sexta-feira, 5 de junho de 2020

CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO


CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO
Algumas histórias macabras se originam de algum acontecimento trágico. A história que vamos contar possui esse elemento e aconteceu nos anos 1960, com uma jovem bailarina austríaca que morreu e foi esquartejada em São Paulo. O mais curioso e perverso é que ela foi cortada em pedacinhos e teve sua carne distribuída em baldes e malas.

O crime lembra o famoso  Jack, o Estripador, assassino que nunca foi realmente identificado. Mas esse psicopata é brasileiro, e bem conhecido. Tem um nome e uma senha recebida depois do primeiro assassinato: Chico Picadinho.

Francisco da Costa Rocha nasceu em Vila Velha, no Espírito Santo, em 1942. Filho de uma prostituta, não teve uma vida fácil. Nasceu em um bordel, sofreu abusos sexuais e assistiu, lamentavelmente, aos maus tratos sofridos por sua mãe. Era comum ela sofrer agressões verbais e até, por outra vez, apanhar clientes. Na infância, Chico matava gatos para alimentação, mas com um certo prazer sádico e requerimentos de crueldades, cortava ou bichanos em pedacinhos.

Expulso de casa, depois de brigas com sua mãe, o menino Francisco cresceu em um ambiente hostil, comprando malandragem e inteligência para lidar e convencer pessoas, o que é muito comum na maioria das psicopatas. Na adolescência, Francisco disse ter sofrido com a mãe e com os abusos que sofria na infância, e começou a sentir coisas estranhas e graves. O que era considerado como “apenas um menino de fantasia que lia muito”, já que aos 13 anos já havia lido todos os livros do escritor russo Dostoiévski. Seu preferido era Crime e Castigo, que contêm um histórico de assassinatos em busca de redução e ressurreição espiritual.

Chico viveu uma juventude promíscua, tinha claramente compulsão sexual e, como era persuasivo, relacionava-se intimamente com muitas prostitutas, mas também com ditos “homens de bem”. Teve muitos parceiros, em noites regadas a bebidas e drogas. E tudo acontece em um pequeno apartamento na rua Aurora, na Boca do Lixo da boemia paulistana. Ele divide o local com um médico, que também usa o imóvel para encontros furtivos.


Até que, em 1966, Chico, com 24 anos, conheceu uma bailarina austríaca Margareth Suída, que vive no Brasil há pouco tempo ... e é o personagem fantasmagórico de nossa história. Encontro que despertou uma fúria macabra de Francisco e culminou numa explosão de ódio e loucura.

Um jovem bailarina e Francisco se conhecem em um dos bares da rua Aurora, em uma noite de garoa, típica da cidade de São Paulo. O rapaz charmoso e sedutor fez de tudo para conquistar uma moça que se mostrou tão envolvente, talvez pressionando algo. A jovem bebe como se fosse o último dia de sua vida, e era…

Por volta das três da manhã, o casal deixou a barra na direção do prédio e o futuro assassino de morava. Eles estavam totalmente embriagados. Riam e falavam alto, chamando a atenção das pessoas que restabelecem a rua que precisam de hora de madrugada. Dentro de um apartamento, que era para ser uma noite de amor, terminou em tragédia: Francisco, bastante entorpecido pela bebida, não conseguiu manter relações com a bailarina que, mais bêbada ainda, inicia um zombar dele, levantando dúvidas sobre a masculinidade do parceiro sexual . Naquele momento veio para a cabeça transtornada de Chico, como um pesadelo, tudo o que ocorreu com sua mãe, e os abusos sexuais foram cometidos quando era criança. Em um momento de fúria, ele é sufocado com as mãos, terminando de aplicar o cinto.


Ele diria depois de ter perdido a consciência durante o momento do assassinato. Depois, para se livrar do corpo, ocorreu o ato de mais bárbaro. Ele cortou uma mulher minuciosamente em picadinho e distribuiu os pedaços em baldes e malas, para se livrar do corpo. Demore 3 a 4 horas até lembrar a vítima e colocá-la dentro de uma sacola, pois sabia quem era o amigo com quem dividia o apartamento que estava para chegar.

O disfarce não foi suficiente e, denunciado pelo médico, teve que fugir. Com repercussão do caso nos jornais da época, Chico Picadinho é o logotipo encontrado na casa de outro conhecido, vai preso, e é condenado a 18 anos de prisão.

