LORDS OF CHAOS (Resenha por Felipe Costa)
A
Cena Da Noruega tem uma forte importância na história do Metal. De lá que
surgiram as bandas mais extremas do mundo, por sinal o Black Metal é forte e se
trata de uma cultura do país. Estilo pagão e extremo, executado com vocais
rasgados, riffs doentios, bateria com blast beat ou cadenciada; letras que
abordam Satanismo ou ocultismo. Metal Extremo como de costume!
No
final da década de 80 surgiu um grupo chamado Mayhem, que inovou o gênero Black
Metal e consolidou essa roupagem mais extrema da coisa; influenciados pelo
Venom, Celtic Frost, Blasphemy, Bathory e Sarcófago no Brasil. Nome tirado de
Mayhem With Mercy, do Venom. Garotos com sangue nos olhos e atitudes profanas
ensaiavam, faziam shows e lançaram várias pérolas importantes do Black Metal
como o EP Deathcrush e o épico De Misterys Dom Sathanas: uma obra prima super
ovacionada! Falo de Euronymous e Dead, os líderes da banda, cabeças de uma
geração, os comandantes do movimento Black Metal no país!
Quando
de repente surge o longa-metragem Lords Of Chaos em 2019, um filme que trata a
tragétória do Mayhem e do Burzum (projeto de Varg Vikernes que chegou a fazer
parte do Mayhem). Vamos a uma análise própria do que achei:
*O
Protagonista Euronymous se juntou com o Dead (frontman), formou o Mayhem e
revolucionaram a música extrema. Vamos falar um pouco de Dead e no qual o filme
retrata: Dead era um cara depressivo, com sérios problemas psicológicos, sempre
pensava em se matar e odiava os animais, inclusive gatos (parte do filme que eu
odiei) porém tinha uma atitude incrível, se comportava muito bem no palco, era
dono de um grande talento. Lords Of Chaos no início aborda sua vida até o dia
de sua morte, no qual decidiu tirar sua própria vida cortando seus braços com
uma faca e dando um tiro de espingarda na cabeça; não concordei com tamanha
tragédia, pra mim ele deveria continuar que tinha futuro no Black Metal, um
ícone que deixou um puta legado, tanto é que Euronymous ficou aflito pela sua
morte daí tirou uma foto do cadáver de Dead com a cabeça estourada; inclusive a
foto virou capa de um disco split do Mayhem com o Darkthrone (Horda Norueguesa
influenciada pelo Mayhem). Euronymous selava o contrato com o resto dos
integrantes de sua horda através de um cordão. Todos ficaram tristes com a
morte proposital de Dead, afinal ele era amigo de todos.
Mesmo assim seguiram em frente com o Mayhem,
até que um dia o Euronymous montou uma loja de discos e criou o seu próprio
selo. Eis que conheceu Varg, um certo músico norueguês que se interessou pelo
Mayhem, ele tinha um projeto chamado Burzum, no qual montou tudo sozinho. Foi
engraçado como conheceu Euronymous: Varg tinha um colete com um patch do
Scorpions, Euronymous chamou a banda de poser e zoou o menino Varg, no qual
mais tarde jogou o patch no lixo e procurou O Mayhem mais uma vez, até se
juntar com eles e ser convidado pra fazer parte. Varg era zoado pelos demais,
até um estranho acontecimento de estar numa mesa com os integrantes e falar mal
do lendário Morbid Angel, os caras caíram na gargalhada. O Varg é visto como
louco no mundo todo, principalmente pelos Bangers, uns odeiam e outros o
idolatram, porém eu mesmo não sabia que ele era um garoto bobalhão alvo de
tremendas zoações!
Sexo,
Birita e Metal era o estilo de vida dos meninos loucos do Mayhem, por sinal Sarcófago
era trilha sonora de alguns momentos do filme; agradeço a produção por
colocarem o metal nacional nas telas. Isso pra mim não tem preço.
A carreira dessa importante banda repleta de
controvérsias se consolidou em muitos fatos pesados. Varg e Euronymous chegaram
a ser unha & carne, até que uma brilhante idéia surgiu (da parte de Varg),
formar um grupo chamado Inner Circle e incendiar as igrejas da Noruega, pelo
motivo em que o cristianismo feria a cultura ancestral do país, inclusive o
paganismo - satanismo que tanto prezavam. E no fim deu certo: Varg incendiou
várias igrejas sem deixar muitas pistas, tirou uma foto de um templo queimado e
foi capa de um disco do Burzum! A polícia não tinha provas, daí liberaram o
Varg que era tido como o principal suspeito, os noticiários eram repletos dos
acontecimentos, chocou a população da Noruega!
