quinta-feira, 18 de agosto de 2016

ELIPHAS LÉVY E AS ORIGENS DO BAPHOMET


ELIPHAS LÉVY E AS ORIGENS DO BAPHOMET
Poucos são os elementos da magia que saíram do obscuro mundo do ocultismo para tornar-se tão popular quanto a imagem do Baphomet, tendo sido estampado como tatuagens, em CD’s de bandas de Rock, ou se tornando lenda urbana através do misterioso mito do bode da maçonaria.


Mas podemos afirmar que o Baphomet, este deus metade bode metade homem, foi tão cultuado e popular no passado quanto hoje? Para responder a esta pergunta, teremos que revisitar uma outrora poderosa ordem cristã: os Templários.
OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS
Após a Primeira Cruzada - luta religiosa travada por exércitos cristãos, com o objetivo de proteger devotos cristãos dos muçulmanos em sua viajem a Jerusalém, e expulsar estes da “terra santa” -, em 1119, surge os Templários, ordem religiosa cristã, composta por soldados cristãos. Com o tempo, devido ao forte comércio da região, ao envio de dinheiro para a região ou a fartas doações de riquezas por reis e pessoas agradecidas por seus serviços, a ordem dos Templários se tornou aos poucos bastante rica e poderosa.



O que passou a despertar interesse de reis. Um desses reis foi o rei francês Felipe IV (o belo), que no séc. XIV vivia uma disputa política e econômica com o papa Bonifácio VIII, que culminou com a prisão do papa pelos partidários de Felipe. E com o papado sob suas mãos, Felipe IV ambicionou tomar toda a riqueza da ordem mais rica da cristandade.


Para tanto Felipe IV deu força a boatos que diziam que a ordem havia se corrompido, através de comportamentos homossexuais (embasado no símbolo da Ordem, que é dois soldados montando o mesmo cavalo) e que estes passaram a cultuar uma estranha criatura demoníaca. A denúncia de Felipe IV foi levada em consideração, e estando o papado sob seu poder, em 1307, sob a conivência do papa, o rei francês persegue os mais importantes membros templários, prendendo-os e, por fim, mandando-os à morte, por heresia. E em 1312, é formalizada o fim da ordem dos Cavaleiros Templários, e o confisco de sua riqueza, confiscada em grande parte pelo rei francês.


Assim como as demais denúncias contra os templários, a denúncia que eles haviam substituído o culto de Cristo por uma estranha criatura era muito vaga. Em geral, falavam apenas que se tratava de uma “cabeça barbuda”. (Especula-se que fosse alguma relíquia, como a cabeça de algum santo conservada; ato tão comum naqueles tempos. E que mais tarde foi associado o nome Baphomet a esta criatura).



Porém, os perseguidores cristãos logo fizeram uma boa mistura das imagens de deuses pagãos para compor melhor o que seria essa coisa. E, ao longo do tempo, muitas tem sido as tentativas feitas para recriar a imagem de como seria o suposto demônio cultuado pelos templários. Até que surgiu a mais popular de todas elas, feita por um certo mago francês, chamado de Eliphas Lévy, usada em seu livro “A Doutrina da Alta Magia”, de 1855; a que conhecemos hoje.

Eliphas Lévy
Assim, de modo geral, podemos dizer que o Baphomet, como uma recriação da suposta “cabeça barbuda”, cultuada pelos templários, nunca fora uma entidade cultuada no passado, e sim uma figura criada pelo ocultista francês Eliphas lévy, baseado nas imagens de deuses pagãos, como Pan e Cernunnus, deuses metade homem metade bode, característica que para povos antigos representavam fertilidade e a comunhão com as forças benéficas da natureza.

Eliphas Lévy em Seu Leito de Morte

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