pelos pais.
O
filme também não retrata de modo fiel a personalidade de seus personagens. Varg
Vikernes é concebido no início do filme como um sujeito inseguro de suas
ideias, que encontra em Euronymous uma inspiração, passando a imitá-lo, e
exagerando suas ideias. Na verdade, Varg, embora possua originalmente um nome
de batismo cristão, Kristian, renegado mais tarde por ele, desde cedo foi bem
consciente do valor da cultura pagã de seu país.
Nesse
ponto, o filme erra, e erra feio. O filme muda bruscamente a personalidade de
suas personagens visando apenas sensibilizar o telespectador com as cenas. Não
apenas Varg é mostrado como um sujeito inseguro de suas ideias, sendo zoado
pelos demais, e acaba no final como um experiente e frio assassino --- destaco aqui a hilária cena em que enquanto Varg esfaqueia Euronymous, ele para para
preparar um achocolatado, e após tomar calmamente todo o conteúdo do copo,
volta novamente a esfaqueá-lo; isto é de um sensacionalismo que poucas vezes
visto em filmes. O personagem de Euronymous, ao contrário do personagem de Varg
Vikernes, começa o filme como um aprendiz de assassino, que estimula nos outros
o assassinato e a violência, e termina o filme cortando o cabelo, carinhoso com
a namorada, arrependido por suas atitudes passadas, pedindo desculpas ao Varg,
e por isso, causando no telespectador pena pelo assassinato do novo rapaz
bonzinho, que morre durante uma das cenas mais longas de assassinatos a facadas
da história do cinema.
Assista o Filme Clicando no Link: Lord of Chaos.
Assista o Filme Clicando no Link: Lord of Chaos.
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