segunda-feira, 3 de abril de 2017

A LENDA DA MOÇA DO TÁXI (por Walcyr Monteiro)


A LENDA DA MOÇA DO TÁXI (por Walcyr Monteiro)
Cerca de 22 horas. Raimundo dirigia pela Av. Independência em direção ao Largo de Nazaré (praça Just Chermont). Quase chegando a travessa 14 de Março, uma jovem fez o sinal para o táxi, Raimundo parou.
— Por favor, deixe-me na Av. José Bonifácio de frente ao cemitério de Santa Isabel.
O motorista seguiu para o endereço dado. Ao chegar, a moça falou:
— Estou sem dinheiro trocado, mas senhor faça favor de cobrar amanhã, nesse endereço.
Entregou um pedaço de papel a Raimundo, no qual estava escrito seu nome e seu endereço, fale com meu pai. Meio contrariado, o motorista segurou o papel que lhe era oferecido.
— Mas logo hoje, que a renda esta fraca. Pensou!
O taxista, meio aborrecido, pergunta:
— Mas afinal, onde a senhora quer ficar?
— Depois lhe direi. Não se aborreça comigo, por favor. O senhor cobrará depois o quanto quiser. No momento não vou a lugar nenhum. Estou apenas passeando. Sabe? Hoje é meu aniversário, e meu pai, todos os anos me dá de presente uma volta de táxi pela cidade. Ele pagará quanto o senhor pedir.
Afinal tudo é possível, pensou o motorista acompanhando a turista em sua própria cidade fazendo ele mesmo turismo forçado. Olhava toda cidade.
Era como se só saísse uma vez durante o ano. Ela relata as modificações nos vários bairros de Belém. Depois de tê-lo percorrido, pediu para ser deixada no cemitério de Santa Isabel.
— Pode deixa-me aqui — disse a moça. Agora vou andar um pouco a pé. Muito obrigado pro tudo, principalmente pela sua paciência.
— Muito bem moça — disse o motorista. — Feliz aniversário. Mas... e a corrida?
— Ah! sim, desculpe, ia esquecendo. Cobre com meu pai neste endereço diga-lhe que é meu presente de aniversário, muito obrigada de novo. Até logo.



Raimundo ou Walter, ou Augusto ou José ou qualquer que seja o motorista, conta sempre a mesma história para a cobrança da corrida. Isto tanto faz no caso de deixarem a moça a noite no cemitério de Santa Isabel.
No dia seguinte, pela manhã o motorista foi ao endereço dado pela moça.
— Bom dia! mora aqui o senhor fulano?
— Bom dia! sim, mora, o que deseja?
— Vim cobrar uma corrida de táxi da filha dele.
— Mas ele não tem filha, ou melhor nós não temos filha porque sou a esposa dele.
— Não é possível!
— Ora não tenho porque lhe mentir...
— Mas ontem uma moça assim, assim, correu toda a cidade em meu carro e me mandou cobrar aqui, dizendo ser sua filha e que o passeio era presente de aniversário.
A senhora ficou assustada.
— Olhe já lhe disse que não temos filhas...
Nesse momento, pela porta entre aberta, o motorista nota o retrato de uma moça e, apontando-o diz:
— A moça é aquela ali!
A senhora começa a chorar.
— Não é possível... aquela moça era nossa filha... Mas ela já morreu a tanto tempo... e, realmente, o pai costumava li dar de presente uma volta de táxi pela cidade.
O motorista começa a ficar nervoso já não lhe interessa a cobrança da corrida. Só quer esclarecer se a moça que pegou o táxi estava viva ou não. O caso é solucionado pela chegada do pai, que afirma a morte da moça. Levou o motorista ao cemitério, e lá mostrou o túmulo onde o motorista ver um retrato igual ao que havia na casa.
Está história, que é das mais divulgadas em Belém, tem diversas versões. Em relação a cobrança da corrida: os pais da moça só estranharam a primeira vez que caso passou; dai em diante, quando qualquer motorista que vai cobrar a conta eles pagam tranquilamente, apenas fazendo referência ao fato de que a moça já morreu e solicitam orações pela sua paz.
Sobre a reação do motorista uma versão conta que ele encarou o fato com naturalidade; segundo outra; foi cometido de forte crise nervosa, sendo necessário o seu internamento em hospital, após o que teve alta, saindo perfeitamente recuperado; segundo uma terceira, morreu no hospital Juliano Moreira, completamente louco. Os informantes desta história foram diversos motoristas de táxis e mais o senhor Walter de Souza Moreira.



BIOGRAFIA: 4ª Edição do livro Visagens e Assombrações de Belém. Escrito por: Walcyr Monteiro.


SOBRE JOSEPHINA CONTE
Nasceu: 19 de abril de 1915. Faleceu: Em 1931 aos 16 anos.
Josephina gostava muito dos bailes de salão e do carnaval Paraense. Certo dia, a moça amanheceu bastante fraca, preocupando toda família. Seu pai, trouxe médicos do exterior, porém, sua morte foi inevitável. A sua morte é um grande mistério, radiografia indicava que nos seus pulmões havia objetos pontiagudos, parecidos com alfinetes.
Reza a lenda que Josephina aparecerá de novo no dia 19 de abril, às 22hs, de 2017. Nota-se que está de vestido com um broche em forma de um carro.



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