Depois
de vários fatos chocantes como a morte de Dead, a queima das congregações e
alguns acontecimentos engraçados; vem a parte final no qual Euronymous corta o
cabelo, fica com sua namorada, daí Varg desconfia de uma armação, no qual
planeja tirar a vida dele. Varg Vikernes chega de noite na casa do músico e
companheiro de banda, pergunta o que se passa, não pensa 2 vezes e difere mais
de 15 facadas em Euronymous, a facada final foi na cabeça! Daí foi preso pela
polícia e chocou o mundo inteiro. Ainda preso ele gravou alguns discos do
Burzum em sua cela (Mas isso o Lords OF Chaos não mostra). Mesmo com a
tragédia, o Mayhem e o Burzum continuaram suas carreiras: fazendo shows e
gravando vários álbuns que pra mim são épicos. Finda-se a tragetória de
Euronymous na horda!
Algumas
considerações do filme: - Como logo no início aparece a frase: "Baseado em
verdades e mentiras." Na minha humilde opinião o longa-metragem é totalmente
fiel a carreira dos músicos, pelo menos 90%. A única parte que achei exagero
foi a de Euronymous ter uma namorada, sendo que pelos músicos próximos
(inclusive Varg) isso nunca aconteceu, todos sabiam que ele era gay, mas nunca
foi confirmado.
Eu
acho que Varg não era um cara abobalhado e alvo de chacotas, pra mim ele tem
personalidade forte e é muito seguro em suas opiniões, dotado de um grande
talento. Ele também simpatiza com idéias nazistas, tanto é que numa parte do
filme mostra o seu quarto com bandeira da suástica e alguns artefatos do
nacional-socialismo, será esse um dos motivos pra tanta loucura de Varg???
O
Termo True foi inventado pelo próprio Mayhem, logo que no logotipo oficial da
horda tá escrito "The True Mayhem" no qual quer dizer verdadeiro em
português. Na minha visão a nomenclatura "True" ficou muito
banalizada pelo cenário Headbanger e muitos distorceram e costumaram a chamar
de True aquele cara radicalzão e que odeia vertentes fora do Metal. Acabam por
chamar de Tr00. Pra mim os Trues são os músicos de Black Metal e fãs do gênero.
Não os radicais ou "mente fechada" como são chamados por alguns,
acredito que um pouco de pesquisa não faz mal a ninguém!
Euronymous
e sua gangue criaram um estilo, deram uma nova roupagem mais agressiva pro
Black Metal, diferente da First Wave dos anos 80 que eu e vocês leitores
conhecem! Daí surgiram várias lendas seguindo a mesma sonoridade inaugurada
pelo Mayhem como Gorgoroth, Nargaroth, Marduk, Dark Funeral, Darkthrone (que eu
já citei), Dimmu Borgir, Immortal, Enslaved, 1349 e por aí vai!
Conclusão:
Se o Metal não te faz bater cabeça, lógico que o gênero não é pra você. Pois o
filme é indicado somente para Metalheads, é um filme pesado, explícito e
violento. Quem não simpatiza com metal e não conhece a história dessa magnífica
horda vai taxar roqueiro de tudo o que não presta, vão tacar pedra no
movimento, mas no final das contas pegam a pipoca e assistem O Exorcista em
casa.
Talvez
esse seja um dos motivos de não sair nos cinemas. Eu queria que fosse como
Bohemian Rhapsody que foi uma loucura, recorde de bilheteria e todos conferimos
o filme do Queen em primeira mão; porém Lords Of Chaos tem um público seletivo,
é pra quem conhece. Mesmo assim me sinto satisfeito em me prender na tela do
meu notebook por quase 2 horas e me deliciar com fatos violentos e
escandalizadores. Eu bati palma pro filme no final!
Obrigado
ao diretor Jonas Åkerlund; que fez parte do Bathory e nos presenteou com uma
grande obra de arte! Se a vibe não fosse tão Underground, poderíamos ver o
filme ganhando alguns oscars, com cenas de morte explícitas. Eu cheguei a
pensar que foi até Snuff.
Lords
Of Chaos: Vale á pena conferir. Indico aos conhecedores, Fãs de Black Metal,
Metalheads e simpatizantes. Mesmo que o som ou a temática do Mayhem/Burzum não
lhe agrade, assista esse filme, irá se surpreender.
Você Poderá Gostar de Ler Também: A Morte de Euronymous: uma História Sobre Rock, Satanismo e Homofobia.
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