sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

CONVERSANDO COM UM SERIAL KILLER: TED BUNDY (RESENHA)


CONVERSANDO COM UM SERIAL KILLER: TED BUNDY (RESENHA)
Ted Bundy foi o modelo clássico de Serial Killer de que temos hoje. Se especializou em matar mulheres, com suas vítimas entre 18 e 21 anos; escolhia mulheres com o mesmo penteado e parecidas; era extremamente inteligente, bem falante, bonito, estudioso, e usava a imagem de um pacato estudante universitário para esconder suas maldades. Quanto a esta, foi completo. Fingia estar com o braço quebrado para atrair alguma garota atraente para lhe ajudar a pôr livros dentro de seu carro; e aproveitando que a moça estivesse dentro do carro,  a deixava inconsciente, e a levava a algum lugar para estuprá-la e matá-la. Ted Bundy tinha o hábito de visitar os cadáveres de suas vítimas para maquiá-las e manter relações sexuais novamente, durante dias em seguida.



Ted Bundy e os Objetos Usados na Caça a suas Vítimas

Se Jack, o estripador foi o modelo para a criação do assassino serial na literatura, Ted Bundy, com sua história de vida, personalidade e modus operandi, serviu de modelo para psicólogos forenses criarem o conceito de Serial Killer. Vale lembrar que na época que Bundy assassinava suas vítimas o conceito de Serial Killer não existia ainda, nem era padrão a criação de perfis psicológicos de assassinos. Aliás, assassinos serial era uma novidade nos anos de 1970, como podemos ver através do documentário Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, lançado pela Netflix, ironicamente, no dia 24 de janeiro, dia que Ted Bundy foi executado na cadeira elétrica, em 1989.


O documentário, baseado no livro Conversations With a Killer: Ted Bundy, de Stephen Michaud e Hugh Aynesworth, como mostra seu título, conta a história do assassino de mulheres Ted Bundy: seus assassinatos, seus sentimentos (ou a falta destes), sua infância e juventude, e de como foi capaz de fugir duas vezes, após ter sido preso, da polícia -- a segunda fuga de forma espetacular, por meio de um buraco no teto de sua cela, chegando ao apartamento do carcereiro, trocando de roupa e saindo pela porta da frente do presídio (coisa de filme, hein?). 

Ted Bundy aproveitou os dias que esteve em fuga para fazer novas vítimas, entrando em uma república de estudantes, estuprando e matando duas estudantes a pauladas e ferindo gravemente outras duas enquanto dormiam, e ainda matando na mesma noite uma terceira garota em um quarteirão vizinho após invadir sua casa. O documentário mostra também o quanto a polícia dos Estados Unidos estava despreparada para lidar com casos semelhantes, não havendo intercâmbio entre policiais dos diferentes estados americanos, nem experiência para lidar com assassinatos serial, sem o exame moderno de DNA para relacionar os assassinatos entre si.


Algumas das Vítimas de Ted Bundy

Conversando com um Serial Killer tem como base gravações de áudio inéditas de entrevistas que Ted Bundy deu ao jornalista Stephen Michaud, em 1980, quando estava no corredor da morte, do Presídio Estadual da Flórida, tendo também entrevistas com amigos de infância ou de faculdade de Bundy, além de policiais que participaram do caso, tudo ilustrado por fotos e vídeos de programas de Tv da época, que documentavam seus crimes e a repercussão destes.

O jornalista Stephen Michaud nos conta que foi muito difícil para ele romper com o narcisismo de Ted Bundy, que durante as primeiras semanas queria apenas falar sobre si próprio, se esquivando de falar sobre seus crimes, até que teve uma ideia genial: ele pediu a Bundy para que analisasse psicologicamente alguém que fosse capaz de cometer crimes semelhantes aos seus. Pronto. Logo estava Ted Bundy falando de si em terceira pessoa.


Bundy e uma das Poucas Mulheres que Escaparam Viva de sua Violência

Ted Bundy passou então a contar a história de sua escalada de maldade, sempre falando de si na terceira pessoa, chamando a si próprio de “a entidade”.

Tudo começou com seu grande interesse por pornografia, que encontrava em locadoras de vídeo e revistas. Depois passou a associar mulheres nuas à violência.
A sensação cresceu até que ele passou a ouvir uma voz e fazer tudo que a ‘entidade’ mandava”, comentou Stephen Michaud.
“Chegava a um ponto em que a raiva, a frustração, a ansiedade, a baixa autoestima, a sensação de ser traído, injustiçado, inseguro, o fizeram decidir que mulheres jovens e atraentes seriam suas vítimas”, contou o próprio Ted Bundy.
Contou também como foi o assassinato de sua primeira vítima:
Em uma noite, ele estava em uma rua escura e viu uma garota andando sozinha. Ele estacionou o carro e correu atrás dela, ela o viu, se virou e ele brandiu a faca, a segurou pelo braço e mandou que ela fizesse o que ele queria. Ele segurou o pescoço dela com as mãos só para deixá-la inconsciente para que parasse de gritar. Quando a necessidade dessa condição maligna havia sido suprida pelo sexo, ele percebeu que não conseguia deixar a garota livre. Então, matar, de certa forma, se tornará um meio de destruir as provas. Mas o ato de matar se torna um fim”.
Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy é dividido em 4 partes, cada parte com aproximadamente 56 minutos de duração. 

Para quem sente prazer em conhecer o lado obscuro da mente humana, vale muito apena assisti-lo, certamente irá se deleitar com o documentário, que é bastante detalhista, sem ser sensacionalista, e que dá uma boa ideia de quem foi Theodore Robert Cowell (nome real de Ted Bundy), sua faceta humana, além de sua mente extremamente perversa, que após matar tanta mulheres, morreu na cadeira elétrica, ironicamente, acionada por uma mulher.




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