6 EXPERIMENTOS MONSTRUOSOS QUE TORNARAM POSSÍVEL
TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS HUMANOS
Hoje,
transplantes de coração, rins, fígado, em seres humanos já se tornaram
corriqueiro. E mesmo os modernos transplantes de membros e faces de pessoas
mortas em pacientes que, devido a acidente ou doença, tiveram partes de seus
corpos destruídas, tendem, segundo especialistas, a se tornarem comuns em um
futuro próximo. Porém, se hoje transplantes de coração se tornaram banais, nem
sempre foi assim. Muito se deve a pioneiros da medicina que criaram
experiências tão horripilantes dignas das proezas do Doctor Frankenstein, o
célebre personagem criado pela escritora Mary Shelley, que deu vida ao primeiro
“cientista maluco” da literatura e filmes de terror, que, com suas
experiências, pretendia trazer à vida corpos humanos mortos.
Luigi
Galvani
É
interessante verificar que bem antes da criação literária do famoso
Doctor Frankenstein e de seus experimentos macabros de ressuscitação de
mortos, tal tentativa já era realizada na prática por um cientista italiano,
que certamente inspirou a criação do famoso personagem de Mary Shelley. Tratava-se de Luigi Galvani (1737 - 1798), que durante suas experiências com
eletricidade, descobriu casualmente que ao tocar as pernas de uma rã morta com
um objeto eletrificado, esta movimentava as mesmas como se estivesse viva. Galvani
levou um grande susto ao presenciar pela primeira vez tal fenômeno, ao mesmo
tempo que ficou maravilhado, pois viu nisso um possível caminho para
ressuscitar mortos, se perguntando também se o mesmo aconteceria a corpos
humanos mortos.
Não demorou para que Luigi Galvani experimentasse a
eletricidade em corpos humanos de prisioneiros condenados à morte. E qual não
foi seu espanto quando viu que cadáveres humanos mexiam braços, pernas,
expressões faciais, quando seus músculos eram eletrificados. Galvani viu que,
se reviver cadáveres era possível, isto estava ligado a eletricidade. Porém,
diferentemente do Doctor Frankenstein, com o tempo, Luigi Galvani descobriu que
tudo que conseguia era apenas movimentos descontrolados e sem vida de músculos
humanos eletrificados. No entanto, nos anos seguintes, as experiências de
Galvani originaram bizarros espetáculos proporcionados por pessoas que buscavam
ganhar dinheiro demonstrando para público pagantes os tenebrosos efeitos da
eletricidade em cadáveres de animais ou de pessoas.
Emerich
Ullman
Pode-se
dizer que o primeiro órgão a ser transplantado foi o rim de um cão, que foi
tirado de seu corpo e implantado no pescoço do mesmo. Proesa realizada por
Emerich Ullman (1861 - 1937), em 1902, e que, como veremos mais abaixo,
inauguraria experimentos muito mais monstruosos em cães, nos anos vindouros.
Mathieu
Jaboulay
Embora
hoje órgãos de pessoas falecidas seja mais comumente usados em transplantes, é
curioso notar que órgãos de animais foram os primeiros a ser vistos como forma
de substituir órgãos doentes de pacientes. O primeiro cientista a pôr em
prática esta possibilidade, que hoje ainda nos parece descabida, imagine no
longínquo ano de 1906, foi Mathieu Jaboulay (1860 - 1913) que transplantou rins
de cabra e porco em seres humano, infelizmente, sem o menor sucesso.
Sergei
Brukhonenko
Outro
cientista que praticando experiências horripilantes, descobriria informações
importantes para que hoje transplante de órgãos humanos fossem possíveis,
atendia pelo nome de Sergei Brukhonenko (1890 - 1960), um russo que aprendeu a
manter vivos partes de animais separados de seus corpos.
Em
1928, diante de uma audiência de cientistas no Terceiro Congresso de
Fisiologistas da antiga União Soviética, Brukhonenko apresentou uma cabeça
decepada de um cão que se mantinha viva por meio de um aparelho por ele
inventado que a mantinha irrigada pela circulação sanguínea. A cabeça respondia
piscando e mexendo as orelhas às batidas de um martelo sobre a mesa onde ela se
encontrava. Além de abrir os olhos, farejar, a cabeça chegou a engolir um
pequeno pedaço de queijo que saiu por sua garganta decepada, deixando o público
espantado.
Brukhonenko,
no entanto, não conseguia mantê-las vivas por mais de algumas horas.
Yurii
Voronoy
Em
1933, Yurii Voronoy (1895 - 1961) foi o primeiro a transplantar o rim de um
homem morto, há seis horas, em uma paciente de 26 anos, que foi implantado na
coxa da paciente, que veio, infelizmente, a falecer em 48 horas.
Vladimir
Demikhov
Em
1954, outro russo assustaria o mundo com bizarros procedimentos médicos em
animais. Vladimir Demikhov (1916 - 1998) apresentou a jornalistas a bizarra
imagem de um cão com duas cabeças que se debatiam para beberem um prato com
leite e se encolhiam quando o leite vazava pelo tubo esofágico da cabeça do cão
menor.
Ele
havia enxertado a cabeça, ombros e pernas frontais de um filhote no pescoço de
um pastor alemão, criando a bizarra criatura.
As
duas cabeças dividiam sensações em comum. Quando dava vontade numa cabeça de
tomar leite, a mesma vontade aparecia na outra cabeça, quando ficava quente, as
duas cabeças ofegavam, assim como uma cabeça ao bocejar levava a outra a
bocejar também.
Em
alguns momentos a cabeça do cão mais velho ficava incomodado com a outra cabeça
e sacudia o corpo na tentativa de tentar se livrar da mesma, enquanto que a
cabeça do cão mais novo mordia a orelha da outra em represália.
A
primeira monstruosa criação de Demikhov de um cão com duas cabeças, durou
apenas 6 dias. Ao longo de 15 anos, ele criaria cerca de 19 novas
monstruosidades. A maior duração de vida de uma de suas criações durou um mês.
Demikhov argumentava que algo em seu procedimento fazia com que seus cães não
vivessem mais. Ele desconhecia o que hoje é conhecido como rejeição de tecidos,
que faz com que o corpo rejeite partes de corpos estranhos. Hoje, transplantes
de órgãos humanos só são possíveis porque foram descobertos meios de minimizar
a rejeição.
Por
fim, devemos ter em mente que embora nos pareça bizarra e até maldosas, tais
experiências descritas aqui, estas foram fundamentais para a criação de métodos
capazes de proporcionar o transplante de órgãos em pacientes humanos.
Possibilitando que, em 1967, o cirurgião sul-africano Christian Barnard
realizasse com sucesso o primeiro transplante de coração humano.
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