domingo, 12 de fevereiro de 2012

ELEGIA À ÚLTIMA ROSA (de Marlon Vilhena)


A última rosa morreu. Não mais água, não mais adubos, não mais amores. Dela sobeja um broto de saudades a reclamar, murcho, por vida.
A última rosa morreu: um raio de luz que veio e passou pela única fresta da porta dos fundos. Cansou da espera pelo paraíso e pelo perdão dos homens. Fechou os olhos, baixou as pétalas. Ouviu a brisa, respondeu amém. Espinhos tortos. Mão nenhuma para sangrar. Sem lágrimas nem salvação. Morreu última, cálida, soberana. Passam nuvens, passa o sol, vem a lua, volta o sol. Morreu a rosa só. Só. Palavra imensa de morte a reclamar, mínima, por vida.

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