domingo, 16 de junho de 2019

A LOIRA FANTASMA DA CIDADE DE BREVES

A LOIRA FANTASMA DA CIDADE DE BREVES
Após sair do serviço, às 10 horas da noite, Teófilo vinha embora para casa de sua namorada, no município de Breves, cidade da ilha de Marajó. Como nesse tempo ainda não havia luz elétrica no município, Teófilo vinha iluminando o caminho com uma lanterna à pilha em uma mão e na outra carregava uma sombrinha, sob a chuva que caia. Foi quando uma mulher desconhecida compartilhou do mesmo caminho, aproveitando a claridade de sua lanterna. Teófilo achou bom, pois não percorreria sozinho o caminho deserto entre seu trabalho e a casa da namorada. Ele disse a ela: “venha para baixo da sobrinha”. Os dois caminhavam se desviando das poças de lama que haviam se formado devido a chuva que caia. Se distraiam conversando sobre o descaso da prefeitura e de como era tão ruim caminhar sem uma fonte de luz. De repente, ela parou e disse: “É aqui que eu moro”. Agradeceu a companhia. E o barulho do portão, que ela havia acabado de fechar, o fez então suspender a sobrinha, e enfrentar os pingos de chuva para olhar. Teófilo viu então, assustado, que a moça tinha entrado no cemitério da cidade, e havia desaparecido. Ele deixou a sobrinha para trás, assustado, atravessando correndo o campo de futebol que ficava mais a frente, chegando gritando a casa da namorada.



O cemitério referido acima é o Cemitério Santa Rita que ficava no meio da mata, chegava-se lá por meio de um caminho chamado de Passagem da Saudade. Teófilo havia presenciado uma visagem que vinha assombrando a cidade de Breves durante a década de 1980, e que já havia sido vista por alguns moradores da cidade, que a chamavam de a Loira do Cemitério --- “trata-se de uma adaptação local de uma lenda muito comum em vários lugares do Brasil”. A visagem, curiosamente, era descrita como uma mulher bonita que se encantava por algum rapaz. A pesquisadora Dione do Socorro de Souza, que coletou relatos de moradores de Breves sobre a suposta assombração, relata que durante as décadas de 1970 a 1980, marcou o crescimento do número de boates e danceterias no município. O que parece ter gerado também um número maior dos relatos de aparições da Loira do cemitério. Escreve ela: “Pelos relatos a loira esperava os rapazes na frente desses locais e os conduzia ao cemitério. Somente pela manhã se davam conta que tinham passado a noite com uma visagem. A história provocava pavor aos moradores, principalmente nas crianças. Vez por outra surgiam burburinhos das supostas aparições da loira pelos quatro cantos da cidade.”

*Dione do Socorro de Souza: Cosmologias da Encantaria do Marajó-Pa. 

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