quinta-feira, 11 de julho de 2013

"50 TONS DE CINZA" E O MUNDO REAL DOS SADOMASOQUISTAS

  

No famoso romance "50 Tons de Cinza", da britânica E. L. James, a personagem Anastasia Steele, uma ingênua virgem de 21 anos - fato tão incomum em nosso mundo dominado pela informação e internet e que parece mesmo não refletir um adolescente de 15 anos em nossos dias - estudante de literatura, é levada ao mundo do sadomasoquismo pelo misterioso multimilionário Christian Grey. Ele, após envolvê-la sexualmente, lhe propõe uma espécie de jogo sexual, em que Anastasia se mostrará totalmente submissa aos seus desejos e caprichos, por meio de um acordo redigido em papel e propenso as penalidades da lei, caso for quebrado.

O que talvez muitos dos milhares de leitores deste romance água com açúcar não saiba é que, o tal contrato, que no livro é um elemento importante de excitação, e que tem estimulado as fantasias sexuais de centenas de milhares de mamães pelo mundo afora, não é tão original como possa parecer e que se a personagem Anastasia fosse uma boa estudante de literatura saberia que Christian Grey, não passaria de uma cópia sádica e mal feita, construída nos moldes das modernas sociedades capitalista ocidentais, de um escritor austríaco de nome Leopold Von Sacher-Masoch.

LEOPOLD VON SACHER-MASOCH

Leopold Von Sacher-Masoch (1836 - 1895) no longínquo ano de 1869, então com 33 anos, conheceu Fanny de Pistor Bogdanoff, bela mulher, nobre como ele, e que acima de tudo o amava. Masoch lhe propõe um pacto redigido como contrato: durante seis meses ele será seu criado. Ela poderá fazer com ele o que bem entender. A única ressalva é que permita que ele continue a escrever seus romances durante três horas por dia.

O prazer de Masoch é obtido à custa do sofrimento. Fanny estranha a proposta, mas, por amor, aceita. O casal vai para a Itália em Nápoles para não serem reconhecidos, já que moravam na Áustria. Masoch vestia e comportava-se como um criado polonês, que acompanhava a princesa. Ambos adotam práticas sexuais pautadas pelo sofrimento físico (chicotadas e tapas no rosto) e moral (tratamento como escravo, ofensas e xingamentos).


MASOCH E SUA AMADA FANNY

O próprio Sacher-Masoch nos conta como seu fetiche por peles, dor e humilhação começou:
Quando criança apaixonou-se por uma tia. E quando estava escondido em meio aos casacos de pele no armário do quarto desta, a viu manter relação sexual com um homem. E ao ser descoberto, foi espancado por ela. Isso, de alguma forma, fez com que ele associasse prazer, excitação sexual e casacos de peles com submissão, humilhação e dor, pelo resto de sua vida.

Seu relacionamento conturbado com Fanny e também seus fetiches seria mais tarde transportado para um de seus romances: A Vênus das Peles.

Na história o personagem principal, que na realidade é o próprio Masoch, cujo nome ficcional é Severin, propõe um contrato para o personagem que representa Fanny, com o nome de Wanda, que prevê explicitamente o papel de cada um, ele, diferentemente de Christian Grey, no de escravo e ela como tirana, além da exigência de que ela deveria cobrir-se de peles ao açoitá-lo. Mas como podemos ver, vai entrar em cena o ciúme, já que a personagem Wanda tem liberdade para flertar com outros homens, quase que é obrigada a isso, já que no contrato ela dever humilhá-lo, castigá-lo, torná-lo um animal ou objeto e não consta sexo, desta forma, ela tenderá a buscar um homem para essa finalidade, mesmo amando-o, criando uma reflexão sobre esse tipo de relacionamento, os limites do amor e a pequena linha que separam o senhor do escravo.

Por fim seu nome originou o termo masoquismo; mas isso é uma outra história...

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