Nas profundezas da Amazônia, onde o verde exuberante esconde segredos milenares, há uma lenda que ecoa entre as árvores como um suspiro noturno. É a história temida pelos ribeirinhos e respeitada por aqueles que entendem a delicada dança entre o mundo natural e o sobrenatural. Esta é a lenda de "A Sombra da Lua".
Conta-se que, em noites de lua cheia, quando os reflexos prateados iluminam os rios serpenteantes, a Sombra da Lua emerge das profundezas da floresta. Uma entidade antiga, meio humana, meio espírito, que vagueia pelas trilhas invisíveis, envolta em um manto de penumbra.
Dizem que a Sombra da Lua é a guardiã dos segredos da floresta, uma entidade que escolhe os incautos como vítimas de suas artimanhas. A lenda remonta a tempos imemoriais, quando os povos indígenas e os colonizadores compartilhavam histórias de encontros aterrorizantes com essa figura misteriosa.
Em uma pequena aldeia ribeirinha, localizada às margens de um rio sinuoso, viveu um pescador chamado Mateus. Curioso e destemido, Mateus desdenhava as advertências dos mais velhos sobre a Sombra da Lua. Uma noite, a lua cheia brilhava intensamente no céu, e Mateus, impelido por uma mistura de bravura e ignorância, decidiu pescar nas águas calmas do rio.
Enquanto lançava sua rede, a Sombra da Lua emergiu das sombras, uma figura etérea e escura que se movia silenciosamente. Seus olhos, mais profundos que a noite, encontraram os de Mateus. Uma sensação gélida percorreu a espinha do pescador, mas ele permaneceu imóvel, hipnotizado pela presença sobrenatural.
A Sombra da Lua sussurrou palavras antigas, um idioma que ressoava como o murmúrio da brisa entre as árvores. Mateus sentiu uma presença invisível envolvê-lo, uma força que sugava sua energia vital. O pescador, debilitado e assustado, caiu de joelhos, implorando por misericórdia.
A Sombra da Lua, satisfeita com sua colheita de medo, desapareceu nas sombras, deixando Mateus sozinho na noite. A partir daquele dia, o pescador nunca mais foi o mesmo. Seus olhos perderam o brilho, e sua alma parecia vagar entre o mundo dos vivos e dos mortos.
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