Mesmo preso, se casa com uma amiga, tem uma filha e depois de 10 anos sai da prisão, liberado por bom comportamento. Então, troca de parceria, outro filho, e leva uma vida normal, trabalhando para sustentar a família. No entanto, pouco tempo após o segundo casamento, ele deseja a vida pacata e volta para a Boca do Lixo.


Agora a prostituta  Ângela Silva, conhecida como “moça da peruca”, que seria sua segunda vítima. Como as coisas acontecem exatamente como no primeiro assassinato, então, dessa vez, ele esquarteja a vítima com um cuidado muito maior e tenta jogar alguns pedaços no vaso sanitário. Em nova fuga, para o Rio de Janeiro, fica presa em uma praça enquanto lia um jornal que traz a manchete de seus crimes.


Em 1976, o Conselho de Sentença condenou Francisco a 30 anos de prisão por homicídio qualificado, principalmente devido a grande repercussão do caso na imprensa e na opinião pública, que ficou horrorizado com fotos de mulheres esquartejadas nos jornais.

Lá vai mais de 50 anos e a história trágica não é esquecida, principalmente porque diz que, nas noites de garoa, há quem vê o fantasma de Margareth Suída descendo a rua Aurora, andando levemente como se caminhasse em nuvens, com passos de bailarina . Aliás, muitas são as histórias que envolvem uma garota jovem, com forte sotaque, que conhece meninos, seduzem e levam até seu apartamento. Mas não os deixa subir.

Alegando motivos diversos, sempre pede que espere na frente do prédio enquanto ela se prepara. E, quando vai ver, uma mulher não volta, e nunca existe. Assim, o porteiro já está cansado de orientar esses homens: mostra o jornal que relata uma tragédia e a foto da morte, que é sempre a mesma que diz ter terminado de conhecer.

O zelador Roberval dos Santos, de 74 anos, relata: “Perdi a conta de quantos homens já passaram a noite na frente do prédio esperando pela mulher, e com quantas vezes as mesmas consideram sobre o caso macabro. Alguns não acreditam e vão embora me xingando.

Ali, vi tudo aqui, até o mar desmaiar na calçada. Eu já trabalhei no prédio quando aconteceu uma história do Chico Picadinho. Foi um caso muito barra pesada e os jornalistas vinham aqui ou depois de tirar fotos do prédio.

Teve muito mais morador que até mudar. Dizem que moça assassina ainda não está local em que morreu, mas eu nunca vi nada. O apartamento está fechado desde os anos 1980. Tentou alugar, mas ninguém fica, não. E dizem que muitas coisas estranhas acontecem lá dentro.

São ouvidos, choros, gemidos e, para alguns, uma moça morta aparece pelada no chão da sala, todos em picadinhos, pedindo ajuda… ninguém fica, não. Aí, com o tempo, paramos de alugar o imóvel e ele fica fechado. Trouxeram até padre, médiuns, pai de santo, e ninguém deu jeito. Falam que a mulher, no espírito, ainda procura ajuda, por isso traz os rapazes até a porta. ”


Chico Picadinho, hoje com 75 anos, ainda cumpre pena em um manicômio judiciário, na Casa de Custódia de Taubaté. Essa decisão foi tomada após o exame médico em que foi apontada como uma pessoa de personalidade sádica e psicopática. Na cadeia, mostra-se lúcido e passa os dias praticando pintura.

Ele diz não ter sentido culpa em algum momento, porque, como as mulheres que matam e retiram ou recuperam a memória da mãe, quem não perdoa por ter sido submetido, enquanto criança inocente, várias barbaridades. Fala ainda que não acredita nas aparições e listas que envolvem seus crimes e que, ao cometer-los, causam uma influência do romance Crime e Castigo, de Dostoiévski, quem chama Deus.


Publicado em 1866, pelo escritor e jornalista russo Fiódor Dostoiévski, ou pelo livro narra uma história de um crime cometido pelo estudante Ródion Raskólnikov, e suas conseqüências. Assim, para terminar essa história tenebrosa, vale ressaltar uma curiosidade sinistra: o primeiro crime aconteceu cem anos após Dostoiévski ter escrito o livro…

Texto: Dino Menezes (Todos os direitos reservados).
Para conhecer mais sobre o projeto “Quem Acredita em Fantasias” acesse: http://www.facebook.com/praquemacreditaemfantasmas

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