sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O HOMEM DE MOLETOM PRETO



O HOMEM DE MOLETOM PRETO
— POSSO SABER por que estás vestido com roupas para frio nesse imenso calor? — perguntou a comissária de bordo, desconfiada, ao ver o homem vestindo roupas suspeitas, após ter sido revistado, antes de entrar no avião.
— Sofro de uma mutação. Tenho 30 porcento a mais de cérebro que uma pessoa comum.
— E o que isso tem haver com suas roupas?
— Preciso de mais sangue para irrigar meu cérebro. Em consequência, tenho cinco graus de temperatura a menos do que alguém comum.
— Cinco graus a menos... E isso lhe traz algum problema?
— Na verdade só me traz benefícios.
— Como o quê?
— Ative a calculadora de seu celular; escolha um número, e verás.
— Qualquer número?
— Sim, qualquer número, com quantos dígitos quiseres.
— Está bem... então que tal 33333?
— Agora veja sua raiz quadrada.
— Bem, sua raiz quadrada é 18...
— Aproximadamente 182, 573272961... Confere? — disse o homem imediatamente.
— Sim, sim, confere — confirmou a mulher sem o menor entusiasmo. — Então 30 porcento a mais de cérebro lhe dá este poder matemático?
— Na verdade não, pude ver o resultado ao ler sua mente.
— Muito interessante... — comentou ironicamente. — Bem, pode ir, mas antes me diga: você pode apenas ler minha mente?
— Posso também prever seu futuro — disse o homem ao recolher todos os seus pertences e botá-los no bolso.
— Lendo minhas mãos, suponho — comentou a mulher com um leve sorriso irônico nos lábios.
O homem de moletom preto deu um leve sorriso antes de dizer:
— Sei também que adorarás minha cama redonda hoje à noite... Ah, e não esqueça de pôr gelo em seu dedo do pé direito daqui a pouco — gritou o sujeito antes de entrar no avião.
A comissária riu, balançando a cabeça, por alguns instantes, da cantada tão diferente, enquanto repetia para si mesma “poder de prever o futuro é uma ova, apenas um truque barato!”, antes que, ao fechar a porta do avião, fosse golpeada em cheio em seu dedo do pé direito pela porta.  

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